Capítulo 35

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A alegria só não foi completa, pois Judite e Gregório não tinham retornado ainda, mas Francis nunca se deu por vencida com os desencontros da vida, apressou-se para escrevê-los, não pedindo para que voltassem, mas como garantia, já que sabia das broncas que levaria de Judite se não tivesse avisado sobre a sua chegada e de Cristopher. Sem sair do lado do irmão ferido, Francis apoiou um livro e um papel de carta no colo, escrevendo para os dois. Enquanto, no canto da sala, Paul contava tudo que havia acontecido para Cristopher, que apertava o queixo com o polegar e o indicador, assentindo com a cabeça sempre que terminava de assimilar mais uma confusão.

Juliet e Amélia tiraram as coisas da cesta, juntos com Rosali e Morgali, prepararam a mesa para comemorar a volta do casal. Quando Amélia olhou para a poltrona que tinha deixado sua irmã, viu o lugar vazio, olhando de um lado para o outro, procurava a pequena Bernot que, por sua vez, aproximava-se de Paul com passos pequenos, tímida, sempre foi ensinada a não atrapalhar a conversa de adultos, mas pensou em fazer uma exceção, pelo excesso em sua preocupação. Arrastando as chinelas no chão, temendo, também, levar uma bronca do homem.

Ao notar a aproximação da Bernot mais nova, Paul levantou devagar a palma da mão para Cristopher, pedindo um tempo para dar atenção aos olhos negros e preocupados que a criança o lançava.

— Tudo bem, Mary? — perguntou.

— Você está bem? — Ela grudou uma mão na outra, esfregando-as como dois piões. — Minha irmã não disse o que aconteceu, mas ela pareceu preocupada. — Paul deslizou os olhos para Amélia, que abaixou rapidamente a cabeça quando seus olhos se encontram, envergonhada.

— Não queria deixá-las preocupadas. — Escorregou da poltrona, agachando-se diante da criança. — Eu estou bem, sim. Obrigado por me visitar.

— Ainda bem! — Sorriu, permitindo que o brilho de seus olhos voltassem. — Pensei que você não ia estar bom para ir ao meu aniversário.

— O seu aniversário está perto?

— Está. — Ela balançou a cabeça, eufórica.

— Eu não faltaria por nada.

— Acho bom, quase ninguém vem. — Cruzou os braços, virando o corpo para o lado.

— Ah, mas com isso você não precisa se preocupar, já consigo contar umas dez pessoas só nesta sala, com Rita e Victória que também não faltariam. Sua festa não ficará vazia, vai estar cheia de gente que gosta de você.

— Acho que a Rita também virá? — Sua alegria voltou ao rosto ao ouvir o nome da amiga que fez.

— Claro que sim.

— Se não estou enganado, o aniversário de Victória passou não faz pouco tempo. — Cristopher soltou a informação ao se lembrar. — Minha mãe não fez nada? Ah, sim! A fábrica. — Passou a palma da mão na boca ao concluir que sua mãe não teve tempo de pôr em prática os planejamentos que fez para o aniversário da filha.

Com o sangue de anfitriã que escorria em suas veias, Morgali não conseguia escutar tudo sem falar nada. Soltou os guardanapos da mesa, correndo para trás do sofá, derramando os olhos na direção de Paul agachado e Mary. Sem esconder a felicidade na ideia que teve, batucando a palma da mão no sofá, seus filhos e sua filha, claro, sabiam que a mãe formulou uma ideia que sabiam que não podiam recusar.

— Tive uma ideia! — anunciou, batendo a palma das mãos uma na outra. — Se Amélia concordar, é claro. — Direcionou a palma da mão na direção da Bernot mais velha. — Adoraria que realizássemos o aniversário da pequena aqui em nossa casa.

O queixo de Amélia despencou, mas Mary foi bem mais rápida, saltou de joelhos no sofá, olhando como um gato pidão para Morgali.

— Verdade? — Balançou os pés que saiam do sofá. — Nós podemos, irmã? — Inclinou a cabeça para usar a tática do olhar pidão para Amélia.

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora