Eles chegaram logo de manhã. Amélia teve a sensação que acordou o sol com a chegada durante a madrugada. Mary ainda dormia em seu colo. Suspirava fininho, fazendo os mesmo barulhos das bolhas que fazem os peixes. Ela tirou os fios do rosto da irmã mais nova. As duas tiaras estavam enroladas em seu braço, a irmã tirou assim que deitou ao seu colo para dormir. No fim, ela carregou as três tiaras da irmã. Colton não falou nada o caminho inteiro. Amélia não sabia dizer se isso era bom ou ruim, mas o seu noivo nunca foi um homem de muitas palavras. Quando sua mãe apresentou o rapaz para ela, pôde contar nos dedos de uma mão a quantidade de cortejos que ele a direcionou. Colton Collins era um amigo do filho de um grande amigo da sua mãe. Quando o filho desse amigo tentou cortejá-la, mas a jovem não se interessou, sua mãe apresentou-lhe o Collins, um jovem bem-sucedido que havia chegado na cidade para cuidar dos negócios do pai. Foi tão rápido que Amélia nem soube o que dizer quando ele pediu sua mão. Para alegrar sua mãe, que temia deixar a filha na solteirice e para ter condições de cuidar da irmã, ela disse sim. Completou-se um ano do noivado naquela manhã de outono. Todo mês ela pensava que ele se esqueceu de que ela era sua noiva. Ao menos, não a trata como uma.
O mais velho dos Collins saiu da carruagem, sendo recebido pela mãe. Petúnia abraçou forte o filho. Sentindo o frio dos ventos de outono nas bochechas finas do rapaz. Passou a mão nos seus finos cabelos loiros. Três anos que não via o filho. Sua saudade estava maior do que o seu peito podia suportar. Nem ela mesma sabia que guardava tanta saudades.
— Entre. — ela puxou o filho pela escada.
— Quer ajuda, senhorita? — o homem que conduzia a carruagem saltou ao ver que a dama foi deixada para trás.
— Agradeço. — disse ela.
Amélia usou a palma fria da mão para acordar sua irmã. A pequena criança acordou em um pulo para fora da carruagem. Assustada, colocou a mão na cabeça ao sentir falta de suas tiaras. Esbravejou um grito fino e voltou para a carruagem, procurando pelo chão.
— Estão aqui. — Amélia mostrou seu braço com as tiaras.
— Obrigada. — pegou as suas tiaras e colocou na cabeça.
Virou-se para a mansão Mentis. Vendo os enormes enfeites e árvores em formatos de animais.
— Que lindo! — exclamou ela. — Parece um castelo.
— É verdade.
Amélia segurou nos ombros da irmã e começou a andar. A residência Collins era muito bela. Não tinha como negar, mas quase não entrava luz natural na casa. Haviam lâmpadas e lustres por todos os lados, mas as cortinas fechadas e o ar pesado mantinha-se firme pelos cômodos. Os funcionários não sorriam e, de cabeça baixa, olhavam para os pés.
— Bom dia! — Amélia falou com a moça que a ajudou a carregar suas malas.
A moça se assustou, assustando Amélia também. Quando viu que se tratava apenas de uma saudação educada, retribuiu com um sorriso fino e colocou as malas em cima da cama.
— Fique aqui, está bem. — Amélia entregou um dos livros favoritos da irmã, a deixaria lendo enquanto se encontrava com aqueles que seriam seus sogros. Certamente, um dia. Ela só não sabia quando.
Mary segurou o livro com a história da princesa encantada que ela mais amava e afundou-se na cama, colocando o livro em cima do rosto para folhear as páginas. Amélia desceu as escadas um pouco perdida, mas logo se encontrou ao ouvir os gritos de Colton.
— Não vejo necessidade de uma festa. — esbravejou o rapaz pela sala.
— Acredite... — seu pai rodou o líquido de vinho na taça que segurava entre os dedos do indicador e polegar. — Precisamos mudar nossa imagem nesta cidade.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
عاطفيةA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...