Capítulo 27

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Mary jogou o lençol para o alto, pulando na cama enquanto o tecido caía sobre sua cabeça. Ela rodopiou pelo colchão, usando as perninhas finas para pular.

— Mary! — Amélia puxou o lençol que cobria a menina que estava em pé na cama. — Não pule na cama do Paul, por favor, comporte-se.

— Mas o Paul é legal.

— Ele pode ser legal, mas não precisa pular na cama dele para testar sua paciência — Ela tirou o lençol de cima da menina. Dobrando o tecido em seu colo. — Por favor, desça.

A menina deu mais um rodopio na cama, seu corpo caiu como uma pedra sentada no colchão ao ver Paul parado na porta. Amélia alegrou-se ao ver que a irmã parou, e suspirou, virando-se para colocar o lençol dobrado na cama, deparando-se com Paul encostado na porta, olhando para a pequena Bernot. Amélia recolheu o corpo para trás, com o queixo caído ao ver o rapaz. Perguntou-se há quanto tempo ele estava ali? Se ele viu Mary pulando como uma barata tonta em sua cama? Oh, céus, era agora que nunca mais visitaram os Mentis.

Paul não queria parar a diversão da pequena. Parou na porta para não atrapalhar. Ficou contente em ver que ela já estava recuperada o suficiente para realizar tantas peripécias. Sorriu ao se lembrar que a última criança que pulou em sua cama foi a Francis, que fazia isso para irritá-lo, até que chegou o ponto de que ele não se importou mais e só permitiu que ela pulasse o quanto quisesse. Lemont, por outro lado, sempre foi mais sapeca, quando tentava irritar o irmão, escondia o livro da leitura atual de Paul, o que tornava a casa em um grande esconde-esconde literário.

Ele se culpou quando ela parou de pular e o encarou, assustada.

— Já está melhor? — perguntou ele, aproximando-se da cama.

— Estou, o médico disse que eu tenho uma saúde de ferro — Mary ergueu o braço curvado.

— Não duvido — Balançou para frente e para trás. — Vim aqui porque fui avisado sobre um bolo de chocolate que está esperando a pequena Bernot na mesa da sala.

— Chocolate? — Mary pulou, ficando sentada na cama, tentando alcançar o fim do colchão. — Eu posso comer? — Quando finalmente saltou da cama e olhou para a irmã.

— Claro que pode — afirmou Amélia.

A criança sorriu com os dentes amarelos e correu para fora do quarto, gritando pelo bolo ao descer as escadas. Amélia fechou os olhos, desculpando-se mentalmente por tanto alvoroço causado pela irmã. Mas, ficou contente por vê-la tão enérgica.

— Perdão! — ela lançou sua fala para Paul, que levantou a sobrancelha esquerda sem entender o motivo da desculpa.

— Pelo quê?

Ela levantou a mão sobre o ombro, sinalizando com os dedos os pulos eufóricos da irmã.

— Não precisa se desculpar por isso, não me irritou.

— Não? — Ela apertou o lençol em seu peito.

— Acredite, Amélia, não há muitas coisas que você e sua irmã possa fazer para me irritar.

Amélia sorriu sem jeito e voltou sua atenção aos lençóis, dobrando o último lençol e colocando na cama. Afofando os travesseiros até que notou a falta de um. Olhou de um lado para o outro.

— O que está fazendo? — Paul a seguiu pelo quarto.

— Arrumando seu quarto. Nós deixamos uma completa bagunça — Olhou em cima do sofá, da poltrona, mas não conseguiu achar o travesseiro.

— Não precisa fazer isso, eu posso arrumar depois. Meu quarto já não era o melhor exemplo de arrumação.

— Não, sinto que devo ao menos deixá-lo do jeito que encontramos — Abaixou-se para olhar debaixo da cama, encontrando o travesseiro, puxou ele com força para fora. Levantando-se e sacudindo ele em sua roupa para tirar a poeira.

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora