Visita surpresa

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Já era quase noite e considerando que não consegui segurar nada no estômago, decidi cozinhar algo para passar o tempo até a Alice chegar, o que aliás, já estava demorando. Sempre gostei de cozinhar e aprendi desde mais nova com a minha mãe, "Uma mulher precisa cozinhar e cozinhar bem. Não exatamente para um marido, mas para ela mesma" dizia ela, no entanto, desde que tudo aconteceu, não voltei mais à cozinha e já fazia alguns dias que eu só comia comida comprada ou pizza, eu amo pizza! Fiquei tão distraída com os últimos preparativos do jantar que nem percebi a chegada da Alice.

—Parece que eu cheguei em uma hora boa!
—Ah quem é vivo sempre aparece!
—O que, você está falando isso para mim? —debochou provando da salada. —Quem foi que passou a noite fora?
—Podemos evitar esse assunto? Aliás, por que me deixou beber daquele tanto?
—Você estava precisando de um bom porre! —pausa para pegar mais salada. —Nossa, isso está muito bom, o que é?
—Salada Caprese com um bom Ravióli ao sugo.

Eu não tinha certeza que um porre seria a solução dos meus problemas, considerando que acordei de manhã nua ao lado de um completo e bonito estranho.

Detalhe: Bonito. 

—Hum, cardápio francês! Finalmente uma comida decente nessa casa! —Alice comemorou. —Vou tomar um banho e já volto para a gente jantar.

Sim, a Alice é daquelas que vive de industrializados e porcarias. Ela saiu cantarolando e fui colocar a mesa, queria que tudo fosse perfeito no primeiro jantar na casa nova, eu merecia sentir que estava recomeçando. Precisava disso.

Ouvi a campainha tocar e fui atender, provavelmente era para a Alice mesmo ela não tendo dito nada.

—Você deve ser a Olívia. —a voz descontente dela me deixou intrigada. —A Alice está?
—Ah... Sim, entre. Ela está no banho e já deve descer.
—Não. —a mulher com cara fechada foi direta e grossa. —Irei esperá-la aqui mesmo. Por favor, a avise.
—Talvez ela demore um pouco, não quer mesmo entrar?

Eu não estava sendo totalmente simpática, mas estava tentando mesmo que ela não merecesse por ter sido ríspida.

—Eu estou bem aqui. —sem demonstrar nada além de grosseria, lá mesmo parada na porta ela ficou.

Logicamente eu não iria empurrá-la para dentro,então tentando não dar muito importância me sentei no sofá mesmo achando tudo aquilo muito estranho.

—Demorei? —logo a procurada apareceu eufórica. —Estou faminta.
—Ah, tem alguém querendo falar com você lá na porta.
—Comigo? —considerando sua reação, não estava mesmo esperando ninguém. —Quem é?
—É melhor você ir lá.

Sussurrei tentando ser discreta considerando o eminente mal humor da mulher bruta parada na porta e ao mesmo tempo, morta de curiosidade sobre a mulher antipática.

—Jhen? —surpresa ela se aproximou da mulher de cabelo curto e negro com corte chanel. —Eu não pensei que viesse.

Eu não sabia quem era essa tal de Jhen, mas ao ver ela recuar do beijo que a Alice tentou dá-la, notei que havia algo errado.

—Será que podemos conversar a sós? —a tal Jhen me olhou insinuativa.
—Tudo bem, eu vou dar uma volta por aí. —comentei pegando celular na mesinha de centro e passando por elas na porta, me senti uma intrusa que estava atrapalhando algo ali enquanto me afastava e ouvia o início da discussão.
—Eu não acredito que trouxe essa garota para cá Alice! —Jhen esbravejou ao entrar para a casa. —Pensei que me ouviria.
—Ela é minha amiga e passou por uma situação muito difícil.
—Ta, mas justo você precisa abrigá-la? Ela não tem algum parente ou sei lá, alguém que possa ajudá-la?
—Jhenifer! —Já irritada Alice à repreendeu. —Você está se ouvindo?
—Eu só não concordo com isso cara! Como você acha que eu me sinto?
—Paranóica já que eu não estou entendendo o motivo de você ficar assim.
—Ah qual é Aly! —Jhenifer parou na frente de Alice para um carinho íntimo em seu rosto. Elas se olharam em silêncio por alguns instantes, olhares tristes que sabiam bem onde aquela conversa terminaria e não seria algo bom à nenhuma delas. —Eu disse o que queria, mas ainda sim você preferiu a outra.
—A outra que você diz, —a garota loira de cabelo cacheado e exaltado se afastou daquele toque suave mesmo o desejando novamente mais que tudo. —é só uma amiga que perdeu tudo e precisa recomeçar.
—E o que eu sou para você Alice?! Me responda! —a mulher alta com corpo avantajado e cheio de curvaturas próprias cobrou por respostas.
—Alguém em que eu acostumei a ter e não quero perder. Mas não com essa atitude.
—Não! Você não está falando sério! —sem muito tempo para pensar, Jhenifer apenas se aproximou e a beijou calorosamente sem medo ou receio.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora