31. as my memory remains but never forgets what i lost

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Na semana seguinte, Jimin perguntou a Jungkook se podia ir até o apartamento para conversarem. Sem demora, ele respondeu que era "claro que sim", que Jimin deveria usar sua chave e ficar à vontade. E assim o Ômega fizera.

Por mais que preferisse adentrar naquele espaço com a presença do outro, que parecia, mais do que nunca, o único proprietário do espaço, o tempo estava particularmente frio e quanto mais tarde saísse de casa, pior seria para Jandi. Então, Jimin chegara bem antes do horário que o Alfa costumava chegar no trabalho. Os passos para dentro do apartamento eram hesitantes, ainda mais quando o cheiro dele parecia mais forte agora que havia se desacostumado a conviver com ele. Um suspiro pesado escapou por entre os lábios cheios e entreabertos quando colocou a menina no chão e observou-a engatinhar rapidamente para a sala de estar. Jimin não deixara de se impressionar com a destreza e velocidade da filha em cursar aquele trajeto, como se tivesse sentido falta de estar ali.

Intercalando sua atenção entre o que a filha fazia explorando a sala e o estado do apartamento, Jimin percebeu rapidamente que o espaço estava impecável. Limpo, organizado, quase como se ninguém morasse ali. O que era, inegavelmente, surpreendente. Não esperava que Jungkook conseguisse manter a ordem por tanto tempo e só conseguia imaginar que deveria ter contratado alguém para fazer aquele trabalho.

Os pés cobertos pelas meias brancas seguiam pelo piso de madeira como se tivesse receio que qualquer passada mais forte fosse perturbar alguém. Mas não havia ninguém ali. Jimin abriu a porta de seu quarto e, como os outros cômodos, estava perfeitamente arrumado, intocado. Parecia completamente sem vida, apenas um cenário. Algo montado para um ensaio fotográfico de revista de decoração. Era incômodo de olhar, por isso fechou a porta e seguiu para o cômodo seguinte. Não em ordem direta, porque este seria o quarto das crianças. Que era o motivo pelo qual Jimin estava ali, mas ainda parecia terrivelmente complicado de encarar. Então, decidiu evitá-lo por enquanto.

O quarto de Jungkook era a última porta do corredor e estava bem à frente do Ômega. Quando esticou os dedos curtos para alcançar a maçaneta, Jimin sentiu um arrepio atravessar seu corpo. Era o cheiro dele novamente. Naquele cômodo em especial sempre fora forte demais, inebriante. Daquela vez não era diferente. Jimin sentiu-se arrebatado pelo aroma forte e tão familiar, tanto que chegara a ficar zonzo por alguns instantes, o que o obrigara a respirar fundo várias vezes para absorver a sensação e manter o controle sobre si mesmo.

Ali havia vida, sinais de que uma pessoa habitava aquele espaço. E não era pelo cheiro dele, mas o computador em stand by, as roupas em cima da cama, as portas do guarda-roupa que não estavam completamente fechadas, a toalha úmida na cadeira da escrivaninha, o livro aberto no móvel ao lado da cama. Não era uma enorme bagunça, não era sinal de desleixo, talvez de uma noite inquieta e uma manhã agitada. Um sorriso repuxava os cantos dos lábios de Jimin quando deu às costas apenas para que pudesse checar o que a filha fazia. Jandi estava completamente entretida destruindo uma das revistas que Namjoon deixou na gaveta inferior do rack. Jimin apressou-se a trocar aquele material pelos brinquedos dela, mas Jandi não pareceu muito feliz. O plano para contornar a situação foi oferecer uma fruta, Jandi parecia muito mais animada com os morangos encontrados na geladeira do que os brinquedos.

Por esse motivo, Jimin encarou o relógio na parede da cozinha e acabou decidindo por preparar o jantar. Era uma de suas tarefas de antes, não teria problema em deixar alguma coisa pronta para Jungkook. Apesar da geladeira cheia, não havia comida pronta e o Ômega sabia que a probabilidade dele chegar cansado e fazer alguma coisa não era muito grande. Então, acabara fazendo comida em maior quantidade, separando tudo em porções, como sua mãe costumava fazer para eles. Em certo momento da vida, imaginara que jamais dominaria aquele tipo de coisa. Aquela organização que era, acima de tudo, cuidado. Mas ali estava ele.

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