Lemont ficou encostado na porta, com o pé impaciente batendo no chão da sala do médico. A enfermeira lhe ofereceu algo, mas ele recusou. Segurava os lábios enquanto o médico enfaixava a mão de Juliet. Virou para o lado e assustou-se com a presença do guarda, ele já esquecera a quase prisão que estava prestes a acontecer.
— Pronto, moça. — disse o médico.
— Como ela está? — Lemont correu para perto.
— Ela está bem. — Ele sorriu para Juliet. — Precisará ficar com essa mão esquerda imóvel por uns dias, certo?
— Podemos levá-la para a delegacia? — perguntou o guarda com a voz grossa que passava certa autoridade.
— Sim, só passarei um remédio para ela tomar quando voltar a doer. Só um instante. — Ele levantou-se do banquinho que ficava ao lado da cama que Juliet estava. Olhou para Lemont, vendo o canto inferior do lábio do rapaz cortado. — Não quer ver isso, rapaz? — Apontou para o ferimento.
— Não, estou bem. — Ele passou o polegar pelo corte. — Obrigado por cuidar dela.
O médico saiu, seguido pelo guarda que já estava impaciente de esperar. Mais uma vez a enfermeira pediu para que o guarda esperasse na porta, dizendo que seria rápido, só procuraria o remédio. O médico chamou a enfermeira para ajudar e os dois entraram na sala com as estantes e caixas de remédio. O guarda batucou com os dedos no queixo, apoiou-se novamente na parede e suspirou.
— Ainda está doendo? — perguntou o jovem, sentando-se ao lado da dama.
— Um pouco. — Ela tentou colocar a mão no colo, mas desistiu ao sentir a dor. — Só mesmo eu para quebrar a mão em um soco. — Tentou sorrir, cobrindo os olhos com a mão direita. — Todo mundo já deu um soco nesta cidade, e na minha vez, eu quebro a mão.
Lemont riu, apoiando o cotovelo na cama, pegando a mão direita da jovem e segurando.
— Não culpe as suas mãos, foram feitas para cuidar, não para algo violento — Lemont acariciou a mão dela com o seu polegar.
— Está dizendo que são frágeis? — indagou ela.
— Longe disso... você viu como ficou o rosto do velho?
— Oh, céus, eu bati em uma pessoa de idade avançada — Ela fechou os olhos, ouvindo os sermões que ouvira de sua mãe. — Eu não vou para o céu. É agora que eles farão algo contra a pensão — Seus olhos estreitaram-se.
— Não vão fazer nada — assegurou Lemont — Você tocou em algo que os Collins valorizam mais do que tudo nessa vida: o nome. Você praticamente assegurou a sua pensão ao anunciar para toda a cidade as ameaças dos Collins... E também tocou no rosto de um deles...literalmente — Ele curvou sua boca em um sorriso, observando para ver se tiraria alguma risada do rosto dela, alegrou-se ao ver que conseguiu.
Lemont apoiou a testa com a concha que fez com as três mãos, apertando a mão saudável da dama.
— Não precisava socá-lo para me defender, lady. — sussurrou ele, olhando para o lençol branco que cobria a cama.
— Não foi por isso. Foi por tudo, foi uma junção de raiva por tudo que eles disseram para Amélia e sobre a pensão — Ela olhou-lhe, vendo a cabeça dele baixa enquanto estava agarrado com sua mão, fez seu coração acelerar. — Obrigada por defender minha pensão.
Ele levantou a cabeça, sorrindo.
— Eu só falei a verdade — beijou a mão dela, falando baixinho enquanto o ar quente tocava na palma da mão de Juliet: — Você tem um coração muito bom para não ir para o céu por socar um velho torpe.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
RomantizmA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...