Capítulo 14

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Quando a música parou, seus corpos se separaram, mas os pensamentos não. Amélia respirou ofegante, com os dedos cruzados afundados na saia do vestido. Não podia se permitir a isso novamente, não podia arriscar novamente. Não queria.

Paul observou de longe cada movimento dela. Colocou o polegar no lábio superior, com o olhar baixo ao ver Amélia pegar Mary e sair do salão. Seu coração estava acelerado, ele fechou os olhos e sacudiu a cabeça, tentando fugir desse pensamento que se formava. Pegou a primeira taça que viu passar próxima de si, e engoliu com um só gole o líquido transparente.

— Vá com calma! — Lemont descansou a mão esquerda no ombro do irmão, lançando o olhar para o copo vazio.

— Satisfeito? — Paul segurou a testa, com a testa entre seus dedos.

— Você está? — Lemont olhou para o irmão, que passava a palma da mão na boca para limpar o líquido que ficou em seus lábios.

— O que acha que ganhei com isso?

— A certeza, talvez...

— Que ela me evitará para sempre agora?

— Não seja dramático — Lemont fez as órbitas caminharem embaixo dos olhos. — A certeza do que está sentindo... ou começando a sentir.

Paul suspirou, mas arregalou os olhos ao perceber que fez uma mulher sair às pressas com uma criança durante a noite. Entregou a taça vazia para Lemont, que pegou o vidro desajeitadamente, e correu para fora do salão.

Descendo as escadas, correndo. Avistou de longe Amélia agachada na frente de Mary. O sorriso esboçou-se em sua boca ao ver que ela não estava longe.

— Vamos, querida — pediu ela.

Mas Mary fez bico com os lábios, cruzou os braços e olhou para o lado. Desviando do olhar pidão da irmã mais velha.

— Eu não quero ir — protestou a pequena.

— Já está tarde e amanhã eu trabalho. — Amélia tentou argumentar.

Quando Amélia notou a aproximação de Paul, ela se levantou e pegou na mão da irmã.

— Amélia. — Paul a chamou.

— Vamos voltar, então. — anunciou ela, olhando para Mary.

— E o seu trabalho amanhã? — A menina abaixou o outro braço, olhou para Paul e depois para a irmã. — Podemos ir para casa.

Amélia agradeceu em pensamento, aliviada pela mudança de opinião da irmã.

— O Paul pode nos levar. — continuou a pequena.

— Claro, eu acompanho.

— Não! — A sua voz saiu mais alta do que queria. — Não há necessidade, certamente ele tem coisas mais importantes para fazer na festa.

— Não, não tenho — Ele tentou manter firme seu olhar decidido, não queria deixá-la ir sozinha, e mesmo com os pensamentos irritantes que Lemont conseguiu pôr em sua cabeça, precisava compensar o fato de ter feito ela sair assim da festa.

— Não queremos incomodar — Amélia forçou um sorriso — Podemos ir sozinhas.

— Mas é perigoso. — Mary soltou a mão da irmã e correu para o lado de Paul. — A pensão é longe e fica ao lado da floresta, eu tenho medo.

— Eu posso levá-las. — repetiu Paul, olhando diretamente para Amélia.

Amélia não sabe se consentiu por concordar com a irmã ou se fez aquilo apenas para evitar o olhar de Paul para ela, mas ela abaixou a cabeça e consentiu. Mary caminhou na frente deles, apontando para os vaga-lumes que apareciam nas copas das árvores.

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora