08

3K 312 163
                                    

Maraisa:

Duas longas semanas se passaram e com ela o dia mais temido por mim havia chego. O dia da minha mestruação, aquele dia em que você fica inchada, com dores no corpo, com dor de cabeça, as vezes enjoada, com fome, sem fome, com raiva, triste, com vontade de morrer, com vontade de viver, com vontade de dormir, com vontade de não dormir, com tudo.


Ajeitando minha saía preta em meu corpo, coloquei uma blusa cropped de pelinhos e calcei um tênis qualquer.

Eu estava com dor, com cólica. Morrendo, quase desmaindo de tamanha era dor, tudo bem, é puro drama. Eu sei, mais o fato é que, as dores musculares, a cólica forte e a leve dor de cabeça, eram reais, eu estava enjoada, sem vontade de viver e para piorar, irritada, frustrada, com vontade de chorar, e de dormir.

— Está com seus remédios ai? — Afirmando que sim para Mamãe, desci do carro após me despedir da mesma.

Entrando no colégio, já avistei Marília saindo da minha sala com minha turma. O que me fez resmungar e querer chorar. —Será que ela vai me obrigar a participar de suas aulas hoje? — Bufando a mesma olhou para mim, mais apenas me ignorou como sempre.

Mordendo meu lábio inferior, segui o pessoal sem pressa alguma. Não estava afim de ir para quadra mesmo, sentindo aquele calor de matar, aquele sol quente se encontrando com minha pele sensível. Choraminguei.

— Carla, eu comprei isso aqui para você. Esses dias andam bem quente, e vejo que o sol machuca muito sua pele, então espero que isso ajude em algo — Vendo a mesma me estender o frasco grande de protetor solar fator 70, peguei um pouco sem jeito.

— É obrigado pelo protetor, eu sei que não participo muito de suas aulas e..

— Maraisa, não quero ser chata e nem nada, mais quero que você participe das aulas, não quero chegar no final do ano tendo que te reprovar em minha matéria.

— Eu sei, mas eu queria dizer que não têm como eu participar das aulas hoje, eu juro que não é desculpinha alguma, mais é que estou naqueles dias, e..

— E nada Maraisa, sua mestruação não vai lhe impedir de participar de minhas aulas. No antigo colégio em que eu lencionava, as garotas abriam espacate até mesmo usando O.B. — Revirando meus olhos como se aquilo fosse grande coisa, ela me fitou esperando que eu fosse me trocar.

O fato é que eu não uso O.B e sim absorvente normal, o que é bem fácil do sangue se deslocar para qualquer lado.

Tirando minha roupa e colocando o uniforme, sai do vestiário prendendo meu cabelo. Marília apenas me olhou e eu passei pela mesma lhe ignorando.

— Amiga, porque você está aqui? Você não está naqueles dias? — Naiara me interroga e eu apenas reviro meus olhos.

— Ela está pouco se importando isso, deve achar que eu uso O.B, porque tocou nesse assunto sobre suas antigas alunas de espaguetes.

— Besta. — Rindo começamos a jogar vôlei, o que não é nada fácil de jogar, quando se está com cólica e dores no corpo.

— Eu estou cansada e morrendo de dor. — Resmungo baixo perto de Naiara, que me olha com cara de dor.

— Te entendo amiga, sinto sua dor daqui. — Rindo de sua idiotice, desisti de jogar e estava indo para o vestiário.

— Maraisa a aula não acabou.

— Mulher, nem morrer em paz eu posso? Eu estou inchada, com minha vagina sagrando, com meu útero do tamanho de uma bola de futebol e você está preocupada com minha nota do final do ano? É sério isso. — Digo me virando para a mesma, a qual estava vermelha parecendo um pimentão.

— Primeiro não fale assim comigo, eu sou sua professora, sua educadora, sou mais velha que você e exijo respeito. Não me importo se você está mestruada ou não, isso não justifica em nada o fato de você não querer participar de minhas aulas, se está com dor, toma a droga de um remédio, se o absorvente está cheio, troca por outro, só que você vai participar da minha aula — Sentindo suas mãos apertarem meus braços, ela só me soltou quando pareceu se acalmar.

— Eu quero que você volte para a quadra agora Carla — Me pede calma e eu apenas faço o que ela manda sem dizer mais nenhuma palavra se quer.

Marília:

Respirando fundo assim que Maraisa saiu do vestiário, vi o pote de protetor solar jogado em cima de sua bolsa intacto, ela nem se quer usou o mesmo.

Saindo do vestiário, a mesma estava sentada na arquibancada olhando para algum ponto qualquer. Eu devo ter pegado muito pesado com ela, mas o que eu posso fazer se ela me tira do sério? E eu com isso que ela está sangrando pela suas partes íntimas, e que seu útero está do tamanho de uma bola de futebol.

Não entendo muito disso, até até porque por problemas na gravidez de Mamãe, eu acabei nascendo com um membro masculino. Não que isso seja ruim, eu adoro o que tenho, amo meu corpo. Já ouvi muito minha mulher reclamar, minhas amigas reclamarem e muito desses tipos de dores. Maiara era uma delas, hoje em dia suas dores são menos intensas. Será que Maraisa têm dores intensas como minha amiga?

— Argh! Eu sou tão idiota, ela é só uma criança, eu deveria ter mais cuidado. E se ela acabar passando mau?



....

Sweet MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora