Ligação Covarde

11 - R•H

29/07/2018  Gravação do DVD Menos é Mais – Henrique & Juliano

Não consegui segurar o sorriso quando ouvi alguém falar que o avião de Marília acabava de pousar, sentia meu coração bater forte e rápido. Juliano me encarou e negou com a cabeça, continuamos cantado enquanto tentava, sem sucesso, esconder o sorriso.

Esperava vê-la o quanto antes, não podia negar que me sentia mal em ter minha namorada ali e estar quase enlouquecendo com a demora de uma outra mulher aparecer em meu campo de visão.

Pedi a alguém da minha equipe para trazê-la, não queria esperar ela se arrumar, precisava, ansiava por nosso encontro. Meu irmãos caminhou dançando até mim, sorri da forma como ele fazia seus passos.

— Você é um escroto do Caralho! – Juliano diz com o microfone bem longe.

— Eu sei – fui obrigado a sorrir, estávamos rodeados de câmeras.

Meus olhos vacilaram quando a vi, ela tinha o mais belo sorriso, meu coração se encheu do mais puro amor. Aquela mulher me tinha por completo, era sem dúvida o grande amor da minha vida, a ajudei a subir no palco e mesmo achando que ela me odiava, ainda assim fui o seu primeiro abraço. Logo ela se apertou no Juliano e quase não o soltou.

Ensaiamos nossa nossa música e ela deixou o palco com a promessa de que logo voltaria, sabia o quanto ela ainda estava magoada, tinha consciência de que apenas estava sendo educada. Por alguns segundos achei que ela não viria ao dvd, que gravariamos Completa a Frase sem ela, mas a loira me surpreendeu.

A expressão no rosto de Amanda mudou, tentei ignorar tanto ela quanto meu irmão que estava furioso comigo, observei Mohana sair com ela, sabia o quanto as duas se gostavam e o quanto Marília significava para a minha cunhada. Esperava ansiosamente pelo momento em que teria a minha loira aqui novamente, ela era tão linda, tão perfeita... Tão minha.

Meu coração quase parou quando vi minha menina voltando para perto do palco, ela estava deslumbrante, parecia tão segura de si, tão animada, tão feliz. Queria ser o motivo de sua felicidade, a razão do seu sorriso, contudo notei que seu semblante tranquilo e sereno mudava sempre que seus olhos caiam sobre mim. Tentava a todo custo me dividir nas duas extremidades do palco, lugares onde estavam Amanda e algumas de suas amigas, e Marília com Mohana.

Só notei que sua saia era transparente quando ela subiu no palco outra vez, Marília quero me enlouquecer, só pode. Onde já se viu usar aquele tipo de roupa? Ah mas ela vai me ouvir, odeio quando ela decide mostrar mais do que deve de seu corpo, outro ponto que me irritou: o cropped. Ela estava empenhada em me irritar.

Conforme íamos cantando, me perdia em seus olhos, seus sorrisos e esquecia do mundo ao nosso redor. Marília tinha esse efeito sobre mim, era como se só existisse nós dois ali.

— E o que eu não disse na música: ciúme e saudade – era exatamente aquilo que estava sentindo.

Ciúmes e muita saudade.

A puxei para uma abraço e comecei a cantar Não Deixo Não – Mano Walter. Começamos a dançar e ela dizia baixo com seu perfeito tom de ironia o quanto estava puta com aquela encenação do caralho e o quanto ela me odiava naquele momento.

Marília começou a brincar com o público e deixei, amava quando ela interagia com as pessoas, era uma forma de vê o quanto ela se importava com cada ser que se disponibilizava em sair dessa casa e ir ali, nos prestigiar. 

—... é por que eu tô magra? – ela falava do cropped. — Não é, porque eu não tô magra é porque eu tô foda-se.

Gargalhei, ela estava perfeita. Por mais que não gostasse daquela roupa, ela estava maravilhosa.