32 - R•H

479 48 113
                                    

A tal consulta do Léo na terça-feira acabou alterando os meus planos, ou seja, não poderia viajar para a fazenda e passar meu aniversário em casa com meus filhos e meus pais. Sendo assim, pedi para que Amanda pegasse o primeiro avião na segunda e trouxesse Helena e Miguel, queria passar o dia com meus meninos, em família.

Era tarde da noite, estava revirando na cama sem conseguir dormir, sem conseguir parar de pensar em como Marília parecia feliz. Ela estava diferente, tinha um brilho diferente no olhar, o sorriso que carregava… tinha algo diferente e era esse diferente que ferrava comigo.

Ouvi batidas na porta e a mesma ser aberta revelando Juliano, ele parecia cansado, seus olhos estavam levemente vermelhos, sabia que estava esgotado. Afinal já faz um tempo que ele e Mohana vem brigando, raros têm sido os momentos em que estão em paz, sempre tem algo pequeno que se torna grande e vira um abismo, isso me lembra muito meu antigo relacionamento.

Marília e eu éramos exatamente assim.

— Também não consegue dormir? — Ju perguntou e sentou na minha cama.

— Não… o que cê acha que está rolando lá? — indaguei imaginando o que estaria acontecendo na casa da loira.

— Não sei — suspirou e deitou ao meu lado. — Mas sei que era algo relativamente importante.

— Mohana não chegou, né?

— Ela está tão puta comigo, acho que vai ficar por lá esta noite — falou com a voz arrastada.

— Cês precisam se acertar.

— Cê num acha que eu sei? — olhei para ele e o vi fechar os olhos. — Mohana é o amor da minha vida, Ricelly.

— Então não seja idiota de perde-la — falei sério e ele me encarou. — Eu sei, não ouse falar sobre a minha burrice em ter perdido a Marília.

— Será que perdeu mesmo? Terça você e ela estarão juntos, nem que seja por uma única hora, faça valer a pena nim, você a ama.

Suspirei.

Será? Talvez, só talvez ele possa estar certo, será que realmente podemos nos acertar? Será que ficaremos bem? Será que consigo engolir todo esse orgulho? Sim, já fiz uma vez… embora saiba que foi a pior das ideias.

Digo, ficar com ela não foi a pior ideia, ruim mesmo foi simplesmente precisar ir embora no dia seguinte e não a acordar. Passei todo o dia tão ocupado que não vi as mensagens que ela me enviou, e no final… no final não pude responder, sabia o quanto ela estava furiosa e magoada, mas só vi todas as três mensagens quando o Murilo veio aqui.

Então era isso, ela realmente achou que eu a usei… que frase sem sentido.

— Henrique, fala com ela, tenta explicar o que aconteceu… sabemos que você não faria aquilo de propósito, eu te conheço o suficiente para saber que você não é um filho da puta que usa as pessoas.

— Eu não quero falar sobre isso Juliano, você sabe o que realmente aconteceu, não tive chances de ao menos me explicar… Murilo não me deu tempo, eu não vi as mensagens a tempo. Acho que preciso aceitar que acabou.

Uma notificação interrompeu a conversa e Juliano sentou-se na cama lendo a mensagem que recebeu, ele parecia pensar um pouco e saiu do meu lado dizendo que iria buscar a esposa. Afinal, Mohana não dormiria na casa da Mendonça.

Minha empolgação em conversar com ela e saber os detalhes do jantar, quase me fizeram dizer que iria também com ele. Contudo, ficar em casa e olhar as crianças era o mais acertado, saí do quarto e fui para o quarto das crianças, sentei em uma cadeira perto da caminha do Léo e fiquei o observando.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora