Capítulo 32

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— Aconteceu tanta coisa estranha, seria o momento certo para você acordar. — comentou. — Eu tenho coisas para falar. Coisas que eu quero falar para você. Então, por favor, acorda, Paul. Eu falei no bilhete para sua mãe, que você já estava acordado e esperando-a. Não se mente para uma mãe — Ela entrelaçou seus dedos nos dele — Eu sei que não tenho o direito de lhe falar tudo agora, após negar suas intenções por tanto tempo, mas...eu espero que entenda, Paul — Sua voz fraquejou, abaixou o olhar. — Eu não quero mais me ferir com promessas cheias de palavras vazias. Você é um amante da literatura, sabe o poder das palavras.

Ele gemeu de dor. Ela se assustou, soltando a mão dele.

— D-droga. — ele abriu os olhos, olhando-a. — Não queria atrapalhar a possível declaração, mas não consegui controlar, estou com o corpo dolorido em partes que nem lembrava que existia.

— Você... Você estava acordado? — Ela se levantou. — Eu estava com o meu coração saltando de preocupação e você estava fingindo?

— Seu coração estava saltando de preocupação? — Seus lábios se abriram em um sorriso. — Não precisa parar, pode continuar o que estava dizendo — Ele se ajeitou na cama, torcendo a boca de dor ao tentar mover a mão direita.

— Não sei do que está falando. Estava imaginando coisas.

— Ah, não faça isso, me sentirei culpado por atrapalhar.

— Deveria se sentir culpado por ter me enganado — Ela circulou com os dedos na direção dele. — Por fingir estar dormindo. O quanto ouviu?

— Tudo. Amélia, prometo que esta será a última vez que te enganarei — Ele sabia os outros sentidos que aquela frase teria. — Sim, eu sei do poder das palavras. Reconheço que as palavras têm o poder de ferir, mas também possuem o poder de curar, ajudar, demonstrar, amar — Paul fez um exímio esforço para sentar na cama, levantando o travesseiro ao se erguer com as costas apoiadas — Eu sei muito bem, porque só basta você me dizer uma só frase para eu me render completamente.

— Algumas coisas não precisam ser ditas. Muitas coisas que eu não disse a você, não significam que eu não sinta, ou que eu não queira estar ao seu lado.

— Então, fique ao meu lado — Ele segurou na mão direita dela, que estava pendurada pela cintura da dama, puxando-a para perto dele. - Mas, diga-me tudo que quiser. Sempre.

Só os céus sabiam o quanto seu ombro estava doendo, mas ele não podia se esquivar mais da situação. Quase morreu em um incêndio, o que perderia com algumas dores se pudesse tê-la, ouvi-la?

Mas ela o ajudou, apoiou o joelho esquerdo na cama por vontade própria. Aproximando seu rosto do dele.

— Por todas as palavras não ditas. — sussurrou ele — Eu peço que me diga o que sente.

Ela dobrou o joelho apoiado na cama em que ele estava. Inclinando seu corpo para frente, aproximando-se seu rosto do dele. Ele tocou com a palma da mão no braço dela, passando sua mão pela pele da dama, sentindo seus arrepios até chegar com o seu toque no pescoço de Amélia. Sem se conter mais, ele levantou o corpo, beijando-a. Entrelaçando seus dedos no cabelo dela. Inclinando a cabeça de Amélia para o lado. Quando ela se entregou com confiança, amolecendo seu corpo no dele, desejando o beijo ainda mais, ele a puxou para perto. Separando seus lábios para poder olhá-la, deslizando com o seu olhar para os lábios molhados dela, e a beijou novamente. Ela o queria e sentir isso com o gosto do beijo dela, sentir que ela estava se permitindo ao lado dele, o fez suspirar.

Ela sorriu ao separar seus lábios dos dele. Passando a mão pelo rosto dele, sentindo a barba feita em seu rosto. Podia tocá-lo. Queria tocá-lo e ser tocada por ele. Ela o queria. Qual era o problema nisso?

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora