capítulo trinta e seis

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| Dulce |

Flashback on

Após o café da manhã, tomo um banho e vou para a casa dos meus pais. Combinei com Christopher que assim que eu sair de lá, vou para o apartamento dele.
Confesso que foi difícil sair da cama hoje, os braços dele estavam ainda mais aconchegantes, o peito quentinho. O cheiro gostoso vindo dele me relaxava, a voz rouca de quem acabou de acordar e em um tom carinhoso, me dava tranquilidade. Tranquilidade, essa é a palavra que me define quando estou com Christopher. É aquela sensação de lugar conhecido, sabe? Me sinto bem, me sinto livre para ser quem sou, me sinto tranquila. Christopher consegue fazer com que eu me sinta mulher ao mesmo tempo que consegue fazer com que eu me sinta menina. É um amigo que eu sei que posso confiar, e que estará por mim quando eu precisar. É diferente de todas as pessoas que conheci até hoje, desde o primeiro contato tivemos uma grande conexão.

Blanca mãe: meu amor! - Minha mãe diz me abraçando quando chego em sua casa.
Cumprimento meu pai, minhas irmãs, meu cunhado e minhas sobrinhas, e me sento com eles na sala.

Clara: o tio Chris não quis vir junto? - Pergunta assim que me sento no sofá.

Dulce: oi? - Pergunto confusa.

Claudia: as notícias aqui nessa família correm! - Diz rindo. Olho para minha mãe, já imaginando quem faz as notícias correrem nessa família.

Blanca mãe: eu falei para as suas irmãs, Dul, é de longe o namorado mais bonito que você já teve! Lindo, que rapaz bonito! Educado, simpático!

Fernando: de nada adianta a beleza exterior, o mais importante é como ele é por dentro. Você parece estar mais leve desde a viagem com ele, filha, está mais responsável no trabalho também... É isso o que queremos para você, sua felicidade acima de tudo, e que se for para ser feliz com um companheiro ao seu lado, que seja dono de uma beleza interior! Estou ansioso para conhecê-lo! - Ouço incrédula tudo que eles dizem.

Dulce: gente... - Digo em um sussurro, um pouco atordoada. - Vamos aproveitar nosso almoço em família? Eu quero desfrutar esse momento ao lado de vocês e quero que seja agradável, então, por favor, sem cobranças hoje... - Falo baixo e um pouco tensa.
Minhas irmãs e meu cunhado percebem o clima e disfarçam se afastando de nós.

Blanca mãe: filha, não são cobranças, estamos felizes porque você encontrou alguém que parece estar te fazendo feliz e te fazendo encontrar um caminho na vida! Queremos conhecê-lo, saber mais sobre ele, e, quem sabe, que ele passe a conviver conosco, também! - Respiro fundo e me levanto do sofá.

Dulce: vamos esquecer isso, por favor? - Digo em um fio de voz.

Blanca mãe: só nos diz, por que está escondendo ele de nós? Somos sua família, Dulce! Nós te amamos e queremos o melhor para você! E amaremos quem te fizer feliz, quem cuidar de você! - Diz se levantando e segurando uma de minhas mãos e acariciando ela.

Dulce: não existe namoro, não existe relacionamento sério, simplesmente não temos nada demais, é difícil entender? Temos uma boa amizade, somente isso! E mesmo que tivéssemos algo a mais, vocês não teriam o direito de serem invasivos assim! Isso está me consumindo...

Fernando: Blanca, deixa ela... - Diz colocando a mão no ombro de minha mãe quando ela iria falar. - Filha, só não esquece de todos os ensinamentos que te demos, de todos os valores... A vida não pode ser uma eterna noite badalada! - Diz me puxando para um abraço. Suspiro. - Nós te amamos e queremos o melhor para você! - Assinto. Abraço minha mãe também e depois tentamos agir como se nada tivesse acontecido.

Blanca irmã: acho que o problema nunca foi ser solteira, mas sim todo o histórico e as noites de diversão. - Diz se aproximando de mim quando vou até a biblioteca.

