18 - M•M

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October 17, 2020

Já fazia um tempo desde a última vez que vi o Ricelly, sinceramente? É melhor assim, sempre que estamos longe um do outro a vida parece mais leve, infelizmente essa é a nossa realidade. Não tem muito o que fazer sobre isso.

Foquei na minha vida, no meu filho, no meu relacionamento com o Murilo e por fim, mas não menos importante, na minha carreira. Meu namorado tinha razão, não podia parar minha vida por causa de outra pessoa, precisava seguir.

Soube por Mohana que as coisas estavam complicadas na fazenda, tentei ignorar mais foi impossível quando meu celular não parava de tocar, todos os nossos amigos já sabiam o que estava acontecendo e me ligavam para saber como estava, o que de fato aconteceu naquela noite o porque Amanda simplesmente foi embora para a casa dos pais dela.

Aquilo me pegou de surpresa, mas como se soubesse o que ia acontecer, escrevi uma música... E foi exatamente o que aconteceu, ele foi buscar a mulher e a levou para casa dizendo que tudo ficaria bem, que não sou mais um problema.

Em um pequeno intervalo da live, corri para o banheiro e acabei vomitando, estava enjoada e não, não havia chances de estar grávida de novo, só estava enjoada de tudo o que estava vivendo naquele momento.

Já recuperada, Murilo me perguntou se não era melhor encerrar a live e ir descansar. Cuidou de mim durante todo o intervalo, Bahia quase não se aproximou visto que já estava em ótimas mãos, meu tio sorriu e seu olhar parecia me mandar forças para encarar qualquer coisa.

Cantei algumas músicas e por fim chegou a vez dela, contei uma história completamente diferente da realidade, encarei Murilo esperando seu sorriso como forma de encorajamento e no segundo seguinte ouço o toque da música. Meu namorado sorrir e então minha voz se junta a melodia.

Bonito não é, nem chega aos pés
Do conto de fadas que a moça sonhou
Não foi por querer, foi por convencer
De tanto forçar, ele se acostumou, não soltou

Me esforcei para não deixar a emoção me tomar, sabia que ele estava me assistindo e não queria demonstrar fraqueza.

Água mole na pedra bateu
De tão dura a pedra cedeu
Ela achou que era amor
Ele achou confortável, ficou

Foi exatamente isso, estava confortável e a única coisa que lhe restava era ficar.

Não foi por amor
Foi aquele domingo de cama vazia
Saudade dos filhos, da mensagem de bom dia
Medo de morrer sozinho, pressão da família
Foi tudo, menos isso que chamam de amor

Ele não a ama e disso tenho a mais absoluta certeza, mas por que não assinou a droga do divórcio que ela pediu? Tá doido bem que ela está grávida, mas poxa.. ele nem sabia disso quando ela pediu. Nem mesmo ela sabia.

Não teve pedido, nem data marcada
Nem quer casar comigo, nem beijo na escada
Em nome da solidão e da carência
Não foi por amor, foi por conveniência

Nunca pensei em escrever uma música para Amanda, e aqui estou eu... Não só cantando sobre ela, quanto gravando pra ela.

Sabe a sensação de cutucar a onça com a vara curta? Pois então, estou sentindo isso. Henrique vai me odiar, na verdade já está me odiando.

Pior, essa é uma música solo, ele nunca vai me perdoar por isso.

Não foi por amor, foi por conveniência

Encerrei a música e sorri, tinha de sorrir. Do contrário o público levaria muito para o pessoal, e não é legal fazer teorias sobre tudo que canto, na maior parte dos casos a história nem é mim, como está... É pra Amanda, é sobre alguém que ama tanto que acaba se submetendo a uma vida quase que infeliz.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora