Dito e feito! Os gritos de Morgali e Rosali mais pareciam um instrumento de sopro quebrado. Não teve chá que acalmasse as mãos trêmulas da Tia dos Mentis quando as palavras do casamento verbalizaram pelas paredes coloridas da mansão. Morgali aproximou-se de Amélia, com lágrimas nos olhos, com movimentos em suas mãos que trocavam de posição entre sua boca, seu peito, sua bochecha. Estava feliz, finalmente sua família estava, oficialmente, crescendo um pouco mais.
Mary, coitada, não estava entendendo a situação. Inclinou a cabeça de um lado para o outro, esperando até que uma alma bondosa a pudesse explicar em palavras infantis, e essa alma foi Juliet. A Romenik ajoelhou-se diante da poltrona que a pequena estava com os pés balançando para frente e para trás. Explicou com cuidado, observando as expressões que mudavam rapidamente no rosto redondo da pequena Bernot. E logo mais um grito de flauta tampada por algodão pode ser ouvido da residência. Mary pulou da poltrona para o chão, correndo para abraçar Amélia que se desequilibrou quando recebeu o impacto em suas pernas.
— Eu sabia! Eu sabia! — Exclamou a pequena, pulando enquanto parecia um macarrão grudado no joelho dela. Amélia sorriu, passando a mão pela cabeça da pequena.
— Está feliz com a notícia, Mary? — Paul agachou-se diante dela, fazendo a pequena bater nos tecidos rosados do vestido da irmã para liberar a sua visão. No fundo, o Mentis sentia-se coagido, temendo não ser bem aceito pela pequena com quem nutria um grande afeto. Mas não teve tempo de nutrir mais confusões em seus pensamentos, a pequena avançou na direção do seu pescoço, abraçando-o forte, balançando a cabeça para cima e para baixo. Ela soluçou, chorando, e Paul arregalou os olhos, passando a mão no topo da cabeça dela. Sem entender nada, esperou para que ela quisesse falar.
— Eu vou precisar ir para o internato? — Afastou a cabeça do ombro dele, passando a palma da mão para secar as lágrimas.
O queixo de Paul caiu, abismado. De onde surgiu aquela pergunta?
Sem ter tempo de deixar o sobrinho responder, Rosali rodou os papéis do jornal da manhã, soltando a xícara ao colocar-se de pé, caminhando na direção dos dois ajoelhados. Com a boca murcha, apertando ainda mais o papel rodado na palma da sua mão, bateu com a ponta do jornal na nuca do primogênito da família. Paul engoliu a resposta para processar o que o tinha atingido.
— Que história de internato é essa? — Indagou Rosali. — Não acredito que está fazendo a pobre criança chorar com isso.
— Eu? — Paul, apontou para o peito.
— Oh, meu filho, por que disse algo assim? — Foi a vez de Morgali mostrar sua indignação.
— Eu não falei nada assim, tia, minha mãe. — Pediu para que pudesse explicar, enquanto massageava a sua nuca.
Mas a explicação veio de Amélia, que avançou no meio da situação.
— Não, Paul não sugeriu nada assim. — Prontificou-se a esclarecer, sem esconder as risadas. — Peço desculpas! Minha irmã está confusa por... acontecimentos passados.
Paul viu os olhos das duas irmãs acalmar a fúria das suas criadoras, podendo voltar a sua atenção à criança que ainda chorava em sua frente.
— Mary, eu nunca te colocaria em um internato. — Passou os dedos para limpar a lágrimas da Bernot. — Só se esta fosse a sua decisão, mas acho que está longe do seu desejo de se separar da sua irmã, não estou certo? — Mary concordou com a cabeça. — Sua irmã e você ficaram aqui, nesta casa, conosco.
— Terá um quarto só para você. — Anunciou Morgali.
— Com toda certeza. — Confirmou Rosali, passando na frente do filho e pegando na mão da menina. — Vamos decorar seu quarto muito bonito, do jeito que você preferir.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
Roman d'amourA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...