Nosso Plano (Vondy)

capítulo treze

| Dulce |

Flashback on

Acordo um pouco tarde do que o de costume no dia seguinte e tento me desvencilhar dos braços e pernas de Christopher que envolvem meu corpo. Tivemos uma noite agitada e maravilhosa, com direito a banho de hidromassagem na madrugada. Como eu senti falta do corpo dele e de ter múltiplos orgasmos...
Tento ver seu rosto, que está em meu colo, e fico sem coragem de acordá-lo quando percebo que ele dorme profundamente.

Dulce: Chris... - O chamo baixo e acaricio seu cabelo.

Christopher: hum... - Ele resmunga e me aperta ainda mais em seus braços.

Dulce: deixa eu sair, estou com fome, preciso ir ao banheiro... - Continuo acariciando seu cabelo.

Christopher: que horas são?

Dulce: quinze para as dez. - Ele me solta e se vira na cama, ficando deitado de barriga para cima, ainda de olhos fechados.

Christopher: tenho um compromisso às onze e já estava esquecendo! - Diz enquanto coça os olhos.

Dulce: e eu tenho que ir embora. - Digo me sentando na cama.

Christopher: não pense que eu falei isso para você ir embora, ok? Se quiser ficar aqui não tem problema nenhum. É que tenho uma consulta com meu médico.

Dulce: você não está bem?

Christopher: estou! Hoje acordei melhor! Estava um pouco ansioso nos últimos dias, vou pedir para fazer um check up.

Dulce: tem dormido bem? Se alimentado? Trabalhado bastante?

Christopher: estava dormindo muito mal, mas acredito que seja consequência da ansiedade. E meu ritmo de trabalho é o mesmo de sempre, não sei o que pode ser... Talvez o clima de Tijuana, estar longe da família... Senti muita falta da Cidade do México, da von-Uck.

Dulce: você não tem ninguém em Tijuana? Digo, algum familiar, amigos...

Christopher: alguns colegas. Meus amigos e família estão na Cidade do México.

Dulce: e por que decidiu abrir uma loja tão longe? E logo em Tijuana... - Ele ri.

Christopher: Tijuana não é tão ruim quanto falam. Mas, apareceu uma oportunidade lá e decidi investir. Gosto de Tijuana, estou sempre nos Estados Unidos... Acabei ficando! - Diz se sentando na cama.

Dulce: hum, entendi! - Digo me levantando. - Me leva em casa?

Christopher: claro! Vou tomar banho, comer alguma coisa e podemos ir.

Dulce: vou tomar banho com você! - Falo sapeca indo em direção ao banheiro e ele ri correndo em minha direção me abraçando por trás e assim vamos até seu banheiro.

Christopher: agora não tem do que reclamar, tem duas calcinhas limpas suas lá na minha gaveta! - Rimos.

Tomamos banho juntos e depois fomos tomar café. Christopher me deixa na portaria do meu prédio e depois vai para a consulta com o médico. Combinamos de almoçar juntos, então chego em casa e aproveito para me arrumar.
Olho meu celular e tem duas mensagens perdidas de meu pai e várias mensagens dele e de minha mãe no Whatsapp, os respondo dizendo que estou bem e que hoje não irei trabalhar.

Dulce: e aí, como foi a consulta? - Pergunto após entrar no carro e ele me beijar.

Christopher: amanhã vou fazer os exames, mas aparentemente estou bem, o doutor acha que é estresse. - Diz dando partida no carro.

Dulce: não consigo te imaginar estressado, sério! - Rio. - Estou sentindo você tão bem...

Christopher: Tijuana testa minha paciência de vez em quando. Quando estou estressado eu me isolo, caso contrário acabo descontando em quem muitas vezes não tem nada a ver com a situação.

Dulce: você é bravo?

Christopher: não sei se eu sou bravo, acho que não! - Ri. - Eu sou assim, do jeito que você está vendo. Você acha que sou bravo? - Faz careta.

Dulce: acho que bravo não seria a palavra certa, mas você tem um jeito um pouco intimidador, não sei...

Christopher: intimidador? Eu? É sério?

Dulce: não sei explicar... Acho que o fato de você ser mais discreto te torna intimidador. - Ele ri.

Christopher: depois de tanta intimidade você ainda me acha discreto?

Dulce: não comigo, mas você é! Eu não sei explicar...

Christopher: confesso que sou mais reservado mesmo, talvez seja isso. Mesmo sempre rodeado de pessoas, em festas e tudo mais, eu sou mais na minha.

Dulce: acho que é isso mesmo. - Ele sorri.

Almoçamos em um restaurante em Condesa e após almoçarmos ele me deixa em casa de novo e vai para a von-Uck.

Christopher: te ligo mais tarde! - Assinto e ele sela nossos lábios. Me despeço dele e subo para meu apartamento.

| Christopher |

Tenho uma tarde intensa de trabalho na von-Uck e confesso que gosto disso. Tanto a loja como meu centro automotivo são minhas grandes paixões, é muito mais que meu trabalho, sei que meu avô estaria muito feliz em ver que os anos podem passar e a von-Uck continua indo muito bem e sempre no topo como referência no cuidado com os veículos importados devido a nossa dedicação.
Acordei e passei o dia me sentindo maravilhosamente bem e percebo como passar a maior parte do tempo em Tijuana me consome. Preciso rever isso e organizar minha agenda; no máximo uma semana em Tijuana, e outra semana na Cidade do México.
Aproximadamente sete horas da noite chego em minha cobertura e vou direto para o banho, peço algo para comer e depois vou assistir uma série. Começo a sentir uma leve ansiedade e penso em preparar um cigarro, lembro que no dia seguinte tenho um check up de exames e logo desisto da idéia. Pego meu celular para olhar as mensagens e lembro que tinha prometido ligar para Dulce. Uma, duas vezes e nada dela atender, então bloqueio a tela, coloco o celular no criado mudo ao lado da cama, desligo a TV e tento dormir.