Dulce: o problema é a falta de confiança, é a mente fechada. - Comento e ela ri pelo nariz.

Blanca irmã: você sabe que comigo também existe cobrança. Se dependesse da mamãe, os meus namorados seriam escolhidos pela lista de presença nas missas durante a semana. - Rimos. - A minha sorte é que sempre fui mais tranquila, o lado baladeira ficou para você! - Ela ri. - Eu já te contei, eles sempre me chamaram a atenção quando eu dormia com algum namorado, mamãe tem um pensamento e nada tira isso da cabeça dela! Por um lado eu concordo, não devemos entregar nosso corpo a qualquer um ou a muitos, por outro, não existe tanta coisa mais a se preocupar do que perder a cabeça por conta de uma filha estar dormindo com o namorado?

Dulce: você sempre foi a filha mais religiosa, comigo o maior problema não é nem o sexo antes do casamento, mas o sem compromisso! - Rio. - Acho que o que temos em comum é que em todos os nossos relacionamentos eles esperam que o próximo passo seja o altar, mas isso não é tão simples como no tempo deles, e põe diversos fatores, o maior deles é que não somos obrigadas a nada!

Blanca irmã: eu concordo! O difícil é fazer eles entenderem que os tempos são outros e que as pessoas tem pensamentos e ideais de vida diferentes, mesmo que essas pessoas sejam os nossos filhos! - Assinto. - Mas, em uma coisa vou ter que concordar, você está mais responsável, está até mais bem disposta! Todo domingo chegava aqui com a voz rouca, cansada e com a cara de quem pouco dormiu porque passou a noite toda na balada bebendo muito! - Ela ri.

Dulce: mas isso de nada tem a ver com alguém, com algum responsável por detrás disso. Se não quero ir para a balada beber e dançar a noite toda, não é por influência de ninguém, não, mas simplesmente porque eu não quis ir! - Ela assente.

Blanca irmã: bom... Vamos trocar de assunto, mudar esse clima e voltar para a sala antes que nossa mãe venha atrás de nós! - Rimos. - Relaxa, tudo bem? Você sabe como eles são! - Assinto e nos abraçamos. - Mas antes... Ele é esse príncipe todo que a mamãe nos descreveu? - Ela ri e eu gargalho.

Dulce: é bonito, gostoso e meu amigo! Somente isso, Blan! - Digo divertida em um tom de impaciência e rimos.

Voltamos para a sala e o clima estava melhor, o almoço foi tranquilo e pude aproveitar a presença deles, brincar com minhas sobrinhas.
Por volta de quatro horas da tarde mando uma mensagem para Christopher dizendo que estou indo para o apartamento dele. Pensei muito se devia ir ou não, mas gosto da companhia dele e de conversar com ele, consigo me distrair.

Christopher: oi! - Diz me dando um selinho assim que chego em sua cobertura.

Dulce: não foi para a casa da sua mãe? - Digo o abraçando pela cintura e ele envolve os braços em meu pescoço. Ele nega com a cabeça.

Christopher: ela disse que algumas amigas dela iriam almoçar em casa, então decidi nem ir! - Ri pelo nariz.

Dulce: e almoçou sozinho? - Ele assente.

Christopher: como foi o almoço com sua família? Como estão seus pais? - Suspiro e me desvencilho dos braços dele.

Dulce: foi bom, mas não quero falar sobre isso!

Christopher: por acaso um tal de Christopher tem algo a ver com isso? - Rio pelo nariz e assinto. - Eu senti minha orelha queimar, mesmo... - Diz divertido e gargalho.

Dulce: bobo! - Digo caminhando até a enorme parede de vidro da sala e observando a vista.

Christopher: o que eles disseram? - Pergunta atrás de mim.

Dulce: além de minha mãe ter dito o quanto você é lindo, muito bonito, simpático...? - Rio pelo nariz.

Christopher: então quer dizer que ela te parabenizou pelo bom gosto? - Olho para ele e reviro os olhos. Ele ri e se aproxima colando nossos corpos.

Dulce: só preciso esquecer isso tudo! - Olho para ele que assente e me dá um abraço apertado.

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