Meus segredos...

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Meus segredos...

*Maxwell O'Conell*

Respiro fundo tentando acalmar minha mente e minha ansiedade que está crescendo desde que Megan disse o nome de Lindsey, não sei se estou realmente pronto para esta conversa. Nunca conversei de verdade sobre isso com alguém e quem diria que a primeira pessoa seria Megan.

- Bem, um dia você teria que saber ou acabaria sabendo disso de alguém, mas quero te contar eu mesmo, para que não haja qualquer mal-entendido. – Digo, arranhando a garganta, já me sentindo seco, pois é um assunto delicado. – Como disse anteriormente, cresci nessa casa com minha família e Lindsey era uma vizinha que morava nesse mesmo condomínio, sua mãe acabou se mudando após o ocorrido. Enfim, enquanto crescíamos e estudávamos juntos, quando ela tinha 15 e eu 17 anos, juramos que casaríamos um dia, pois éramos apaixonados um pelo outro. Eu sempre a amei e já era uma certeza que passaria minha vida com ela, quando fiz 21 e ela fez 18, a pedi em casamento e ela disse sim. Um ano se passou e já estávamos planejando o casamento e encomendando tudo, quando ela desmaiou e foi levada às pressas para o hospital, na época eu estava aprendendo a gerir a empresa, fazendo faculdade e não soube dela, só soube quando cheguei em casa e corri no hospital quando minha mãe me avisou. – Respiro fundo, as memorias estão voltando rápido e Megan apenas me olha com seus olhos cor de mel, curiosos sobre tudo. – Assim que cheguei no hospital, o médico nos disse que ela tinha um tumor no cérebro e que teria no máximo 2 ano de vida, pois não era operável e o máximo que poderia ser feito, seria adiar o inevitável com quimio, mas só por dois anos...

- Isto é horrível... eu sinto muito Max! – Megan diz e me abraça, sentir seu cheiro me acalma um pouco, mas preciso ir até o fim com isso, se quiser que tudo dê certo.

- Sim, foi horrível, naquele dia eu só consegui beber até cair enquanto chorava para meu irmão Brian, lembro dele me dando um soco e dizendo que agora eu precisaria ser mais homem que nunca e ele só tinha 17 na época, mas sempre foi muito maduro e sábio para a própria idade. Desde desse dia, eu comecei a me esforçar ainda mais, eu ia em todas as sessões, raspei a cabeça junto com ela, mas depois de um ano de sofrimento, Lindsey não aguentava mais passar por aquilo e conversou comigo dizendo que não aguentava mais a dor e sofrimento não só dela, mas de todos ao redor e eu surtei. Surtei pois o amor da minha vida tinha desistido e eu, mesmo sabendo o que aconteceria no futuro, tinha esperanças de um milagre, mas eu perdi meu chão o saber que ela não tinha esperanças e queria acabar com aquilo mais rápido.

- Meu Deus Max, não sei o que te dizer sobre isso. – Megan diz, já chorando e pela primeira vez percebo que mesmo lembrando de tudo isso, não estou chorando, dou um breve sorriso triste e continuo.

- Eu perdi o chão naquele momento, sai daquele hospital e fui num bar encher a cara, me odeio por isso, deveria ter ficado com ela e dito que tudo ficaria bem, mas fui um imbecil. Fui encher a cara feito um idiota... Naquela noite, Lindsey acabou falecendo devido uma hemorragia e não conseguiu sobreviver na cirurgia, enquanto eu estava num bar enchendo a cara! Foi minha culpa, provavelmente ela ficou tão chateada comigo, que até piorou sua condição... Sou um covarde fodido, que não teve bolas. Depois desse dia, eu prometi a mim mesmo e pra Lindsey que nunca me apaixonaria ou casaria com ninguém.

Megan está em silencio, consigo escutar seu choro baixinho, limpando suas lagrimas no braço, tentando se conter. Nessa altura também não estou bem, mas ver ela aqui comigo, me dá forças para conseguir me manter em pé... O amor é uma coisa doida, não conheço ela a tanto tempo, mas já sinto uma conexão como se eu conhecesse a anos.

- É por isso que disse que estava resolvendo algumas coisas, minha família diz que não é minha culpa e que eu não poderia saber, mas sinto que sou culpado por tudo. Antes não conseguia me ligar a ninguém romanticamente, além de sexo por uma noite, mas com você está sendo diferente, comecei a sentir coisas que não sentia a anos e até me odiei por me sentir assim... Acabei lendo uma carta que Lindsey me deixou a mais de 10 anos atrás e na carta ela não me culpava por nada e seu único desejo era que eu seguisse minha vida e amasse alguém, tivesse uma família e vivesse o máximo que eu pudesse, que ela estaria me vendo lá de cima. – Termino de contar e sinto a lagrima sair e rolar por minha bochecha, depois de dizer tudo que estava segurando a tanto tempo, sinto uma parte do peso saindo dos meus ombros. Megan passa a mão gentilmente pelo meu rosto absorvendo tudo que contei e tentando controlar suas próprias lagrimas enquanto tenta me consolar.

Coloco a mão sobre sua, sentindo o leve tremor e calor que ela transmite, a puxo para mais perto e dou um abraço apetando, a sentindo nos meus braços e escutando sua respiração me acalmando a cada inspiração e expiração. Não sei quando começou, mas agora Megan é minha ancora, a ancora que me mantem vivo de verdade.

Ficamos abraçados por um tempo e Megan se retira para se recompor, para então conversarmos de verdade sobre isso, após ela absorver tudo que eu disse. Assim que ela sai, alguns minutos se passam e escuto um farfalhar de folhas perto e vejo meus irmãos, Brian e Richard vindo em minha direção.

- Porra! Não acredito, vocês estavam ouvindo tudo? Que merda. – Digo quando percebo os olhos vermelhos dos dois.

- Fico feliz por você finalmente ter se aberto irmão, de verdade estou feliz. – Diz Brian me abraçando forte.

- Finalmente cresceu, parou de ser um molequinho e agora virou um homem crescido! Já estava na hora de cair na real. – Richard fala me dando uma cotovelada, mas consigo notar ele fungando, é um fodido mesmo.

- Vocês são dois fofoqueiros, isso sim, deveriam ter metido o pé quando me viram com Megan aqui. – Digo, mas no fundo estou feliz pelo suporte dos dois.

- Então, namorados hein? – Richard zomba e me arranca uma risada sincera.

- É, parece que sim, se ela me aceitar primeiro. – Digo, pensando que ainda existe a possibilidade de Megan não aceitar, mas ela não vai ter muita opção, sei ser convincente quando quero e serei muito persistente com ela.

- Bem, boa sorte com isso, agora vai atras da sua garota que daqui a pouco vamos cantar parabéns e depois vou contar as boas novas para todos com Sofia. – Brian diz começando a se afastar, me dando um último tapinha no ombro. 

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