Mais um dia amanheceu em Ouro Verde. O sol esquentou o coração dos moradores que congelavam com o frio da região. O vento era frio, mas o calor do sol ainda beijava as bochechas de Amélia. Ela retornou da cidade após passar a manhã toda procurando um trabalho, mas não é fácil. Não são muitas as opções que restam para uma mulher solteira. E as poucas que tem: empregada ou funcionária em alguma loja... Bem, por ser uma das poucas opções viáveis, também são as opções mais empregadas em qualquer cidade.
Mary regava a plantação de girassóis, enquanto Juliet mostrava a pensão para uma idosa que chegou recentemente na cidade. Era inegável a felicidade da Romenik ao receber qualquer pessoa em sua pensão. Contagiava Amélia ao vê-la sorrir ao falar de cada cantinho da pensão aos visitantes. Felizmente, ela teve sua primeira hóspede além de Mary e Amélia. Uma senhora viúva que veio para resolver negócios na cidade natal do seu falecido marido. Era uma mulher agradável de se conviver. Cismou de fazer bolos para elas toda tarde de chá durante a semana que ficou na cidade. Com poucos cabelos brancos na cabeça e um sorriso quente de avó, ela penteava os cabelos de Mary enquanto Amélia e Juliet arrumavam a mesa para comer. Amélia não conseguia esconder a felicidade. Mesmo sem emprego, ela estava feliz na pensão.
— Juliet, Juliet — Victória desceu da carruagem correndo com Rita aos braços.
Juliet soltou os talheres na mesa ao vê-la entrar com a pequena Rita nos braços. Pensou ter acontecido algo com a menina. Mas, Victória ria incontrolavelmente, o que acalmou o coração de Juliet.
— O que houve? — perguntou Juliet a Pilmon.
Victória colocou Rita sentada no sofá.
— Perdão por passar uma semana inteira longe. As coisas estão uma loucura na loja, os visitantes de outras cidades estão aproveitando as férias para visitar.
— Eu entendo — Ela não parava de olhar para Rita, que mexia nos fiapos do tecido que cobria o sofá. — Mas, Rita está bem?
— Ah, sim. — Victória lembrou-se porque veio correndo ao sair da carruagem, agachou-se para ficar na frente da filha — Repete o que você disse para mamãe, filha — Ela mexeu nos fios loiros da filha, tirando-os do olhinho azul da pequena.
A criança tirou a atenção do tecido do sofá ao ser chamada pela mãe. Abriu a boca, mas não soube do que a mãe estava falando.
— Nós vamos para a... — Victória não desistiu. — Casa da tia... — Ela continuou insistindo.
— Juliet — A criança pronunciou com um pequeno pulo de seu bumbum do sofá.
Juliet sorriu, sentando ao lado de Rita no sofá, não era a primeira palavra da criança, mas a primeira vez que ela falava o nome de Juliet.
A voz doce e fina de Rita pronunciando seu nome foi como a sensação de um abraço forte no coração. Juliet pegou Rita no colo, tentando dialogar para que ela falasse seu nome outra vez.
Amélia sorriu ao ver a relação da criança com Juliet. Victória falou com Dona Ana, a simpática viúva que penteava o cabelo de uma criança em frente ao sofá que ela estava, e se levantou. Surpreendeu-se ao ver Amélia colocando a mesa. Correu, deixando Rita com Juliet, e foi falar com a dama.
— Então veio para cá? — Victória sabia o que isso significava.
— Sim, estou morando aqui agora — Ela terminou de colocar a última colher e sorriu.
— Entendo, seja bem-vinda à Ouro Verde. É a melhor cidade que você poderia estar, você vai amar.
— Por que não fica para almoçar conosco, Victória? — perguntou Juliet.
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Por Todas as Palavras Não Ditas - Série Amores Em Ouro Verde: Livro 2
RomanceA cidade de Ouro Verde sofreu algumas mudanças com a saída do casal recém-formado entre uma Mentis e um Pimon. Sem tempo para sentir saudade, os ventos trouxeram novos planos para os moradores da cidade, com as mudanças das estações de mais um ano e...