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Conforme o tempo passava, minha comunicação com Marília se tornava algo raro, olhar para ela sem lembrar dos últimos dois anos ainda é algo impossível. Percebo sua tentativa de conversar, em tentar se aproximar, contudo ainda está muito recente e não consigo engolir o fato de que ela me escondeu algo como um filho.

Quem faz esse tipo de coisa? Não a reconhecia, e pior, não me reconhecia. Era difícil estar no mesmo ambiente que ela, a raiva ainda estava muito presente e a dor de saber que o meu amor mentiu pra mim por tanto tempo me corroía.

Ela me viu ensinar ao meu filho a me chamar de tio… tio! Isso é um absurdo.

Durante esses quase dois meses, me mudei para Goiânia, a minha rotina variava entre os shows e recuperar o tempo perdido com o Léo, estávamos tentando acostumá-lo a me ter por perto. Com isso já consegui tê-lo em minha casa por dois dias, agora vamos determinar os meu dias com ele e o dele com ela. Entretanto uma coisa não sai da minha cabeça… como Murilo está com tudo isso?

Marília uma vez me disse que o Léo era a vida do cantor, como poderia afastá-los? Me colocando em seu lugar vejo o quão bom e incrível ele foi com ela, me colocando em seu lugar… não conseguiria abrir mão do Léo assim.

Por este motivo, antes de assumir sua paternidade, fiz pesquisas e falei com meus advogados, precisava achar um jeito de não tirar o nome dele da certidão de nascimento do meu filho e poder acrescentar o meu. Depois de muita conversa e muitos conselhos, fiz o teste de DNA para comprovar que ele era mesmo meu filho, não que estivesse duvidando mas precisava provar para o juiz.

Depois de muito estudar nossa situação, estou indo a casa dela, marcamos de nos encontrar lá e resolver quais serão os meus dias e os dela. Não esperava o seu ao vivo, a forma com a morena falou dele e de mim na live, ficou claro seu ressentimento.

Meu irmão continua sem falar com ela, e sei o quanto doeu nele ouvi-la dizer que todos os seus amigos a virou as costas e que de todos só podia contar com Murilo. O que não foi uma mentira, tenho conversado com ele todos os dias sobre isso, porque acredite ou não, Edson Junior me seguiu até Goiânia.

Nossa rotina virou uma bagunça, visto que estamos morando na mesma casa e como compartilho a guardas das crianças com Amanda, passo quinze dias com eles e é uma loucura uma vez que já temos duas bebês em casa e agora está chegando outro.

Ao chegar na casa de Marília, fui bem recebido por dona Ruth e por Murilo que tinha o pequeno Léo em seus braços. Olhei para todos os cômodos da casa e não a vi, quando pensei em perguntar por ela, sua mãe nos mandou sentar.

— Marília pediu para dizer que não vai descer — Murilo fala sem me olhar, pois tinha toda a sua atenção no meu filho. — Pediu para que você e eu resolvêssemos o que acharmos melhor.

Me aproximei e beijei o rosto do meu menino, meu coração se encheu de alegria quando ele me estendeu os bracinhos pedindo colo.

— Pois peço que digam que só saio daqui quando resolver isso com ela — falei. — Né meu amor — peguei Léo.

— Não pôde força-la a nada — Murilo debateu.

— Marília agora tem um defensor? — perguntei. — Não sabia que ela precisava… afinal, ela articula as coisas tão bem sozinha que chega a ser cômico ter alguém falando por ela.

— Você não vai falar assim dela! — ele disse apontando em minha direção. — Eu não vou permitir que falte com respeito dentro de sua própria casa.

— Respeito? Você quer que eu a respeite depois do que ela nos fez? Fala sério Murilo, ela mentiu pra mim e te fez assumir uma responsabilidade que não era sua! — falei.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora