Facada final

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— Olívia! — Noah reclamou enquanto era arrastado pelo corredor dos quartos no andar de cima. O repreendi para que falasse um pouco mais baixo, não queria que eles nos ouvissem.

— É sério isso?

— Você viu como ela me olha? Parece que sou o Judas em pessoa! — comentei demonstrando chateação ao se escorar à parede. Agia de forma como se eu precisava disso para sobreviver. — Eu só queria que ela gostasse de mim.

— E você precisa da aprovação dela para quê mesmo? — Noah tentava me convencer de que não precisava ser perfeita para os pais da Alice.

— Eu não vou ficar fingindo por aí que não amo você.

Tais palavras despertou algo em mim que fez meus batimentos cardíacos acelerar em um ritmo dançante.

— O que foi? Eu disse alguma coisa errada?

Em seu rosto era possível ver o espanto, como se temesse ter feito algo errado, mas pelo contrário, eu o amava o suficiente para sentir minhas pernas falharem ao ouvir tais palavras, a velha sensação de ter borboletas em voo no estômago sempre aparecia, como se fosse a primeira vez.

— Você ama?

Noah sorriu passando a mão no meu rosto após colocar uma mecha ruiva do meu cabelo atrás da orelha, me olhava intensamente. O tipo de olhar vibrante que tira o ar mesmo em meio a uma multidão.

— E você tem dúvidas disso?

Aquele olhar apaixonante agora era confuso. Queria muito que o nosso filho ou filha, puxasse aqueles belos olhos que ele tinha.

— Não mesmo, eu só me sinto uma adolescente apaixonada sempre que ouço dizer. — expliquei sentindo uma imensa vontade de chorar já com lágrimas escorrendo pelo meu rosto já rosado pelo fato. — Droga de hormônios da gravidez!

Resmunguei certa de que não era hora para chorar, mesmo que fosse de emoção ou só a elevação de progesterona e estrogênio. Era o clima perfeito para aqueles beijos de novela, até sermos interrompidos por Alice que desfez a empolgação ao nos atrapalhar.

— Desculpa interromper os pombinhos, — ela carregava uma caixa em mãos, o embrulho era fofinho e tinha um imenso laço. — Mas o meu presente chegou e como eu sou emocionada e ansiosa, não consegui esperar nem mais um minuto.

—Alice...— recebi a caixa sentindo as emoções atacarem novamente. — Não combinamos de que os presentes seriam só depois do chá revelação?

— Eu sou a madrinha dessa criança e não iria permitir que outra pessoa desse o primeiro presente, não mesmo! — Alice contestou sua tese. — Só abre logo!

— Será que somos insanos por permitir isso? — Noah debochou sobre a escolha de madrinha do filho. — Devíamos repensar isso.

— Muito engraçado você! — ela o estapeou.
Não poderia ser mais perfeito.

— São os sapatinhos para a saída da maternidade. — Alice noticiou eu olhava o calçado super macio em miniatura na cor branca, e por baixo, havia um tecido dobrado com pompons coloridos nas laterais. — E a manta, combinam com a roupinha, mas essa vocês só verão no dia da festa é claro.

— Eu amei, Alice. — A abracei sentindo um nó se emboscar em minha garganta, estava muito sensível essa noite.

— Esse bebezinho não poderia ter outra madrinha melhor. — Noah comentou com uma carinha de choro, mesmo tentando não demonstrar.

— Que a Emily não te ouça! — brinquei considerando a competição das duas pelo título de madrinha.

— Ela é a tia de verdade, já está de bom tamanho! — a madrinha em questão alfinetou mesmo sua concorrente não estando presente.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora