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Pov Marília

Se eu queria ter certeza se Maiara era realmente a irmã de Maraisa, eu ia ter que abrir o jogo pra ela. Eu queria tanto estar certa, imagino a felicidade que Maraisa ficaria de enfim encontrar a irmã dela, mesmo a Maiara sendo envolvida com roubos e falsificações ela é uma garota muito especial, me pergunto o que ela seria se fosse criado pela família de Carla, ela é tão bem educada e inteligente, talvez Maiara fosse formada e tivesse um cargo tão elevado quando o dela ou estivesse se formando já que ela tem apenas 19 anos.

— Lila? Estou esperando uma resposta. –
Maraisa falou e se sentou do meu lado.

— Maraisa eu não tenho certeza, mas eu posso ter encontrado sua irmã. – Falei e vi duas lágrimas escorrer dos olhos dela.

— Não brinca comigo Marília.

— Jamais faria isso, eu não tenho certeza se ela é sua irmã, não tem como eu ter certeza, mas se eu preciso tirar essa dúvida é abrindo o jogo com você. – Falei e segurei a mão dela.

— Me fale.

— Eu vivia sozinha no galpão, era um lugar sujo e nada agradável de se morar, ainda mais sozinha, na época eu tinha uns 17 anos, eu fazia pequenos roubos apenas para conseguir me alimentar, então com alguns dias Rosa chegou na minha garagem, e eu fiquei com medo , porque era o único lugar que eu tinha pra morar, tive medo dela me roubar minha única moradia, mas ela também estava sozinha, então no fim eu e ela passamos a morar juntas, Rosa era mais velha que eu e ela começou a me ajudar com os pequenos roubos, depois a gente encontrou a Jessie, ela tinha apenas 10 anos, e aí encontramos o Henrique com a Luiza, eles viviam juntos na rua, começamos a arrumar o galpão e o transformamos no que ele é hoje. – Comecei a contar desde o início Maraisa apenas ouvia tudo atentamente.

— Eu nunca vi nenhum dos seus amigos perfeitamente eu acho.

— Continuando, um dia eu estava andando na rua e eu encontrei uma garota, ela estava chorando escorado em um poste, mas ela não parecia uma garota de rua, então eu fui falar com ela, ela me falou que os pais dela tinham morrido e que agora era moradora de rua, eu fiquei com muita pena e o levei para o galpão, Rosa não quis aceitar mais uma adolescente naquele lugar, os roubos não tava dando ao menos pra gente se alimentar, então ela foi falar com a garota e descobriu que ela era foda em computação. – Eu falava e Maraisa voltou a chorar.

— É ela? Mas como? Quando Maiara sumiu ela tinha apenas 4 anos.

— Eu encontrei ela com 14. Eu tinha visto a sua foto com ela aqui no seu apartamento, eu quis conhecer aquele rosto de algum lugar, mas eu não dei muita importância, então eu vi a mesma foto na sua sala no presídio novamente e você me contou toda história. Quando eu cheguei em casa fui conversar com Maiara, ela me falou que tinha se perdido dos pais quando era criança, então uma família o adotou, quando eu a conheci ela tinha acabado de perder a família adotiva em um incêndio, ela escapou pela janela do quarto, a casa dele pegou fogo.

— É impossível ela ter sido adotada, o rosto dela tava em todas as listas de crianças desaparecidas, meu pai investiu o maior dinheiro em campanhas, ofereceu dinheiro para qualquer pista.

— A família nunca o adotou legalmente, ela nem ao menos tinha um documento de identidade, ela tinha aulas particulares, e pelo que Maiara falou ela vivia em casa, talvez com a cara enfiada em um computador.

— Eu não acredito, que filhos da puta. – Maraisa falou e o rosto dele estava banhado em lágrimas.

— Por isso ela foi pra rua depois do incêndio, ela não tinha provas que era filha daquela família. Mas Carla, eu posso estar enganada.

— Você tem alguma foto dela?

— Só um minuto. – Falei pegando meu celular e abrindo o Instagram dela.

— A meu Deus... – Maraisa falou com os olhos cheios de lágrimas e passou o dedo na tela como se estivesse alisando o rosto de Maiara.

— Acha que pode ser sua irmã?

— Eu tenho certeza que é minha irmã. Maiara Carla, esse o nome dela?

— Da pra você não derrubar esse documento dela? É meio que o oficial. – Falei com uma careta.

— É falso esse documento? Marília o que Maiara faz? Se ela participasse dos roubos com vocês eu tinha a ficha dela.

— Ela é falsificadora e hack.

— A meu Deus, ela falsificou esse documento? A sua advogada era minha irmã, Deus eu não acredito que ela me fez de idiota tantas vezes.

— Ela é ótimo. Como você tem certeza que é ela?

— Espera um minuto. – Maraisa falou e saiu, logo ela voltou com uma foto. 

— Pra mim ela continua o mesmo bebê. – Maraisa falou sorrindo pra foto.

— Eu posso falar primeiro com ela sobre isso e convencê-l a fazer o teste de DNA?

— Sim, não quero assusta-lo. Obrigada Lila. – Ela falou e me abraçou.

— Podemos comer agora?

— Perdi o apetite.

— Perdeu nada, precisa se alimentar Carla. – Falei e me levantei, peguei um suco na geladeira e servi para nós duas.

Ela tinha terminado de fazer os dois lanches naturais e eu coloquei o prato de frente a ela.

— São quase 4 horas, que horas é o enterro da primeira dama?

— De 10 horas.

— Ótimo, da pra gente dormir ao menos umas 5 horas, eu tô exausta. – Falei e peguei um dos lanches.

— Acho difícil eu conseguir dormir depois de tudo que você me falou. Fico imaginando o tanto de coisas que minha irmã passou, se adaptar a uma nova família, depois perder ela novamente e quase ser morta em um incêndio, e também tudo que ela passou com vocês. Mesmo não sendo a forma que gostaria que Maiara tivesse sido criada, obrigada por ter cuidado da minha irmã. – Maraisa falou segurando minha mão.

— Carla você não sabe se é realmente ela, não quero que você fique criando expectativas.

— Não se preocupe, eu estou feliz, mas eu também sei que posso estar enganada, mas Marília, ela se parece tanto com Maiara, tem o mesmo nome, e a história parece se encaixar.

Terminamos de comer os lanches e lavamos a louça que sujamos, depois fomos para o quarto, Maraisa parecia inquieta e eu não conseguia dormir com ela se mexendo freneticamente.

— Você precisa dormir Isa.

— Não consigo.

— Vem aqui. – Abri meus braços e Maraisa se deitou no meu peito, comecei a fazer carinho no cabelo dela, e no fim quem acabou dormindo fui eu.

A Delegada (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora