Ela estava tão linda. Com um sorriso no rosto que fez o jovem Paul sentir-se na obrigação de arrancar mais da bela visão que seus olhos eram gratos de poder observar. Com a mão esquerda no bolso ele segurava o tecido de seda de seu lenço que ela lhe entregou. Queria, mais que tudo, chamá-la para dançar, mas não arriscaria fazê-la sair da festa como antes. Era o suficiente ficar observando-a.
Ele aproximou seu rosto do ouvido dela quando a música começou a atrapalhá-lo de ouvir o som doce da voz da dama.
— Podemos ir para um lugar longe da música? — sussurrou ele.
Ela consentiu, olhando para trás na procura de Juliet, mas não a encontrou. Eles caminharam para longe dos convidados, quando a música mais pareceu sons fracos ofuscados pelo vento, possibilitando que voltassem a conversar:
— Onde está Mary? — perguntou ele.
— Deixei ela na pensão, dormindo com Rita e Dona Ana — Ela colocou os cachos de seu cabelo para trás. — Alegro-me que ela tenha feito uma amizade tão significativa, mesmo sendo mais nova, Rita é adorável.
— Sim, de fato, as duas são crianças inteligentes, é inevitável a formação de uma amizade. Perguntei, pois, ela iria adorar os doces da festa.
— Sim... acho que vou levar alguns para ela — Sorriu, sorrateiramente.
— Ora, furtará os doces da festa? E eu que sou o criminoso que rouba sementes de girassol!
— Então um criminoso ajudará o outro, você chama a atenção da garçonete, enquanto eu, sorrateiramente, roubo os doces.
— Feito! — Ele colocou a mão no queixo. — Mas você terá que me ajudar roubando sementes.
— Feito! — Estendeu a mão para o jovem.
Paul apertou a mão dela, levando-a para perto dos seus lábios e deixando as costas da mão da jovem.
O relinchar do cavalo de uma carruagem atrás da dama fez ela saltar para frente. Aproximando-se ainda mais do corpo de Paul. Com suas mãos presas como garras afiadas na roupa do rapaz, impulsionada pelo susto, seus olhos tremeram para não abrir, mas ela fez, abriu os olhos, encontrando-se com os de Paul, que segurava a sua mão que descansava no peito do rapaz. Ela levantou o rosto, sentindo a respiração dele bater em suas bochechas. Estavam tão próximos, seus olhos despencaram para os lábios dele.
Ele iria beijá-la?
Ela queria que ele o beijasse.
O cavalo relinchou novamente, mais audacioso, roçando o focinho nas costas do vestido da jovem.
Amélia gritou, soltou-se de Paul, correndo para trás do rapaz. Afundou o rosto atrás do ombro do Mentis, que riu incontrolavelmente dos sustos da dama.
— Tens medo de cavalo? — perguntou ele.
— Sim — Ela respondeu, baixinho, fazendo seu nariz roçar no ombro de Paul ao balançar a cabeça confirmando.
Ele riu.
— Não se debocha do medo dos outros — Bateu levemente no ombro dele. — É indelicado.
— Perdão, não quis debochar do seu medo — Caminhou na direção do cavalo. — Sua voz ficou tão doce, fiquei encantado. — disse ele, passando a palma da mão na crina do cavalo. — Ele não vai machucá-la.
— Mas prefiro manter distância — Soltou-se de Paul ao ver que estava ficando perto demais do cavalo marrom.
O cavalo aconchegou-se nas mãos de Paul, parecia um cachorro ao receber um bom carinho.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
RomanceA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...