Capítulo 39

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Cada flor que ela recebia diariamente ia se enfileirando na beirada da janela. Amélia não tinha coragem de jogar nem mesmo as pobres flores que já estavam com seu último suspiro marcado, murchas com as pétalas caídas, mergulhadas na água dos jarros. Mary descobriu algo melhor que ajudar Juliet regando as plantas, plantá-las. Toda tarde a criança, sem qualquer impedimento, enfiava a mão na terra molhada, sem precisar de pá ou qualquer ferramenta, ela tirava a terra com a palma da mão, colocando a semente que Juliet colhia, dando tapinhas ao cobrir as sementes com a areia novamente. Amélia parou de se importar depois da segunda semana, que levou um puxão de orelha da "já crescida, Mary" que podia sujar as mãos de terras, palavras da pequena.

Amélia estendeu mais um dos lençóis brancos no varal, recebendo a próxima bacia cheira que Anastásia carregava para ajudar.

— Dona Anastásia, não precisa fazer isso — disse Juliet, correndo para ajudar a mulher, tirando os panos molhados de seu braço. — A senhora é minha hóspede, isto é o meu trabalho extra, que faço para suprir as despesas. — Estendeu mais um lençol no varal, com os respingos de água batendo em seu rosto.

— Ah, não custa nada ajudar, querida! Estou velha, mas posso colocar umas roupas no varal.

Anastásia bateu com o cotovelo largo nos ombros de Amélia, fazendo a Bernot se afastar da bacia, dando espaço para a idosa agachar-se, até onde seus joelhos permitiam, enfiando as mãos na bacia de água com mais toalhas e lençóis.

— Olá, ladies! — Lemont apoiou-se na cerca do Jardim, sorrindo para as damas. — Como estão? — O Mentis não esperou para ouvir as respostas. — Tenho dois convites, e não aceitaremos desculpas. — Levantou o indicador, sinalizando o primeiro. — Fui premiado pelo artigo que lancei sobre a greve dos funcionários da fábrica, minha mãe, claro, não perde a oportunidade de ter a casa cheia. Ela diz que está orgulhosa, mas só quer ter muita gente junta na mansão. Então marcou um jantar e gostaríamos da presença de todas. — Deu de ombros. — Isso inclui você, adorável Anastásia, sua presença também é requisitada — Foi a vez do dedo médio se erguer. — Segundo, mas não menos importante, a pergunta é direcionada para a pequena Mary. — Agachou-se diante das cercas, pedindo para a criança se aproximar, e assim ela fez, caminhando com as mãos sujas de terra até onde Lemont estava do outro lado. — As moças da cidade, isso inclui minha amável irmã, conseguiram um espaço no lago onde realizaram um campeonato para crianças. Você gostaria de mostrar todas as aulas que teve ao ganhar o prêmio maravilhoso de uma torre de chocolate? — Levantou a cabeça, com os lábios torcidos na direção de Juliet. — Não tínhamos orçamento para um prêmio mais decente.

— Eu posso? — Ela segurou nas cercas de madeiras verticais, sujando o branco da tinta com as mãos de terra. — Eu posso? — Repetiu a pergunta, direcionando-a para a irmã.

Amélia inclinou a cabeça para o lado.

— Claro que pode — respondeu.

Lemont bateu a palma da mão na madeira, comemorando com Mary o convite dos pedidos que foram aceitos facilmente.

— Convites entregues, já vou indo — anunciou, ajeitando o tecido das calças azuis-claro ao colocar-se de pé.

— Espere, Lemont! — Juliet apressou-se até a cerca, conduzindo a palma da mão esquerda de um lado para o outro. — Gostaria de comer algo? Se não tiver nada mais importante para fazer, é claro.

— Eu adoraria, Lady.

Lemont tinha sua própria forma de comemorar, mas não se importou em abrir uma exceção. Juliet abriu o portão de madeira que dava acesso à cerca, ultrapassando para acompanhá-lo até a pensão. O Mentis perdeu as contas de quantas vezes já encontrou flores diferentes decorando a pensão. Era, sem dúvidas, o sonho de Morgali ter a casa decorada como Juliet fazia, mas, ela limitava-se à algumas flores na mesa e nos centros, por ter filhos travesso, no caso, Lemont e Francis, acostumou-se a não ter decorações que virariam armas nas mãos dos filhos.

Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora