26 - M•M

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— Bom dia amor — digo ao entrar no quarto de meu filho.

Henrique estava de pé à frente do berço, todo o seu corpo estava rígido, pude vê a forma como segurava a madeira do berço e isso me deixou intrigada. Me aproximei e abracei sua cintura, beijei suas costas e logo encostei meu rosto nela.

— Como está se sentindo? Queria tanto conversar e…

— Por que mentiu pra mim? — Uni as sobrancelhas e me afastei para o olhar.

— Do que está falando? — Vi um sorriso sarcástico em seus lábios e meu coração congelou.

— Não se faça de desentendida, Marília… eu ouvi, por quê? Só me explica um único motivo para que eu entenda toda essa mentira que estamos vivendo a mais de dois anos.

Engoli em seco e olhei para Léo que dormia tranquilamente, o moreno me encarava enquanto eu não encontrava forças para olhar em seus olhos. Talvez ele tenha percebido a verdade que esteve à sua frente todo este tempo.

— E por favor não vem com a história de que foi um erro, você sabe que em meu estado normal nunca diria aquilo.

— Aqui não Ricelly — falo quando ele eleva o tom de voz.

— Tem razão, aqui não! — Ele olha para Léo e depois para mim saindo do quarto sem dizer mais nada.

Senti as lágrimas em meus olhos e o medo tomar conta do meu corpo, ele finalmente descobriu, não precisei falar. Ele simplesmente me ouviu.

Demorei um pouco mais do que deveria no quarto do meu filho, sabia que a partir do momento em que saísse dali, as coisas não seriam fáceis ou tão simples como parece ser em minha cabeça. Pelo olhar que Henrique me dirigiu antes de sair do quarto, ele nunca me perdoaria.

Puxei o ar e caminhei para fora do quarto, indo ao meu. Não sabia o que me esperava quando passasse pela porta, mas sabia que precisava encarar.

Henrique andava de um lado para o outro, seus olhos vermelhos e inquietos me encararam no momento em que passei pela porta. Meu coração estava acelerado, meu corpo tremia e o medo gritava, ele iria me odiar e não sei se estou preparada para isso.

— Antes de mais nada…

— Você não tinha o direito, Marília.

Engoli seco.

Ele estava furioso, sabia que faltava pouco para começar a gritar e justo hoje minha casa estava cheia. Afinal, esta noite seria o aniversário do meu filho.

— Eu tentei te falar, você que não quis me ouvir, praticamente esfreguei a verdade na sua cara e você se fez de cego.

— Tentou falar? — perguntou alto. — VOCÊ TENTOU ME FALAR? AGORA A CULPA É MINHA? VOCÊ ME ESCONDE ALGO IMPORTANTE E A CULPA É MINHA?

— Para de gritar, por favor não grite…

— Como você quer que reaja diante disso, Marília? Você mentiu pra mim, você… porra!

O silêncio reinou por alguns segundos, sentia as lágrimas rolarem enquanto ele me encarava, realmente não saberia lidar com todo aquele ódio que seus olhos demonstravam. Henrique respirou fundo e passou a mão no rosto.

— Como você teve essa capacidade? Por que fez isso comigo? Marília eu passei noites chorando, achei que você tinha me traído, implorei a Deus para o Léo ser meu filho…

— Eu tentei contar, juro que tentei, mas você não me dava ouvidos, a primeira coisa que fez ao saber da minha gravidez foi brigar comigo sem me dar a chance de contar a verdade.

Ligação CovardeOnde histórias criam vida. Descubra agora