Às luzes da cidade...

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*Maxwell O'Conell*


Não sei se foi uma boa ideia planejar esse jantar, mas estou confuso a respeito de meus sentimentos por Megan, quero ter certeza do que sinto e creio que tentar conhecê-la melhor é o melhor a ser feito. Estamos em um dos lugares mais lindos de Veneza, só ela e eu neste yacht, num lugar paradisíaco e vê-la extasiada desta maneira... Nem a lua que nos ilumina consegue ser tão linda quanto ela.

- É tudo tão iluminado... Parece que estamos perto das estrelas. – Megan diz olhando as luzes da cidade que refletem na água.

- De fato muito lindo... – Digo olhando para ela.

Nos sentamos na mesa que mandei providenciarem e começamos nossa refeição. Eu pedi que um chefe preparasse nossa comida antes de ir, pois quero levá-la para andar por aí depois.

- Já andou de barco alguma vez antes de vir para cá? – Eu pergunto.

- Nunca... na verdade nunca fiz muitas coisas... – Ela diz com um olhar meio triste.

- Tem algum motivo para isto?

- Bem, você já deve saber, mas eu sou órfã. Eu era criança quando fui adotada... Estava feliz por conseguir ir para uma família, pensando que seria amada, mas nem sempre a realidade é da maneira que queremos e imaginamos...

- Eu não sabia que era adotada, mas como assim? Sua nova família não te tratou bem?

- Não é assim, eles me proveram tudo que eu precisava para sobreviver, mas nunca fiz parte da família de verdade... – Ela faz uma pausa, tentando pensar se deve ou não falar sobre isso comigo, então coloco minha mão sobre a dela, lhe dando espaço e ela continua. – Meus pais adotivos são ricos, me adotaram como forma de mostrar sua benevolência. Eles têm uma filha, que me odeia inclusive, ela faz tudo que pode para me menosprezar, mas depois de tantos anos, aprendi a lidar com seu estilo de megera.

Eu solto uma risada e Megan acaba rindo também, eu nunca soube que ela passou por tudo isso... Minha infância foi maravilhosa graças aos meus pais, mas Megan desde criança teve muitas dificuldades... Acho que agora consigo entender um pouco o motivo de sua insegurança.

- Você mantém contato com eles? – Eu pergunto curioso.

- Não, eles me ligam quando precisam de algo, mas nunca querem saber como estou... Recentemente até me fizeram uma proposta maluca. – Ela diz, olhando para as mãos, pelo jeito é um assunto delicado.

- Se quiser, pode me falar... Você não deve saber, mas sou ótimo dando conselhos. – Digo de forma convencida e ela da um sorriso.

- Acho que talvez você possa me ajudar mesmo, é algo que você entende, eu acho. Meu pai adotivo, John, convocou uma reunião em família antes de eu vir à Itália, para nos dizer que resolveu fazer de mim sua acionista majoritária na empresa. De acordo com ele, eu me mostrei capacitada, diferente de Agatha, sua filha biológica. Não posso culpá-lo, Agatha nunca se interessou em nada, sua vida é ir em festas e eventos, mas eu sempre busquei estudar, não queria depender mais deles, por isso me mudei para Seattle.

- Nossa, isso foi... não sei nem o que dizer, você deve ter sido pega de surpresa, eu imagino... Sua mãe e irmã reagiram bem sobre tudo isso? – Eu digo surpreso.

- De jeito nenhum! Mary me ligou hoje de tarde pedindo para eu recusar a oferta, mas nem eu sei se devo aceitar mesmo...

- Se quer saber minha opinião, acho que deveria aceitar a oferta! Depois de toda essa dificuldade, agora é sua recompensa. Não será fácil, mas nada é, você já é super qualificada, tenho certeza de que você ficaria melhor no trabalho que qualquer um. John tem bons olhos pelo jeito, não conheço esta tal de Agatha, mas uma pessoa que sobrevive às custas dos pais, não tem muito futuro. – Eu digo e Megan ri, acenando com a cabeça, dizendo que pensaria bem ao respeito.

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