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14/06/2020

Live Festa das Patroas

Quando a pandemia iniciou, achei que era uma conspiração do mundo contra a minha pessoa, visto que estava a mais de três ou quatro meses afastada dos palcos. Agora essa história de distanciamento social, de ficar em casa vinte e quatro horas por dias está me deixando louca, claro que estou aproveitando, a quarenta caiu como uma luva na minha maternidade.

Como mãe agradeço a oportunidade de passar mais tempo com o meu anjinho, como cantora estou implorando a Deus que tudo mude. Como ser humano, me parte o coração vê tanta gente morrer e não poder fazer nada.

Me recostei no sofá da sala e comecei a contar os segundos para encontrar as meninas, mesmo tendo passado muito tempo ensaiando com elas para a Live, contudo Maraísa continua distante e sem querer falar comigo. Lembro do quanto foi difícil de convencê-la a fazer aquela Live comigo, queria que ela me perdoasse, que me ouvisse e entendesse o meu lado, Maraísa está irredutível.

Por este motivo falei com Maiara, tudo o que tinha para resolver sobre a Live foi com a ruiva, Maraísa não queria mesmo me ouvir e isso me matava. Maiara era quem não gostava dessa situação e mesmo no indagando sobre o motivo de tanta raiva, não contamos. Ao menos isso, ao menos a ruiva não sabe.

Ela diz ser impossível a Lila dela fazer algo tão horrível ao ponto da irmã dela não querer ficar tão perto de mim.

— Chegamos – Maiara passa lá porta e vem correndo para perto de mim.

— Oi minha ruiva – a apertei em um abraço. — Que saudade que eu tava d'ocê.

— Uai, Marília carinhosa assim?

— Mas eu sou carinhosa, só não gosto de grude – continuei a apertando.

Maiara gargalhou, estava precisando de minha amiga. Mesmo tendo minha mãe comigo todos os dias, sentia falta de alguém, me sentia sozinha.

Sem perceber, estava fungando.

— Cê tá chorando Lila? – Maiara se afastou e me olhou. — Oh meu amor, o que houve?

Forcei um sorriso, limpei as lágrimas e então olhei para Maraísa que estava distante e me ignorando. Era isso, meu problema era não ter minha amiga. Estava com saudade da Maraísa, e ela nem aí para mim.

Nem mesmo me dirigia seu olhar, era incrível como isso me deixa sensível.

Ouvi a babá eletrônica e agradeci a Deus por boa precisar responder a pergunta de Maiara, apenas me levantei e corri para o quarto do meu filho. Ela estava chorando e parou no minuto exato em que me olhou, abri um sorriso e o peguei.

Troquei a frauda dele que já estava cheia, lhe arrumei e comecei a brincar e conversar com ele.

— Ou, para um pouco amor da mamãe, a cada dia que passa você se parece ainda mais com seu papai – ri e comecei a beija seu rostinho. — Da uma segurada, vidinha.

— Isso se chama Karma – olhei para Maraísa para na porta do quarto. — Anda Marília, para com isso e fala a verdade.

— Eu não posso, Isa! – suspirei.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora