A Delegada (Malila)

23

Pov Marília

Ela clicou em um pequeno tablet que tinha no carro e apareceu uma senha, ela digitou e logo o carro funcionou, o carro que Luísa estava foi na frente e Maraisa acompanhou.

— Muito esperta. – Falei e ela me fuzilou com um olhar.

— Não fale comigo Marília!

— Carla que inferno.

— Você me deixou sozinha e ainda roubou meu carro, tem noção do quão chateada com você eu estou?

— Primeiro que eu sai a trabalho, e segundo que eu só peguei seu carro emprestado. – Falei e Maraisa riu.

— Juro que tentei não ri do "sai a trabalho"

— Vai se foder Maraisa.

— Estaria fazendo isso se você não fosse uma babaca. – Ela falou e eu me revoltei.

— O que você queria que eu fizesse?

— Porque não me acordou?

— Está brava porque te deixei sozinha?

— Não te quero mais no meu apartamento, deixarei ordens claras para chamarem a polícia se você aparecer por lá.

— Você sabe que eu vou aparecer, e não precisa mandar eles chamarem a polícia, vou no seu apartamento justamente atrás dela.

— Se você aparecer eu não vou pensar duas vezes antes de te prender.

— Tenho ótimas recordações da prisão.

— Já dei o seu recado.

— Você está criando sentimentos por mim, e está procurando uma forma de se livrar disso.

— Você está muito enganada.

— Não está procurando uma forma de se livrar de mim então? – Falei tocando na coxa dela e apertando, mas logo senti um cano gelado tocar minha mão.

— Não estou criando sentimentos por você.
– Ela falou e pressionou a arma contra minha mão, retirei minha mão a coxa dela e me ajeitei no banco. 

— Porque sempre que está chateada comigo você me bate ou aponta uma arma pra mim? Deveria descontar suas raivas em sexo, é mais saudável. – Falei a desafiando.

— MARÍLIA CALE A PORRA DESSA BOCA. – Ela gritou e eu quis rir, era incrível como minhas frases causavam efeitos nela.

— Foi só uma proposta.

— Se eu fosse descontar as raivas que tenho de você em sexo, com certeza não seria com você.

— A não Isa? Prefere transar com aqueles muleque que você pegava que nem conseguem te fazer gozar?

— Nunca fiquei com nenhum muleque, e você não é ninguém para dizer com quem eu devo ou não me deitar.

— Eu não estou dizendo com quem você deve ou não, eu estou afirmando que sou a única que você e seu corpo deseja e que te satisfaz.

— Você está louca Marília, só transamos duas vezes, você está muito confiante.

— Eu não vou te procurar no seu apartamento, eu vou esperar você me procurar.

— Espere sentada. – Ela falou estacionando o carro em uma vaga do presídio.

— Vou esperar transando com outras pessoas. – Falei e abri a porta do carro já saindo do mesmo. Percebi Maraisa quase correndo para me acompanhar.

Assim que cheguei no portão da prisão o segurança que me deu umas porrada me barrou. Otário.

— Deixe ela passar agente May, Roberta Alvez e Lauana Prado devem estar chegando por aí, a acompanhem até minha sala. – Ela falou e o cara me encarou de cima a baixo com cara de poucos amigos, ele saiu da frente e eu entrei ao lado de Maraisa, dessa vez ela passou na frente e eu apenas a segui.

— Já estava com saudades dessa sala. – Falei assim que entrei e me joguei em uma das cadeiras. Maraisa foi até a mesa dela e guardou a arma na gaveta.

Ela resolveu me ignorar caminhou até uma garrafa de café e serviu uma xícara.

Eu observava cada movimento que ela fazia, Carla caminhou até a mesa novamente e se sentou de frente para mim.

Olhei melhor a sala dela, era incrível como Maraisa era organizada, toda oposta a mim, em cima da mesa dela vi a mesma foto que tinha no apartamento, duas crianças de olhinhos puxados.

— Quem são as crianças da foto? – Perguntei curiosa.

— Você não pode ficar calada? Eu e minha irmã. – Ela falou seca.

— Não sabia que você tinha irmã.

— Já te falei que você  não sabe muita coisa sobre mim Mendonça, essa é a última lembrança que tenho dela. – Ela falou encarando a foto.

— O meu Deus, ela faleceu?

— Ela desapareceu, se perdeu do meu pai quando era criança. – Maraisa falou viajando.

— Sinto muito.

— Por isso entrei pra polícia, achei que seria mais fácil de procurar, ou ter alguma informação mesmo depois de tantos anos. Minha família não tem mais esperanças de encontrá-la, mas eu tenho.

— Como é o nome dela?

— Maiara. – Maraisa falou e eu arregalei os olhos, puta merda, será? Eu perdi a voz, Carla continuava viajando em pensamentos, ouvi a porta abrir e Roberta e Lauana entraram.

— Já está com saudades da gente Carlinha? – Lauana falou se jogando de qualquer forma na cadeira, já Roberta foi até a garrafa de café dela e serviu uma xícara.

— Porque intimou nossa ilustre presença delegada? – Alvez falou e tomou um gole de café. — O café está ótimo.

— Quero detalhes do que vocês já sabem.

— Carla você mandou a gente resolver o caso, estamos fazendo isso, é tudo que você precisa saber. – Roberta falou e se sentou na última cadeira vazia.

— Alvez vocês não podem sair cometendo o dobro dos crimes de vocês pra resolver um caso policial.

— Não cometemos crime algum, só roubei uma carga que era minha por direito.

— Roubaram meu carro.

— Marília só pegou emprestado.

— O que vocês descobriram Roberta?

— Ontem eles fizeram um transporte do moleque, olha que legal, o pirralho tá vivo. – Alvez falou fingindo uma falsa animação.

— Porque vocês não comunicaram a polícia?

— Porque a polícia já nos mandou resolver o caso. E se você não tivesse travado o carro que Marília estava a gente talvez tinha conseguido recuperar o pirralho, perdemos eles de vista na perseguição.

— Não venham colocar culpa em mim, eu entreguei carros a vocês, não mandei vocês roubarem o meu. E porque diabos vocês tiraram os rastreadores? Eu deveria mandar vocês direto pra uma cela agora mesmo.

— Faça isso e vá você correr atrás da JAGUAR, porque os caras são uns fantasmas, boa sorte. – Roberta concluiu e Maraisa a olhou com ódio.

— Vão embora, saiam da minha frente. – Ela falou e girou a cadeira, ficando de costas.

— Até logo Carlinha. – Roberta falou e abriu a porta se retirando ao lado de Lauana.

— Seu carro é ótimo. – Falei com deboche e sai atrás de Alvez e Prado.

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