Cap1: O início de uma fábula real.

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Em uma manhã enevoada e fria, chegando em uma jangada esburacada e quase se afundando no mar branco e calmo, um pequeno lobo-marrom à beira da morte, estava deitado dentro da pequena jangada, envolto em um trapo beje que não esquentava nada naquele clima invernal.

A pequena embarcação guerreira, enfim se viu atracando na areia tranquila e fofa com um leve som.

Da praia, um leve som de passos ecoou e do meio da névoa, saiu um pequeno lobo albino com suas orelhas levantadas em alerta na direção do barco, ele vestia um sobretudo feito de pele de urso, extremamente grande para seu diminuto corpo, o pelo marrom engolindo o ser e fazendo contraste a cabeça branca com um olho azul e outro verde.

-Roca! - Disse uma voz grossa, que quebrou o silêncio daquela manhã gélida. - Não pode chegar aí. Na... -A voz parou e puxou o menino-lobo para a névoa novamente. - Filho, aquilo é um barco estrangeiro, não podemos ir lá, não sabemos o que tem lá.

-Mas pai... - Disse a voz do garoto, meio cabisbaixa.

-Não. Sabe muito bem que não podemos.

Na mesma hora, a mão do lobo-marrom se moveu se apoiando na lateral do bote, e se levantando com dificuldade, ele se pôs de pé, só este movimento, fez pai e filho se esconderem ainda mais na neve, o pai escondia Roca atrás de si, camuflando o grande casaco que o menino usava.

O lobo marrom então saiu com muita dificuldade do barco, parecendo fraco e exausto, andando a passos lentos e hesitantes com os olhos voltados para o chão, mal deu dez passos e caiu na pedras que cobriam todo o chão.

-Está tudo bem? - Roca disse, indo na direção do lobo.

-Filho, não! - Disse, o pai, em alerta.

Ambos agora eram visíveis, o pequeno lobo pegou o outro pequeno lobo em seus pequenos bracinhos, o pai, agora visível, parecia meio apreensivo, seu pelo era branco como o do filho, possuía olhos marrons claro, ele vestia um colar ornamentado de presas e bolas coloridas, uma camisa azul escura e calças justas do mesmo tecido e cor, segurando na mão esquerda, duas varas, uma extremamente maior que a outra.

-Ele está com fome, pai. O estômago dele está roncando. - Disse o lobo heterocromático, com clara preocupação na voz. - Não podemos ajuda-lo? Ele parece realmente desamparado.

O pai foi de maneira cautelosa até o barco e não vendo nada além da pequena manta beje e esburacada e os buracos da jangada, soube que aquele barco não ia mais para lugar algum.

-Ele realmente parece não ter nada aqui... mas não sei, Roca. Não quero me meter em algo que não sei.

-Por favor, pai. Ele está sofrendo. - Disse Roca, ganindo e abaixando as orelhas, olhando seu pai com um olhar de lobo pidão.

-Ah, detesto quando faz isso, tá, tá bom, Roca, mas se ele causar problemas, o expulsarei na hora. - Disse o pai, cruzando os braços, tentando parecer durão, mas o rosto estava levemente corado e um sorrisinho nascia em seus lábios.

-Claro, pai. - Disse Roca, sorrindo e tentando levantar o outro lobinho.

-Deixa isso comigo, filho. Pode pegar as varas de pesca e os peixes?

-Posso, pai. - Disse o lobinho, indo na direção da névoa novamente.

Fazendo o que lhe foi pedido, Roca seguiu junto de seu pai, ambos seguiram para dentro daquelas espessa névoa matinal, que era iluminada pelo raiar dos primeiros raios solares, eles seguiram para dentro daquela névoa, passando por entre árvores nuas a partir de certo ponto, subindo uma inclinação leve, como o pé de um morro, assim que subiram o suficiente, a névoa ficou fina como a teia de uma aranha, nos dando uma visão geral de onde estávamos, eles tinham subido poucos metros acima do nível do mar, a névoa branca como a neve era brilhante e pairava sobre o mar, o som das ondas quebrando saindo das profundezas daquele pedaço prateado de sonho.

As árvores agora tinham folhas espinhentas e pontudas que iam até e o céu nublado, branco como os pelos de nosso pequeno protagonista, que apesar de alegre, só demonstrava tal sentimento por meio de um sorriso, não poderia arriscar a cesta enorme de peixes que carregava nas costas ou mesmos as varas de pesca, que estavam em seus bracinhos.

Eles andaram mais uns segundos até verem uma oca não muito grande, parecendo camuflada no local sem vida marrom e branco daquele local frio, ambos os lobos entraram na oca através de uma lona de pele. Entrando, eles estavam em um desnível com relação ao resto da oca, que era bem acolhedora, diga-se de passagem, dentes pendurados em barbantes por todo o local, uma lareira no centro de tudo aquilo, dava um calor agradável ao recinto, principalmente pelas três camas que ficavam ao redor da mesma, praticamente coladas nas paredes.

-Bem-vindos. - Disse a voz doce de uma loba-ártica de olhos verdes, vestindo calças justas e um tecido que cobria os seios, vestindo também um colar igual ao do pai de Roca, a mesma parecia cozinhar algo na fogueira, sentada em mais um desnível que acolhia o fogo e mexendo na pequena panela que ficava acima do fogo, um sorriso tão caloroso quanto o fogo aparecendo em seus lábios, mas sumindo para dar lugar a uma expressão assustada mas surpresa. - O que faz com este... pequeno nos braços, querido? Quem é ele, para início de conversa?

-Não sabemos, amor. - Disse o pai. - Encontramos ele em um barco vindo de algum lugar, Roca simplesmente decidiu que queria cuidar dele. Não consegui dizer não.

-Como sempre. - Disse a loba, em um suspiro. - Mas acho que está certo, Roca. O pequeno parece estar faminto e está claramente sujo, posso cuidar da fome, mas não pretendo nada com a sujeira. -Disse ela, sem se mexer do lugar, agora colando o olhar em Roca, que se eriçou um pouco. - Pode cuidar disso, meu bem?

-Claro, mãe. No mesmo lago, né? -Disse Roca, um tanto apreensivo.

-Sim, querido. Mas cuidado, ainda há pouco tempo, você não conseguia mudar de ambiente sem pegar alguma doença. Quando o trouxer de novo, estaremos esperando. - Disse a mãe, com mais um sorriso caloroso.

-Vou quebrar o seu galho só desta vez, Roca. Vou levá-lo lá, mas terá que trazê-lo no braço. - Disse o pai, novamente com uma carranca que não disfarçava sua vontade irrefreável de ajudar o filho.

-Obrigado, pai. - Disse Roca, indo para a cama à direita da entrada. - Tenho que pegar umas roupas para ele, não? Vou aproveitar e tomar o meu banho também.

Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)Onde histórias criam vida. Descubra agora