Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2

Capítulo 36

Aproveitando a influência e a simpatia de Cristopher, Paul pôde ficar recluso em sua casa enquanto o Pilmon debatia com os sócios e os funcionários. Os sócios foi o mais fácil, tirando a presença indesejável dos dois Collins que mal olhavam para o jovem Pilmon enquanto ele e o pai mostravam o novo plano, os demais sócios estavam mais empenhados em acabar com a greve para poder voltar para os demais assuntos de sua vida, além de poderem voltar aos luxos que o negócio em Ouro Verde lhe davam. Os funcionários ainda desconfiados, permaneceram de braços cruzados e gritos alarmantes em frente à fábrica onde acontecia a reunião. Batendo os pés impacientes, não conseguiam entender porque um deles não podia estar presente na reunião que decidirá as suas vidas.

Enquanto os sócios saiam um por um, com a segurança e conforto de suas carruagens, sem olhar para os lados, temendo se deparar com os olhares furiosos dos funcionários que esperavam com o sol esquentando suas cabeças durante toda a manhã.

O Sr.Pilmon ignorou as baforadas dos Collins em sua sala, focando sua visão no escritório que o deixava ver os funcionários em seu portão. Cristopher desceu as escadas, deixando o coração do pai um pouco mais aliviado com a sensação de que o filho resolveria a última questão que faltava, mas foi quando Marco mordeu os lábios ao ver que o motivo que fez Cristopher descer com garrafas e copos de água com mais funcionárias da fábrica foi a vontade do jovem Pilmon de hidratar os funcionários que estavam há horas no sol quente de Ouro Verde.

Saiu da sala, ignorando a presença dos Collins para falar com o filho que voltava com garrafas vazias ao lado de três moças que o ajudavam em sua missão.

— O que diabos está fazendo? Não ia resolver as coisas com os funcionários? Pedi para que parasse a greve, não que os ajudassem molhando as gargantas deles para que gritassem novamente — Cuspiu, subindo novamente as escadas atrás do filho.

— Irei resolver, meu pai. — Cristopher parou no corredor, virando na direção do pai. — Mas não no sol quente, com as cabeças fervendo nada se resolveria. Irei encontrar com eles mais tarde, e conversaremos. Eu, você e eles. — Apontou o indicador na direção do pai ao enfatizar que a presença do pai foi requisitada pelos funcionários. — Além disso, eles estão certos. O que passou pela sua cabeça ao olhar para essa proposta? O que esperava? Que os funcionários aceitariam calados serem tratados dessa forma?

— Eu sabia que não era uma boa proposta, mas não podia fazer muita coisa.

— Mas pode fazer agora, então, aquiete-se um pouco e pense nos seus funcionários que só estão lá fora gritando pelos seus direitos. — Deu um passo para ficar mais perto do pai, olhando para a porta de madeira vermelha que era o escritório do Pilmon. — Vamos falar de outro assunto, por que diabos colocou outro Collins nesta fábrica? Até onde sei, e sem nenhuma surpresa de minha parte, tudo isso foi culpa deles. — Cuspiu entre os dentes cerrados. — Por que continua se envolvendo com esta família?

— Apesar das desavenças, devo lembrá-lo do nome da fábrica? — Apontou o dedo gordo para o chão do salão de baixo do corredor, pintado em uma cor azul viva, com um círculo em volta do nome: "Collins e Pilmons". — Sua relação com eles pode não ser a das melhores, mas eles ainda possuem, junto conosco, maior parte da fábrica. Então, peço que deixe seus problemas pessoais com eles fora daqueles portões.

— Adoraria, mas os Collins são como carrapatos, é impossível ignorá-los, crescem como sugadores de sangue.

— Também não me agrada o convívio com aqueles que importunam a nossa família. — retrucou, também surrando as palavras entre os dentes.

Cristopher arquejou, esquecendo a resposta que daria quando notou que o pai considerou Francis como da família.

— Vamos focar em resolver o problema mais iminente, sim. — Sacudiu a palma da mão na frente do rosto do filho. — Assim você poderá voltar para a lua de mel com a sua mulher.