Capítulo 02.

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Faltava menos de uma hora para amanhecer, a mulher deixou o saco que carregava próximo da janela de seu quarto, entrou por ali mesmo tirando aquela roupa preta que usava em ocasiões... Necessárias, como aquela.

Tomou um bom banho que lhe revigorou de uma forma impressionante, seus cabelos estavam presos em uma trança. Annelise se olhou no espelho ajeitando o vestido azul em seu corpo, ela era bela, tinha a plena noção disso. Não era atoa que idiotas como Amélio lhe perseguiam.

Escondeu o saco em um baú que possuía e pegou o último saquinho com berī e saiu de seu quarto. Desceu as escadas indo até a cozinha vendo-a vazia.

— Então aí está você Annelise Carrico. — Se virou rapidamente vendo sua irmã de consideração Sally de braços cruzados.

— Sally.

— Anne.

— Annelise! — Agora sua atenção voltou para a divisória do salão e da cozinha onde dona Maria vinha em passos firmes em sua direção — Sua garota mal agradecida! Sumiu novamente! A noite de hoje foi totalmente cheia, precisávamos de você aqui.

— Vovó. — Annelise soltou um suspiro e caminhou até a senhorinha abrindo sua mão e deixando o saco de berī's. — Vamos! Está quase amanhecendo, temos que acordar esses bêbados e abrir a taberna. — Revirou os olhos colocando o avental.

Annelise saiu da cozinha se deparando com o estado lamentável do salão: homens caídos no chão, outros na mesa depois de uma noite de bebida. A única coisa boa que aqueles piratas ofereciam era o dinheiro pelas bebidas, e ela adorava o fato deles acordarem com ressaca, era um castigo divino.

A mulher começou a arrumar as mesas vazias, tirava os copos vazios colocando em um carrinho e limpava as mesas colocando toalhas novas. Ouviu o barulho das portas e não se importou em virar.

Viu sua avó sair da cozinha ainda com o saquinho de berī's na mão.

— Me perdoe, Shanks! Por fazê-lo perambular a vila até agora, aqui está a minha neta irresponsável. — Apontou para Annelise que olhou feio para a senhora.

— Aí está a senhorita afinal de contas, não devia deixar sua avó preocupada.

O sorriso de escárnio nós lábios de Annelise sumiu no mesmo instante assim que ela reconheceu aquela voz e se virou em sua direção, os olhos do ruivo também se arregalou, mas ele soube disfarçar bem.

— Piratas, vovó? — Annelise olhou a mais velha.

No momento que Shanks foi feito de trouxa, ele passeou um pouco mais pela cidade ainda curioso sobre quem era a dama da noite, sabia que não podia ser feito mais nada e sentia que a neta de dona Maria já devia ter voltado para casa, então perto do amanhecer ele voltava para a taberna.

No topo da subida viu o sol nascer, ele sorriu vendo a vista belíssima, logo entrou na taberna vendo alguns de seus companheiros despertando e sorriu com aquilo. Dona Maria saiu da cozinha se desculpando e apresentando a neta "irresponsável", mas ao se virar para encarar a dozela fujona, seus olhos se arregalaram.

Qual a chance? Ali em sua frente estava a dançarina que lhe hipnotizou noite passada, suas vestes estava diferentes, mas ele não iria esquecer aquele rosto delicado, muito menos os olhos profundos, porém havia algo a mais. Shanks sentia que aquele olhar não havia presenciado apenas uma vez.

O ruivo se voltou para a senhora Maria que apertou em sua mão um saco dourado e tudo pareceu encaixar na cabeça de Shanks. Ele juntava as peças.

— Sabe que eles podem atrair a Marinha para este lado. — Disse Annelise, e agora não havia sequer mais dúvidas.

Shanks e a Dama da Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora