Sozinha

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As coisas estavam indo bem e devo deixar claro o quanto fiquei satisfeita com tudo isso. O Charles já não me passava mais pelos meus pensamentos e nada do que ficou no passado.

Noah e eu continuamos nos vendo sempre que possível e sem dar nome ao que tínhamos, estava bom do jeito que estava e não queria estragar tudo com detalhes fúteis. Nos víamos todos os dias depois do trabalho e ficávamos horas na frente de casa conversando e aproveitando a companhia um do outro, se tornou quase um compromisso diário.

No trabalho as coisas se intensificaram depois do caso da Ana, que aliás, não voltou mais à escola. O Ricardo afirmou estar tudo bem e que a garota só queria um tempo de todo aqueles caos, principalmente depois que o Antônio foi preso, e a mãe dela, ainda estava sobre os olhos atentos do Conselho Tutelar da cidade e alguns policiais que investigava a mulher. Depois do que houve com Ana, os outros jovens e adolescentes resolveram se abrir, mesmo tentando não espalhar a notícia por aí, a cidade não é tão grande assim e querendo ou não, os boatos se espalharam e claro, na escola, todos sabiam.

Aquele mal estar sem explicação que me perseguia havia me dado uma pausa, mas infelizmente, os pesadelos não. Uma vez ou outra, sonhava com algo parecido ou que insinuava o que houve com a Ana e isso me tirava o sono. Justamente por isso, eu vivia cansada e com sono quase o tempo todo. Não via a hora de chegar a noite para poder dormir novamente. Às vezes acordava já contando as horas para poder dormir de novo, até parecia a época em que estava fazendo a faculdade!

Eu estava entrando no carro para ir embora quando percebi a Ana se aproximar, ela parecia assustada e olhava por todos os lados como se estivesse fugindo de alguém.

—Ana? Você está bem?

Percebi uma mulher bem bonita à esperando no carro que parou no estacionamento minutos antes, dias depois descobri que era a mulher bonita e jovem do Ricardo.

—Oi, eu precisava te ver.

—O que aconteceu? —me preocupei. —Você está trêmula! Está tudo bem?

Da última vez que a vi naquela situação, coisas bem ruins havia acontecido e temi que dessa vez, não fosse diferente. Mas de algum modo que jamais conseguirei explicar, eu soube no exato momento que à vi, que se tratava do Antônio.

—Não aconteceu nada, eu estou bem. —ela tentou me tranquilizar, mesmo sendo impossível considerando a tremedeira que a garota tentava em vão controlar. —Mas eu precisava te contar uma coisa e eu sinto muito por isso, não queria te envolver nessa confusão! Mas eu achei que ele não fosse fazer isso, quer dizer,  isso não tem nada haver com você e...

De assustada ela passou para uma pessoa histérica e fora de controle, falava tudo às pressas e não conseguia me olhar nos olhos, seus olhos avermelhados demonstrava pavor e as lágrimas escorriam por sua face.

—Hey Ana! Relaxa está bem? —Á chamei atenção para tentar amenizar aquele evidente ataque de pânico que se iniciava. —Fica calma e me diz do que você está falando, tudo bem?

—Eu não posso me acalmar! Não posso! Você não me entende!

—Então me diz o que está acontecendo para te deixar assim? É o Antônio de novo?

—Ele sabe que você me ajudou, —ela me olhou chorando com medo, pude perceber em seus olhos azuis o quanto ela o temia. —e disse que você vai pagar por isso.

Tentei absorver aquela notícia com calma, não poderia perder a calma na frente dela considerando seu estado de pânico, mas tudo ao meus arredores pareceu ficar em câmera lenta, pude sentir minha respiração pesada e meu coração bater mais forte.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora