Com o passar de uma semana, Paul precisou soltar a mão de Rosali para sustentar a tia que se desequilibrou com o anúncio de que ele e Amélia estavam juntos. Lemont correu para pegar um copo de água na cozinha, enquanto Francis gargalhava e pulava ao lado de Amélia, que, por sua vez, coitada, não sabia como reagir. Nem mesmo sabia identificar se a reação foi ao considerar o anúncio algo bom. Cristopher entrou em casa com Rita nos braços, sem entender a cena que viu de Francis abanando um leque para Rosali enquanto Paul a colocava delicadamente no sofá da sala.
— Sequestrou Rita novamente? — Francis fechou o leque, colocando as mãos ao redor da cintura.
— Não é sequestro se sou o tio dela. — Rita balançou a cabeça para cima e para baixo, concordando com algo que a pequena de cabelos loiros nem mesmo sabia. — Além disso, ela não veio por mim. Veio para brincar com Mary.
— Ela está no campo, colhendo rosas. — disse Amélia. — Obrigada por permitir que Rita brinque com minha irmã.
— Eu que fico agradecido por Rita ter uma amiga como Mary. — Cristopher caminhou com Rita, tendo que desviar de um Lemont desatento que segurava um copo com água.
— Eu posso fazer algo? — Amélia decidiu falar.
— Já fez o bastante, querida. — Morgali, que permanecia calada até então, só observando o teatro da irmã, sorriu para Amélia.
— Mais que o bastante! — Exclamou Rosali, recuperando-se magicamente depois de um gole na água. — Finalmente verei um casamento dos meus sobrinhos. — Colocou a mão no peito, sugando fortemente o ar para seus pulmões. — Você, minha querida, fez o bastante em aturar meu sobrinho. Tirando-me da tristeza que seria não ver uma noiva de meus sobrinhos com o meu vestido.
— Não se apresse, minha tia, por favor. — pediu Paul.
— Assustará a moça, tia. — completou Francis.
— Amélia já está mais que ciente da família que está se envolvendo. — concluiu Lemont, jogando o corpo ao lado esquerdo da tia no sofá. — Sabe das cláusulas que correspondem um envolvimento com um Mentis.
— Eu que o diga. — interviu Cristopher ao entrar na sala, jogando o tecido do seu terno para trás das costas. — Não que eu me arrependa. — acrescentou, esticando as mãos para receber Francis em seu braço.
Paul sentou do outro lado do sofá, no lado direito de Rosali, massageando as têmporas. Não era bem essa reação que ele esperava ao firmar compromisso com Amélia para a família. Bom, tinha noção que seria esta a reação, mas pediu aos céus que não fosse assim.
Mas Amélia não se importou, pelo contrário, olhou bem para os Mentis na sala, sorridentes e agindo como a família tão amável que eram. A família que Amélia não se importaria de fazer parte. Muito pelo contrário, ela gostaria. Tamanho calor e alegria que os Mentis a faziam sentir, que a fez sorrir. Chamando a atenção de Paul com a gargalhada fina que soltou, enquanto o primogênito ignorava, rapidamente, os conselhos da tia para olhar a mulher que estava para declarar seu amor.
— Vamos comemorar! — Morgali colou-se de pé, caminhando até a Bernot.
— Agora? — questionou Amélia.
— Ora, não há momento certo para comemorar, qualquer ocasião é hora. Peguem as bebidas! E os sucos, é claro. — Deu dois tapas nas costas da mão de Amélia, que repousava em seu antebraço.
O brinde foi coletivo, até Mary e Rita juntaram-se para brindar. Amélia encostou-se na árvore, sobre a sombra da copa cortava recentemente, observou Mary que corria de um lado para o outro, brincando com Rita e Francis, que parecia mais incansável que as próprias crianças. Era diferente, era verdadeiro. O sorriso que repousava como cola nos lábios da irmã, era verdadeiro.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
RomanceA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...