20 - M•M

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Uma ligação.

Não recebi uma única ligação do Ricelly em meu aniversário, uma mensagem, nada. Absolutamente nada. Talvez ele tenha entendido o que quis dizer e esteja me odiando, ou simplesmente fingiu não entender mais uma vez.

Sendo sincera, não vou mais me importar com isso, mesmo não falando com palavras, sempre dei a entender, o problema é dele se é tão lerdo ao ponto de não entender nem mesmo sua mãe - que passou os últimos meses me abusando com o assunto. Senti um certo desconforto ao notar que ele não iria me procurar tão cedo, talvez tenha exagerado em minhas palavras.

Um suspiro frustrado saiu por meus lábios, pisquei os olhos inúmeras vezes antes de notar a presença de Luiza ao meu lado, ela parecia tão curiosa e tão pronta para tirar sarro com a minha cara. Assim como Iago, que estava sentado a minha frente com Léo em seus braços. Aqueles dois dividiam o mesmo neurônio e me encaravam ansiosos por uma resposta minha.

Não sei em que momento Luiza sentou ao meu lado, apenas lembro de seus olhos um tanto quanto arregalados e a forma nervosa que andava de um lado para o outro em minha sala. Iago por sua vez parecia tranquilo, curioso... Mas muito tranquilo com a minha possível resposta a sua pergunta.

Pensei durante algum tempo, o que deveria responder? Que sim? Ou que era um absurdo?

Todavia, eles me conheciam perfeitamente para terem a certeza de que se ousasse dizer um não, estaria mentindo na cara dura. E mentir, não é do meu feitio - mesmo que esteja mentindo durante todo esse tempo - e eles tem consciência disso.

- Sim, ele é o pai dele - sinto meus olhos lacrimejarem e uma pontada em meu peito, ainda era duro falar sobre isso e confessar que Henrique era o verdadeiro pai do meu filho.

- Aí caralho - Luiza arregala os olhos e esconde o rosto entre as mãos.

- Marília com que cê faz isso com o Murilo? - o tom de voz do meu amigo é acusatório.

- Ela não fez nada comigo, Iago - a voz do meu namorado ecoa na sala. - Eu que sugeri isso.

- Por que cara? - indagou surpreso.

- Porque eu gosto da Marília, ela não merecia todas as palavras que o Henrique dirigiu a ela - meus olhos derramaram as primeiras lágrimas. - Ele foi um escroto do caralho, um verdadeiro desgraçado.

- Iago, ele fez porque está apaixonado... É normal cara - Luiza intervém.

- Não estava naquele momento, mas não podia deixa-la do jeito que estava - ele sentou ao meu lado, na parte vaga do sofá. - Se fosse a Luiza passando por isso...

- Ei Huff, nem me envolva - ela diz levantando e indo pegar uma outra bebida na cozinha. - Sou muito bem casada.

- Existe uma grande diferença nessa história - Iago diz encarando o amigo. - Eu amei e amo a Luiza, diferente de você em relação a Marília.

- O que? - vejo o corpo de Luiza travar no lugar e sua voz sai falha.

- Do que ele está falando? - perguntei encarando Murilo.

Luiza voltou seu corpo a sala e olhou para Iago, ele parecia um tanto quanto surpreso por ter confessado o óbvio, olhei para a mulher e achei patética a sua surpresa. Está tão na cara que ele a ama, tão na cara que ele não esqueceu como vive dizendo.

Suspirei irritada com tanto espanto, contudo ainda sentia a necessidade de ouvir a resposta do Murilo. Claro que sei que não me ama tanto quanto amou a vitória, mas ele disse que me amava. Disse que me amava no dia do meu aniversário e eu me declarei para ele no dia da Live das Patroas, e só o fiz por achar que era recíproco.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora