Capítulo 40

295 34 3
                                    

Arthur

Três dias depois

— Vamos, essa missão é importante você sabe — Marcos falou com um tom superior, cerrei meus olhos. Será que ele perdeu o medo de morrer?

— Quantas vezes terei que te avisar que eu sou o chefe? Não fale comigo nesse tom novamente, você é o subordinado, eu mando, e você obedece — Passei por ele, o deixando para trás.

A anos o Marcos testa a minha paciência, e o único motivo de ele continuar vivo é que seu irmão é uma pessoa importante para mim, mas isso não me impede de lhe tirar um dos braços.

Ele se manteve em silêncio o resto do caminho. Estávamos indo sequestrar um devedor do capo, Júlio exigiu que eu fosse pessoalmente a missão já que não confiava em Marcos, mas eu não confio em Júlio então não vim sozinho.

Mas Marcos não sabe disso.

Enquanto eu avançava a pequena mata com cuidado, Gabriel cantarolava em meu ouvido alguma música brasileira, ele repetia sempre a mesma parte, diversas vezes me irritando.

— Sentadona, Sentadona, Sen, tá, do, na. Fala que é sem sentimento, mas quando senta apaixona— ele cantava.

— Cale a boca — Falei apertando o pequeno pontinho que estava no meu ouvido.

— Você é muito mal humorado sabia? Ele disse.

Precisava de concentração, mas mesmo assim ele não parou, revirei os olhos retirando o ponto do meu ouvido o pondo dentro do terno.

— É aqui! Falei assim que Marcos se aproximou o suficiente para me ouvir.

— Não acha que está muito quieto? Ele perguntou.

Revirei os olhos, ele apenas havia dito o óbvio, claro que o infeliz estava a nossa espera.

— Fique quieto e me acompanhe — Disse a ele.

Em passos calmos, pé ante pé, fomos nos aproximando da pequena cabana no meio do nada, o lugar estava em completo silêncio, e não havia nada além de um carro velho caindo aos pedaços.

Me encostei o máximo possível no que sobrou do que um dia foi um celta, e observei, fechei os olhos para apurar os outros sentidos, não se pode confiar somente na visão, até porque era noite.

Os únicos barulhos ouvidos eram os pássaros que deixavam aquele cenário ainda mais aterrorizante.

Continuei andando devagar até chegar a porta, e assim que empurrei não me surpreendi ao perceber que a mesma estava aberta.

— Eu acho que ele não está aqui — Marcos disse olhando para todos os lados, no final ele era um medroso.

— Só vamos descobrir depois de revirar esse lugar — Falei.

— Isso não vai ser necessário — Uma voz foi ouvida de outra porta da pequena sala, dela saiu um homem ele não parecia muito mais velho que eu. Apesar de estar escorado em uma bengala.

— E você seria? Perguntei.

— O homem que você veio matar — Ele disse simplista.

— Certo, você está aqui significa que está pronto para morrer? Falei.

— Sim e não — Ele disse.

Juntei as sombrancelhas, manti minha arma a altura de seu rosto, preparado para qualquer movimento que despertasse minha desconfiança.

— Eu vou morrer de qualquer forma, mas não por que você vai me matar, senhor Campanna — Ele falou enquanto se movia para se sentar em uma cadeira próxima — Eu acabei de ingerir umas duzentas miligramas de cianeto, conhece? Ele perguntou.

O olhei surpreso, essa quantidade de cianeto o levaria a morte rapidamente, o que ele pretendia com isso?

— E porque fez isso?

— Ora, não daria ao Júlio o gosto de saber que fui assassinado pelo seu filho. Aquele bastardo inútil.

Ele reclamou sozinho, logo em seguida tossiu e teve dificuldade para respirar, o cianeto estava fazendo efeito.

— Cristiano te quer morto, não Júlio — Falei.

Ele sorriu, e cuspiu um quantidade relevante de sangue em seguida limpando com um pano que estava em suas mãos.

— Você não sabe não é? Pequeno garotinho ingênuo.

O olhei desconfiado, o que ele queria afinal?

— O que eu não sei? Perguntei.

— Bom, eu vou morrer de qualquer forma, então acho que não tem problema te contar — Ele disse — Há quatorze anos atrás um homem foi morto em um carro, nesse carro tinham três pessoas, uma criança, um adulto amargurado e um motorista. Bom, eu era o motorista.

Juntei as peças, rapidamente percebi que ele falava do meu pai, ele estava dirigindo o carro no dia que meu pai foi morto, no dia que Júlio o matou.

— Não pode ser, as contas não batem, você é muito novo...

Falei não querendo acreditar, Marcos nós olhava sem entender nada.

— Você tinha quatorze, eu tinha dezoito e uma ficha limpa, tudo que Júlio precisava, mas antes que eu morra eu tenho algo para te contar.

Ele se levantou com dificuldade, seus passos vinham acompanhados de uma tosse seca e sangue, muito sangue.

Aos poucos ele se aproximou de mim, antes que ele chegasse perto demais, apontei minha arma para sua testa, a única coisa que nos distanciava era o cano da minha arma.

— Roger, tem uma filha... — Ele disse em palavras intercortadas. Essa foi a última coisa que ele disse, antes de cair no chão morrer engasgado com o próprio sangue.

Minhas mãos tremiam tanto, que a arma derrepente se tornou mais pesada do que eu poderia segurar, eu tinha uma irmã, mas obviamente não era filha da minha mãe.

As peças do quebra cabeça que era a morte do meu pai, pareciam ainda mais confusas, eu pensava estar perto de resolver todo esse mistério, mas cada vez que eu achava que estava me aproximando, algo acontecia e me distanciava.

Enquanto peças se encaixavam outras apareciam, e para piorar tudo isso girava em torno de uma única pessoa...

Júlio Campanna.

No final sempre foi ele, desde o início Júlio manipulava esse jogo, eu era apenas um peão, ele matou meu pai na minha frente, ele tinha um acordo com o Pedro, ele conhecia a Rosalinda, ele tinha um caso sórdido com a minha mãe.

No final, ele sempre manipulou isso a sua maneira, ele me manipulou, destruiu o pouco que ainda restava da minha vida, destruiu o meu irmão e destruiu uma família, Júlio Campanna destruiu tudo.

E eu mais do que nunca, queria destruir ele.

🥱

Vocês acham que está tudo muito confuso? Porque se acham significa que está tudo dando certo.

Entramos em reta final.

Vocês estão prontos para se despedir dessa história?

Vanessa e Arthur estão indo embora, e nós vamos ficar, apenas na esperança de que um dia, talvez, tenhamos a chance de viver algo parecido.

Mas parando para pensar, é melhor não 😬😬😬 KKKKKKKKKKK

Para Sempre: MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora