ꕥ Capítulo 42

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Zípora Narrando

Minha noite poderia ficar pior? O meu namorado disse que não iria consegui chegar no bar às onze horas, que iria atrasar um pouco por causa do trânsito e o pai dele estava doente então, ele tinha que ir primeiro em uma farmácia que fica distante da casa dos pais dele.

Eu estava sentada em uma cadeira no canto do bar, analisando o pequeno papel onde estava escrito a desgraça dos dois códigos que não faço ideia do que significam. Olho na direção da entrada do bar e semicerro os olhos... é oficial, a minha noite acaba de ficar pior.

Tanto bar na cidade e esse ser resolveu vim logo aqui? Iria colocá-lo para fora mas infelizmente acabei lendo a mente dele e também sentindo uma tristeza vindo dele, uma tristeza que ele escondia de todos a sua volta mas eu conseguia sentir.

"Hoje eu irei beber até o dia amanhecer."

Foi o que ele pensou, e eu vi ele se dirigi ao balcão e pedir por uma bebida. Ele usava uma bermuda jeans na cor branca e uma camisa na cor cinza... queria muito poder dizer que ele é feio, mas ele não é nem um pouco.

Ele não parava de pensar em uma tal de "Pilar" e no quanto sentia falta dela, ele se culpava pela morte dela e por um momento eu pensei "será que era o amor da vida dele?"

Mas não, quando ele tocou no meu pulso acabei tendo acesso as lembranças dele com essa Pilar e... o que eu não esperava era que Pilar, fosse uma criança que Ramiro amou muito e sofreu quando a perdeu.
Não quis saber o que aconteceu com a criança mas acabei vendo e foi nesse exato momento que ele afastou sua mão do meu pulso, fazendo assim com que tudo que eu estivesse vendo se tornasse apenas um borrão.

— Eu não deveria me preocupar com você, mas você está se sentindo bem? — Ele perguntou.

— Estou.

Abri os olhos e voltei a olhar para ele.

— Ótimo, se quiser beber alguma coisa é melhor pedir agora porque irei te contar o motivo para eu querer me embebedar hoje.

Mesmo agora eu já sabendo o motivo, iria ouvi-lo mesmo assim.

Me sentei no banco perto dele e apoiei o meu cotovelo no balcão, olhei na direção da entrada do bar e nada do Leandro.

— Está esperando por alguém?

— Estou sim, mas provavelmente não irá chegar agora então... eu irei ficar aqui e te ouvir — Digo voltando a olhar para ele que já estava me olhando, na verdade, parecia estar me admirando. — Eu estou linda hoje, não é?

"Linda ainda é pouco... espera mais que tipo de pensamento absurdo é esse?"

Quis ri mas consegui me conter.

— Já te disse que você é convencida?

— Sim playboyzinho, você já disse — Dou um sorriso fechado. — Tudo bem, agora sou toda ouvidos.

Estava dando uma chance a ele, ele era um playboyzinho idiota porém, depois que acabei tendo acesso as memórias dele... percebi que ele era uma pessoa que havia sofrido muito no passado.
Não vi nada sobre o passado dele mas em uma de suas lembranças, eu o vi chorando muito dentro de um banheiro, lembrando de Pilar e ao mesmo tempo se comparando com o seu pai, que não era uma boa peça.

— Há oito anos atrás eu tive uma filha, o nome dela era Pilar... ela era tão esperta e alegre. Não sabia se ela havia puxado a mim ou a mãe dela, a mãe dela e eu nunca fomos um casal e nunca nos amamos, só nos divertíamos e ficava por isso mesmo. Até que um dia nos descuidamos e então, veio Pilar... que aos quatro anos já era uma garota muito esperta e adorava me fazer rir. As vezes eu fingia que estava triste só para ver o que ela iria fazer, e ela conseguia me animar mesmo eu já estando feliz por tê-la ao meu lado. — Ele disse dando um sorriso fechado e eu imaginei o quanto ele era apegado a filha dele.

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