||Bônus||

528 48 66
                                    

Amanda Vasconcelos

Antes de descobrir minha gravidez, havia pedido o divórcio ao Henrique. Motivo? Estava e estou cansada dessa vida que estamos levando, pedi para que ele pensasse nessa possibilidade mas o mesmo negou e disse que era um absurdo.

Quando descobri outra gravidez, pensei no quão fodida estava a minha vida para ser mãe de mais uma criança. Como conseguiria lidar com mais isso? Não estou reclamando, afinal adoro crianças e fico feliz por saber que dentro de mim está crescendo mais um anjinho, mas mentiria se disse que não estou com medo.

A reação da meu marido me deixou ainda mais desesperada, quando ele negou o nosso divórcio realmente achei que estava conseguindo um espaço em seu coração... Trouxa, não chegava nem perto disso. Percebi no momento em que Marília atendeu o seu celular, mas uma vez ele estava a procurando.

O que eu podia fazer quanto a isso? Não posso simplesmente culpa-la, não posso odia-la... Marília faz tanto por mim e por minha filha, que não existe espaço para ódio. A amo, aprendi a amar cada detalhe dela.

Entendo o amor dele, Marília é mesmo apaixonante.

Mas o que não entendo é esse seu prazer em me humilhar, não fiz meus filhos sozinha, não me aproveitei de seus surtos alcoólicos, sempre cuidei para que nossas relações fossem com ambos sóbrios, para não correr o risco de dizer que me aproveitei. Já existe tanta gente me odiando, não queria que ele fosse um desses.

Me dói saber que basta um estalo de dedos e ele corre atrás da Lila, e olha que ela já deixou bem claro inúmeras vezes que não quer mais nada com ele. O que pra mim chega a ser a mentira mais ridícula que já ouvi, mas quem disse que estou em condições de contestar alguma coisa? Nunca tive posição nenhuma.

Para nada.

Ah mais você é a esposa dele... Tá, mas qual é a importância que isso carrega para ele? Nenhuma, do contrário estaria aqui comigo, feliz e ansioso por mais esse bebê que está vindo.

— Aconteça o que acontecer, a mamãe sempre vai amar vocês — sussurrei repousando minha mão na barriga e olhando para Helena que dormia tranquilamente.

Respirei fundo quando olhei para a porta do quarto e o vi parado, Henrique me encarava com uma expressão neutra. Já imaginava sua cena, me pediria perdão e diria que não iria se repetir. Mas já chega, estou cansada.

— Podemos conversar? — indagou.

— Não, agora estou ocupada — disse voltando minha atenção para as roupas de Helena.

Tinha decidido passar uns dias na casa de meus pais, sei o quanto meu pai iria falar, mas estava irredutível. Não quero ficar aqui com ele, pelo menos não agora.

— Tem uma mala no nosso quarto — ele diz baixo.

— É, eu sei — suspirei.

Queria mesmo ignorar sua presença, o amo, o amo muito, mas ele mesmo está matando esse amor.

— Então?

— Então o que Henrique? — parei de separar as roupas da Lelê e encarei meu marido.

— O que isso significa?

— Significa que irei para a casa dos meus pais...

— Você está grávida.

— E qual o problema nisso? — cruzei os braços.

— Quero estar por perto, você não pode me impedir...

— Não estou te impedindo de nada, só quero ir para a casa dos meus pais... —falei baixo e fechei a mala com da minha bebê.

— Seu lugar é aqui, Amanda não faz assim — segurou meu braço quando passei por ele.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora