Por um fio

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*GATILHO* CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA E INSINUAÇÕES À ESTUPRO.

Eu quero que você esteja preparado para o que há de vir, se bem que, não sei se de alguma maneira, uma pessoa se sentirá preparada ao ler esse tipo de relato. Pelo menos à mim, não é fácil ler, muito menos, relatar. Se não for o caso, pule para o próximo capítulo, porque talvez, mas só talvez mesmo, você não se recupere dessa tragédia. Eu ainda não me recuperei e há chances de que isso jamais aconteça.

🌵

Depois de ficar em baixo da água por um longo período, retornei à cozinha faminta e com a boca cheia de água pelo meu risoto certa de que precisava voltar à dormir, me restavam menos de quatro horas para descansar e a minha luta diária começaria tudo de novo.

—Será que fiz algo errado? —questionei ao sentir um gosto diferente na comida, que aliás,  não deveria ter, um sabor forte e diria que até meio amargo, completamente incomum em um risoto.

Após comer uma certa quantidade, resolvi deixar de lado chegando à conclusão de que não estava mais com tanta fome como antes. Poderia haver alguma coisa vencida e eu não percebi. Precisava me lembrar de dar uma olhada nessa geladeira quando chegasse do trabalho no dia seguinte, bom, se o sono constante que me perseguia permitisse.

Não é assim Olívia, me repreendi em pensamentos. Você precisa ajudar a Alice cuidar da casa. Estava indo para o quarto quando senti meu estômago se revirar para mais um clássico episódio de vômito.

—Mas que droga!

Resmunguei já farta dessa situação. Decidi que iria me consultar com um médico e pedir uns exames para ver o que estava acontecendo comigo. Por um mísero segundo, uma ideia me passou pela cabeça me fazendo sorrir descontraída e na sequência, me entristecer certa de que isso estava fora de cogitação.

—Você não está grávida Olívia. —comentei comigo mesma lavando minha boca para tirar o gosto ruim. —Isso é impossível.

Era menos de 10% de chances, os médicos alertaram. Seria praticante um milagre, um milagre ao qual estava certa de que não ocorreria, não facilmente pelo menos.

Fui em direção das escadas já sentindo meu corpo amolecer de sono, rápido até de mais devo esclarecer. Senti minha visão pesar, meu corpo ficou mais lento e pesado do que o normal e uma pontada na cabeça se fez presente. O que estava acontecendo?

Ouvi passos descer a escadaria, procurei pelo rosto do indivíduo e em meio a minha visão embaralhada, não pude acreditar. Só poderia ser uma miragem, estava certa. Séria um absurdo!

—Antônio? —me apoiei na parede certa de que havia algo errado, eu não estava conseguindo manter o meu corpo em movimento.

—Você não achou que destruíria a minha vida e ficaria por isso mesmo não é? —ele caminhava em minha direção com passos lentos e um sorriso macabro desenhado em seu rosto oleoso e suado, deveria estar nervoso com o que decidiu fazer em nome de sua vingança.

Além do suor excessivo, pude notar marcas roxas de pancadas por todo o seu rosto e parte do corpo despido de roupas, ele também andava lentamente e arrastava uma das pernas, estou quase certa que era a direita.

—O que você quer? —á cada passo que ele dava em minha direção, me afastava de volta à cozinha completamente em choque e usando a parede como apoio considerando a minha total falta de equilíbrio momentâneo. —Deveria estar preso!

—Você tem razão. Mas eu dei o meu jeitinho. —ele revelou um pacote de comprimidos. —A comida estava boa? Espero que tenha apreciado o ingrediente extra que eu coloquei. Não estragou o gosto né? Me sentiria péssimo com isso!

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora