Capítulo 08.

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Benn Beckman conseguiu ouvir o grito de Annelise do corredor e ele sabia o motivo, entendia a dor. Ambas as irmãs precisaram do luto e Sally precisava de espaço.

Ele sentia a raiva subir toda vez que lembrava de quando entrou naquele Quartel e de como encontrou a irmã mais nova: acorrentada com boa parte das roupas rasgadas e os nojentos em sua volta rindo enquanto ela chorava. Ele não hesitou em atirar na cabeça de cada, não se arrependeu e se houvesse algo que pesava em sua mente foi por ter descoberto aquela mais cedo, chegado lá e tirado tanto ela quanto dona Maria.

Escorado no corredor ele olhava a porta fechada a sua frente. Sabia que um dos companheiros por ordem do capitão estava na parte de baixo, na janela. A merda estava feita e agora era tomar uma decisão, Shanks precisa tomar uma decisão.

Beckman ajeitou sua postura quando viu Anne sair do quarto, passou as mãos pelo rosto tentando enxugar as lágrimas e ele viu o sangue em sua bochecha, voltou o olhar para seu capitão que estava atrás, a mulher nem sequer o cumprimentou, apenas entrou no quarto da irmã mais nova.

— Capitão.

— Eu sei o que irá dizer Beck. — Shanks o interrompeu. — Vamos partir. — O imediato ficou em silêncio, ele precisava saber da outra parte. — Elas vêm conosco.

— Ela aceitou depois de tudo? — Beckman pareceu surpreso.

— Annelise aceitou quando estávamos na cachoeira, mas ousei tocar neste assunto agora. — O ruivo suspirou. — Mas elas vêm conosco.

— E se não aceitarem?

— Benn, isto é um assunto encerrado, elas virão sim conosco. — E naquele momento o imediato compreendeu, Sally e Anne embarcariam naquele navio por vontade própria ou a força.

Muitos veriam como uma atitude grotesca, um sequestro — o que de fato era. Mas eles eram piratas e piratas não eram gentis. Benn acatou a última ordem do capitão: começar a reunir mantimentos e preparar o navio para partir, eles iriam de madrugada mesmo.

Annelise estava sentindo o peso da culpa, sabia que tudo o que ocorrerá foi sua culpa! Ela era uma imbecil, devia ter escutado sua avó e agora ela estava morta. A mulher simplesmente ignorou o ruivo e correu daquele quarto, nem se deu o trabalho de encarar Beckman a frente do quarto de sua irmã e entrou ali como uma rajada de vento forte que abria janelas e portas.

O estado de sua irmã mais nova a fez cair de joelhos e chorar ainda mais. Sally encolhida no colchão encarou lentamente sua irmã mais velha e ela sentiu um misto de sentimentos: raiva, ódio, medo, tristeza. A maldita dor. Mas ela não hesitou antes de se jogar nos braços de Anne e ali no chão ambas choraram até não sentir mais nada, até o sono vencerem ambas que dormiram com o nascer do sol.

— Capitão... A marinha. — Annelise achou estranho, era a voz de Yasopp.

­— Quantos navios? ­— Ela reconheceu a voz do ruivo e passos ao seu redor.

— Dois navios capitão.

O ruivo gargalhou, ela reconheceu.

— Eles acham que somos uma piada? — O humor sumiu por alguns momentos — Sabem o que fazer.

Foi o estopim; Annelise se levantou em solavanco sentindo a cabeça girar mais que roleta russa, depois de se acostumar com a claridade, olhou o quarto: as paredes de madeira e as cômodas na cor de um vermelho vinho, um enorme espelho e um guarda-roupas, havia uma porta a sua direita e outra bem a sua frente.

Com a mão na cabeça Anne se pôs de pé e olhou para a cama notando só naquele momento Sally ao seu lado, está ainda dormia como um anjinho mesmo com a falação do lado de fora. E dando um passo em direção a porta da frente ela sentiu o quarto girar de repente fazendo-a se desiquilibrar e cair no chão.

Shanks e a Dama da Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora