Um grande engano

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Saí daquele quarto completamente assolada e deprimida, a Ana era praticamente uma criança com seus míseros 15 anos e não merecia passar uma barra dessa. O Noah me seguiu fazendo perguntas, mas eu estava tão sem chão que nem consegui ouvir nada do que ele me dizia, entrei no primeiro banheiro que vi e corri para vomitar em uma das cabines. O pior disso tudo é saber que eu poderia ter feito algo para evitar esse caos, mas não fiz e agora aquela garota teria que lidar com essas lembranças pelo resto de sua vida. Eu disse que não estava pronta para passar por algo parecido novamente, não estava apta à superar mais nada nessa vida.

Talvez fosse o álcool fazendo efeito ou então o salgado que comi mais cedo, mas não estava me sentindo nada bem, tudo parecia girar rápido de mais e senti meu corpo falhar, minha visão escureceu e meus sentidos todos queriam se desligar, mas eu não poderia ceder àquela fraqueza, não ali.

-Olívia? -Era a voz do Noah, droga! Ele era a última pessoa que eu gostaria que me visse naquela situação. -O que está acontecendo? Você está bem?

Senti meu corpo se apoiar nele e ainda com os olhos fechados, apenas fiquei ali tentando me recuperar.

-Eu estou bem. Me desculpe por isso.

-Tudo bem. -ele tirou o meu cabelo do rosto preocupado. -Acho que alguém bebeu de mais essa noite.

-E eu tenho certeza. -ironizei completamente conflita. Abri meus olhos e o vi me olhando em silêncio, parecia bem concentrado ao que observava cautelosamente com um quase-sorriso no rosto. -Por favor, não me olhe assim. Eu estou horrível!

Eu certamente poderia responsabilizar a bebida por isso também.

-Impossível.

Ainda estava vidrado no que via, até que percebeu onde estava se metendo novamente. Como poderia culpá-lo? Eu era quase um caos ambulante perambulando pela vida dele e um problemão desse, era a última coisa que ele precisava.

Tentei me levantar após o clima tenso que se instalou entre nós dois naquele curto espaço, mas só consegui mesmo quando o Noah me ajudou.

-Você pode ir para casa. -noticiei certa de que meu trabalho ali havia apenas começado. -Ainda tenho muito o que fazer aqui.

-Tem certeza que não deveria ver um médico? -ele indagou tomando certa distância. -Você está pálida! Não me parece nada bem.

Me virei ao espelho observando o reflexo deplorável de mim mesma, estava acabada!

-Não foi nada de mais, provavelmente só fiquei assim por causa da bebida. Não deveria ter bebido aquele Rum. -murmurei insatisfeita.

-Eu vou ficar mais um pouco até ter certeza de que está mesmo bem.

Era incrível como qualquer acontecimento acabava por nos unir, sem planejamento algum, simplesmente acontecia.

Eu: *qualquer coisa*
Destino: Vai lá Noah, é com você meu chapa!

🌵

Fiquei ali me recuperando por alguns minutos e então me senti bem para a ação, lavei meu rosto e voltei para o quarto da Ana que resolveu descansar um pouco, ela deveria estar péssima e merecia um descanso antes que tudo começasse. Não demorou muito e chegaram dois policiais e um Conselheiro Tutelar, considerando que ela é de menor, todo o caso deveria seguir a risca das leis de proteção aos menores. A mãe da Ana foi acionada, mas ela não foi informada de todos os detalhes do que estava acontecendo à pedido da filha, apenas certas informações que requeiram sua autorização.

No começo a Ana se negou à fazer o exame de estupro por ser bastante invasivo, mas a médica que estava cuidando dela disse que se preferisse, ela poderia ser dopada e pelo menos assim, ela não se lembraria de mais uma invasão à sua intimidade. Ela ainda não havia acordado do tranquilizante que aplicaram na veia dela quando o Ricardo entrou no quarto. Ele parecia chateado e enfurecido com a situação da sobrinha.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora