Capítulo 17

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Passaram-se algumas semana e as moças comemoraram a conquista de outro lugar para morar. Era uma casa menor que a antiga, mas o suficiente para viverem, foi tudo que Jesebel pôde comprar com o dinheiro que havia guardados em bancos espalhados pelas cidades próximas e com contatos em cada cantinho do país que se disponibilizaram de ajudar a velha dona do bordel que acolheu moças que puderam crescer financeiramente na vida, dispostas a ajudar uma amiga de longa data. Mas elas não se abalaram, comemoram em frente à pensão, até fizeram questão de preparar um chá da tarde para Juliet e Amélia. Suas salvadoras.

Mary encheu a barriga com o bolo de chocolate que Violeta fez. Violeta era uma mulher incrivelmente elegante, alta, com cabelos sedosos, qualquer vestido ficaria lindo, caindo perfeitamente em suas curvas definidas. Mas, além disso, era um jovem gentil, extremamente educada e simpática. Juliet não conseguia manter-se parada no canto, pois Violeta não deixava. Chamava a jovem Romenik para perto da mesa, oferecendo de tudo que tinham feito. Sua presença era agradável e seu sorriso alinhado tornava seu rosto ainda mais lindo.

Lemont visitou a pensão brevemente duas vezes durante a semana, sempre antes de ir trabalhar. Conversava com Jesebel e sumia alguns minutos com Violeta. Juliet não era boba, sabia muito bem o que faziam durante esses minutos. Cada ponteiro do relógio que ela olhava sempre que eles sumiam era um pedaço diferente quebrado de seu coração.

Ela tentava se lembrar que ele não tinha nenhuma obrigação para com ela. Mas, pensava a jovem, por que não escolhemos quando amamos e quando paramos de amar alguém?

Seria bem mais fácil, certo?

Mas, mesmo que tivesse um botãozinho em seu coração para escolher o momento certo, Juliet sabia, que em todos os momentos, se apaixonaria novamente pelo Lemont. Se tivesse um botão de ligar e desligar, teria o nome dele, no entrelaçamento dos fios que controla o botão.

Era inevitável, apaixonar-se era inevitável. E Juliet sabia muito bem disso.

As moças falavam o quanto ele era cavaleiro e doce com todas. Nunca destratando-as e respeitando-as do início ao fim de cada noite. Doía no coração de Juliet ouvir cada história, mas, no fundo, ela se apaixonava ainda mais pelo homem gentil que tratava todas bem.

Juliet imaginou o quanto os filhos de Violeta e Lemont seriam lindos. E estava tudo bem para ela, se ele estivesse feliz.

O rapaz chegou correndo com a correspondência. Entregando nas mãos de Juliet. O franzino jovem olhou para a mesa farta do jardim e salivou, colocou as mãos apoiadas no joelho para recuperar o fôlego da corrida. Passou as mãos no pouco cabelo que tinha na cabeça, preparando-se para outra remessa de cartas para entregar.

— Quer comer algo? — perguntou Juliet, erguendo a palma da mão em direção da mesa. — Pode pegar o que quiser antes de voltar ao trabalho. — A jovem sofria para abrir a carta sem rasgar, foi quando desistiu da delicadeza e abriu em um só corte na vertical.

O rapaz agradeceu, pegando bolinhos e um copo de suco que Amélia colocou-lhe, sentando-se em uma cadeira para comer.

Juliet leu a carta duas vezes para ver se estava lendo bem cada letra. Reconheceu a letra da irmã, e saltou ainda mais de alegria ao saber que eles estavam voltando. Abriu um imenso sorriso ao ver que recuperaram a casa e que já estavam na cidade.

— Eu preciso ir. — anunciou ela. — Mas, por favor, continuem.

— Juliet! — Amélia levantou-se para protestar, mas viu que a amiga estava feliz com a carta que recebeu, voltou a sentar na cadeira e concordou com a cabeça. — Ficaremos bem.

Juliet seguiu o caminho com o rapaz, que limpava a boca na gola da camisa bege para tirar os farelos do bolo que desmanchou em sua boca de tão macio.

Os ventos de Ouro Verde tentaram impedir, sinalizar para os moradores que o que estavam fazendo era errado, mas eles seguravam os chapéus com a mão na cabeça, bufantes de raiva ao sentirem que a moralidade estava sendo afetada. Caminhavam como um exército -pequeno-, com passos fortes e expressões rancorosas em direção à pensão.

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora