🏹Vinte e oito- Amores passados

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''Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo''

- Caio Fernando Abreu

A garota estava deitada sobre a cama, imersa em si. Focada na dor que gritava em suas veias, provavelmente. O rei olhou e olhou, e nunca recebia nada em retorno, a dias, nada a fazia desperta. Ele tentou, se desculpou se obrigou a ir todos os dias faze-la volta ao mundo, a lutar, mesmo que contra ele. Ele quis tanto quebra-la e, merda... Como um maldito inferno tinha conseguido. Ele a tirou tudo, e ela não fazia questão alguma de recuperar nada. A uns meses ela estava firme em sua decisão de lutar contra ele, e o fez enfiando uma flecha no braço do rei, errando por pouco o seu coração, e ao vê-la assim agora, o quanto dela se perdeu por causa dele, o desejo de que tivesse acertado o arranca da própria mente. 

De tudo que ele podia imaginar, ridiculamente desejar, nunca, em nenhuma das hipóteses seria isso. Ele foi moldado dessa forma, ainda odiava o pai, mas era submisso a vontade do rei, e pensou que se ela não podia dar-lhe o seu amor pelo menos daria a obediência. A deixou com fome, cede e largada com nada mais que ferro preso aos seus pulsos e tornozelos, ele a fez sofrer tão profundamente quanto poderia. E a pior coisa que fez em meio a tudo isso foi ama-la. Foi ceder a sua loucura, a insanidade que crescia em sua mente com todos os anos largado, sendo indesejado, indigno de amor. 

Ele não tinha esperança em si, não mais, não antes dela. Os meses na floresta, os dias onde eram um, onde se amaram mesmo quando nem mesmo tinham se tocado, ele era só o que ela precisava que fosse e nunca foi tão perfeito. Nunca se sentiu vivo e feliz, imaginou um mundo onde ele e Olivia podiam esta juntos, sendo quem quisessem ser. Mas o jovem rei não tinha escolha quanto quem podia ser, ele tinha um reino pra cuida, tinha que garantir que o reinado dos seus antecessores seria apagado da face do mundo, que a crueldade de Darnassus não seria mais lembrada, não para com o seu povo, ele devia isso aquelas pessoas, por tudo que perderam com os anos. E a única coisa que desejou pra si, a única... 

Já tinha perdido as contas das noites em claro naquele sofá, de quanto sofria a vendo se afunda cada dia mais, nem um palavra, ela não respondia. Nem suas desculpas desesperadas por não ter sabido da sua ascendência ou por tê-la... por tudo que a fez.

Ela naquela noite pelo que parece escolha própria também não se importou falar com ele, o Horan tinha dito que ela havia falado no passeio a floresta mais cedo, e isso abriu um espaço pra algo que o rei tinha medo nos últimos tempos, deu-lhe esperança. De que um traço da sua Oli estava voltando a se acender, e  veio com a tola esperança de que ela pelo menos lhe expulsasse do quarto, lhe dissesse que era sua culpa, que tudo era. Que ele  nunca a mereceu e nem poderia, que falasse, qualquer coisa. Mas ali estava, deitada sobre a cama. 

 —Eu quero dar o tempo que você precisa...— Ele começou.

— Então o dê... Estou cansada...— Ele percebeu, a voz falha,  quase um sussurro, suplicante por algo que ele não sabia, não poderia...—De suas desculpas,  explicações, de...— Ele quase implorou de joelhos pra ela dizer, pra ela xingar, para enfim o culpa por tudo, qualquer coisa, era mais valida que isso... E ele queria poder sentir a perda, queria parar de imaginar como teria sido a descoberta juntos, se seria insensível e desprezível como o pai, ele queria com ela, aprender a ser um bom homem, um bom pai... Isso também lhe foi tirado, não na mesma proporção mais foi... A possibilidade e saber que a culpa tinha sido dele, isso o impedia o consumia, lhe tirava o direito do luto. 

— Me deixe fazer algo, Oli. Qualquer coisa, me deixe te ajuda... Me redimir.—Largado aos pés da cama, com os joelhos sobre o chão o jovem rei  implorou, implorou com os olhos lacrimejando por uma redenção que nem mesmo Olivia podia dá-lo, mas se agarrou ao perdão dela, a chance de ao recebe-lo conseguisse volta a dormir a noite, a olhar nos olhos dela e não desejar a morte. 

Domina-me - Ashes 🏹Onde histórias criam vida. Descubra agora