capítulo seis

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| Christopher |

Flashback on

Christopher: qual sua idade?

Dulce: trinta! Trinta anos. - Faz uma careta fofa e rio. - E você?

Christopher: trinta também! A melhor idade, não acha? Todos dizem que é.

Dulce: com certeza, mas é uma idade que a sociedade ainda cobra que seja decisiva, que seja a hora de dar um novo passo. - Fica reflexiva brincando com a água.

Christopher: aos trinta você não é velho mas também já não é mais tão jovem?

Dulce: exato! Mais do que nunca quero aproveitar a vida nessa idade, viajar, viver, sabe? E está tudo bem! Isso não me torna menos adulta, sei lá...

Christopher: acha que aos trinta é quando nos é imposto cem por cento o peso das responsabilidades?

Dulce: é como se esperassem que os trinta fosse um divisor de águas, entende? Não sei se pelo fato de ser mulher, mas acho que a sociedade impõe muito isso. Como se antes disso não fôssemos maduros o suficiente, não sei explicar...

Christopher: acho que a idéia é que a partir dessa idade venha o casamento e os filhos. - Comento.

Dulce: esses são os meus pais nos últimos meses! - Ri. - ”Está na hora de sossegar”, ”Está na hora de pensar em constituir uma família, não acha?”, e coisas do tipo... É o que vem me sobrecarregando ultimamente. A qualquer momento vou tirar longas férias do trabalho e ir aproveitar o mundo. - Ri.

Christopher: minha mãe até hoje opina na minha vida também. - Rio. - Quer escolher minhas namoradas, e morre de medo de eu ter um filho. Mal sabe ela que me cuido ao máximo porque esse também é um medo que tenho.

Dulce: e você faz o quê para evitar tanto assim? Usa dois preservativos? - Ri debochada.

Christopher: não uso dois, mas sou muito obcecado com isso. Preservativos só os meus, tenho medo de que furem, sei lá... Também descarto ele escondido para não encontrarem. E a mulher tem que se cuidar também, a pílula tem que ser tomada na minha frente. - Ela se afasta um pouco do meu corpo e me olha incrédula.

Dulce: é sério isso? Tudo isso por que? Medo de golpe da barriga? Você é ridículo! - Revira os olhos.

Christopher: e não posso? - Falo óbvio. - Não só por isso, mas é uma vida. Não acho que uma nova vida deva ser gerada por um descuido ou por qualquer outro motivo em um momento que ela não seja desejada, ainda mais ser gerada por uma aventura sem compromisso. Eu não obrigo ninguém a ficar comigo, quem fica, fica já sabendo das condições. É uma garantia para os dois, se cuida que eu me cuido também.

Dulce: e por que não me pediu para tomar uma pílula na sua frente? Não me surpreenderia se você dissesse que tem um estoque para fornecer pras suas ficantes que assim como eu não fazem uso de pílula!

Christopher: tem perigo? - Ela revira os olhos. - Então, pronto! E não, não tenho um estoque, não. Já seria demais eu fazer isso, não?

Dulce: ok, ok! - Diz irritada. - Então não pensa em ter filhos de forma alguma?

Christopher: é claro que eu quero! Mas na hora certa e com a pessoa certa. Eu quero ter uma família algum dia, mas não vou constituir uma só por ser um desejo meu. Se um dia for pra acontecer, vai acontecer! Até o momento nenhum dos meus relacionamentos despertaram em mim a vontade de dar esse passo. Você não pensa em constituir uma família? Disse que é uma cobrança constante dos seus pais que te irrita...

Dulce: não é algo que eu quero a qualquer custo, entende? E esse era justamente um dos pontos que estava me referindo. Não é porque já estou na casa dos trinta que tenho que começar a me preocupar com isso e começar a focar em constituir uma família. Também acho que existe a pessoa certa e o tempo certo para isso, e que se essa pessoa existir, vai acontecer naturalmente! E tudo bem ficar solteira, não ter filhos... Não irá me tornar menos mulher. O que não posso é achar que só serei completa se tiver alguém, que minha felicidade dependerá disso...

Christopher: eu concordo!

Dulce: que bom! - Ironiza. - Bom, já são quase três da tarde, está na hora de eu voltar pra casa! - Fala se levantando e saindo da banheira. É nessa hora que minha ficha cai, ela foi mais uma das mulheres que conheci, transei, e agora cada um pro seu canto.
Levanto depressa da banheira e visto o meu roupão e a sigo até o quarto onde ela está se secando.

Christopher: eu te levo em casa! - Ela assente.

Dulce: droga, fiquei sem calcinha!

Christopher: deixa aqui e depois você pega. Só não coloco na máquina agora porque não vai secar a tempo...

Dulce: lavar na máquina? Está louco?

Christopher: amanhã a mulher que cuida do meu apartamento vem e peço pra ela lavar então.

Dulce: e vai falar o quê? Pedir pra ela lavar sua calcinha? - Ri debochada.

Christopher: vou falar que a Cinderela moderna depois vem buscar! - Rio em tom de provocação e ela revira os olhos.

Nos trocamos e descemos para o estacionamento do prédio. Fomos conversando durante o caminho, mas não demorou para chegarmos no prédio dela. Realmente moramos muito próximos um do outro e me pergunto como é que nunca a encontrei por aí.

Christopher: está entregue! - Falo ao estacionar.

Dulce: só não te convido para entrar porque preciso tomar banho e ir depressa passar esse restinho de tarde com minha família. - Ri.

Christopher: não tem problema! - Rio pelo nariz. - Amanhã depois do almoço estou voltando pra Tijuana e, não sei, talvez pudéssemos nos ver hoje mais tarde...

Dulce: quer saber se eu quero transar com você hoje de novo? Hum... Sim, eu quero!

Christopher: boba, claro que não! - Rio pelo nariz. - Gostei de você, pensei que poderíamos ser amigos. Não quero perder o contato...

Dulce: eu também gostei de você! E sim, podemos ser amigos! Agora eu tenho que ir. Me manda mensagem mais tarde e marcamos algo, tudo bem? - Assinto e nos despedimos com um beijo no rosto.
Antes de dar partida no carro e voltar pra casa, mando uma mensagem para ela no WhatsApp: ”Salva meu número 😉”.

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