02 - M•M

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Marília Mendonça:

Não sabia ao certo como reagir a presença de Henrique, meu coração batia de forma desesperada. Tentei de todos os modos me concentrar em Murilo, contudo não conseguia ficar em paz sabendo que ele possa estar com Léo em seus braços nesse momento... E pior, sozinho com minha mãe.

Suspirei abraçada ao Murilo e senti seu aperto, o moreno se tornou uma pessoa muito mais que especial. Não o amo... Ainda. Mas sei que é questão de tempo para que isso venha a acontecer, estamos a cada dia mais próximos, e quase todos os dias falamos em nosso futuro como casal.

— Se quiser contar, está é a hora – ouvi a voz do meu namorado.

— Não, estamos bem assim, não estamos? – perguntei o olhando.

— Sim, estamos – ele suspirou e depois me olhou com atenção. — Sabe o que eu acho sobre sua decisão, mas sempre estarei ao seu lado – concordei. — Bom, eu preciso ir... Vai ficar bem?

Apenas disse um sim, nos despedimos e fiquei na porta vendo-o ir embora. Voltei a sentar no sofá, meu coração pedia, na verdade implorava para que eu subisse e finalmente me resolvesse com ele, mas não podia, me sentia muito mal com a forma como tudo terminou entre a gente, doía ainda mais lembrar suas palavras.

Lembro-me de Henrique surtar ao descobrir minha gravidez, ele tentou vir atrás de mim, brigamos mais uma vez e então suas palavras mais uma vez acertaram em cheio o alvo... Meu coração.

— Você diz que não tem mais nada com ele e de repente está grávida?

— E do que isso importa?

— IMPORTA QUE VOCÊ MENTIU PRA MIM... – gritou e lembro de me encolher diante de sua furia. — Nunca pensei que você seria esse tipo de pessoa.

— Que tipo de pessoa?

— Que mente... — engoli em seco quando vi suas lágrimas — Você é uma mentirosa, você destruiu o meu coração Marília.

— E você o meu quando disse que foi um erro...

— A minha esposa estava internada, como eu deveria reagir?

— Agora não importa mais, já está feito e como além de ser um erro sou também uma mentirosa – a lágrima desceu. — Vai embora e só me procure quando estiver disposto a me pedir desculpas e principalmente quando aceitar que sim... Eu estou grávida.

Meus olhos lacrimejaram, ele não tinha esse direito... Levou mesmo oito meses para vir me procurar?

Claro que sinto saudade dele, mais é melhor sentir saudade do que viver do jeito que estávamos vivendo. Não nos fazia bem.

Minha boca secou e meu coração disparou quando lembrei que o homem que está lá em cima ainda continua sendo o amor da minha vida, será que vai ser sempre assim?

— Que ódio – disse sentindo as lágrimas que tanto me esforcei em segurar... Cair.

As enxuguei com certa brutalidade, fechei os olhos e senti meu corpo começar a relaxar, todavia lembrei da indireta da dona Ruth... E pior, lembrei que estavam sozinhos lá em cima.

Levantei e caminhei até às escadas, precisava supervisionar a conversa de ambos. Em silêncio cheguei a porta do quarto do meu filho, e antes de abrir a porta ouvi minha mãe rir.

— Tem toda razão, filho – ela dizia rindo alto.

Era tão bom ouvir sua risada, engraçado que mesmo gostando do Murilo, minha mãe não parece a vontade em sua presença. Já com o Henrique... Ela o amava como se ele fosse de fato seu filho, era assim com ele e era assim com o meu amado Juliano.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora