love drops

36. you were in the darkness too, so I stayed in the darkness with you

Era ensinado na escola sobre o início de tudo. Sobre o tempo onde Alfas e Ômegas dominavam as florestas, utilizando suas formas de lobo mais do que a humana, por questões de sobrevivência. Era mais prático explorar as florestas, encontrar abrigo, alimento e companhia em sua forma mais forte, mais preparada para a vida selvagem. Há quem diga que naquele tempo existiam lobos que nem mesmo sabiam que podiam se transformar em humanos.

Era uma época mais simples, como o professor de Jimin costumava dizer. Tudo era resolvido na base dos instintos. Um lobo se juntava a uma alcatéia por instinto de que ali seria bem-vindo, acolhido, que teria uma boa vida ao lado dos outros. Dificilmente esse instinto estava errado. Pares eram formados por esse mesmo instinto, tudo definido de acordo com o curso que a natureza que a vida seguisse.

De certo modo, parecia mais pacífico do que o mundo em que viviam agora. Era como era pintado, de vez em quando. Jimin, inclusive, lembrava-se de comentar com Taehyung durante essas aulas se a vida era tão boa quanto faziam parecer. Mas, não. A vida não era tão pacífica ou simples quanto parecia. Afinal, ainda se tratavam de lobos selvagens.

Naquela época também existiam lobos que viviam solitários pelo mundo. Que tinham perdido seus pares ou suas alcateias por algum motivo. Podia ser doença ou briga, um outro predador, acidente. A vida na natureza podia ser bastante imprevisível, afinal. No entanto, ninguém nasceu para viver sozinho. Não naquela ordem onde todos nasceram destinados a encontrar a sua outra metade em algum momento da vida. Não era de se admirar que pudesse provocar a ira daqueles que simplesmente não conseguiam encontrar seu lugar no mundo. Em Alfas mais do que em Ômegas. Eles carregavam consigo essa necessidade de liderança, de ter algo para cuidar, para chamar de seu. Inevitavelmente, resultava diretamente em um tipo de comportamento que era mal visto até mesmo nos tempos mais primórdios: a violência.

Alfas solitários e violentos invadiam acampamentos de alcatéias e deixavam um rastro de destruição até que chegassem ao Alfa responsável pela alcateia. O principal deles era deixar sua mordida sobre a do Ômega, a fim de romper o laço sagrado e enfraquecer ambas as partes, para que não tivessem forças de lutar contra o que viria a seguir. A batalha que precedia a morte do Alfa responsável era inevitável, a mordida de outro Alfa tinha um poder de destruição altíssimo. Carregava em si um veneno ao qual ninguém tinha antídoto. O que sobrava disso era apenas dor e a terrível sensação de incapacidade. Porque os outros não podiam fazer nada além de se curvar ao novo Alfa. E o Ômega, com a morte de seu parceiro e a mordida no novo Alfa, estava preso, sem qualquer poder de escolha sobre sua própria sorte.

Assim, quando a sociedade evoluiu para uma civilização parecida com o que é conhecido hoje, a mordida de Alfas em outros Alfas foi criminalizada, com penas altíssimas, senão uma pena capital. Tão moralmente imperdoável quanto matar, porque se tratava de um crime doloso. Não tinha como um Alfa morder o outro de maneira tão específica, por legítima defesa. Era intencional, era por saber o que podia e iria ocasionar.

Jimin, que nunca tinha visto um caso desses durante sua vida, tão raro que era, entrara em choque ao vê-lo acontecer bem diante de seus olhos. Inevitável ali tinha sido o seu colapso contra o corpo de Seokjin, depois que os paramédicos chegaram para tentar socorrer Jungkook. A consciência perdeu-se em algum ponto entre a realidade e aquele cenário fantasioso no qual se encontrara:

Não podia dizer com certeza, mas parecia um parque. Haviam muitas árvores ao redor, mas o descampado onde estava era limpo, com grama baixa e bem verde. O dia estava tão límpido que a claridade do sol sobre sua cabeça chegava a borrar todo o cenário acima da copa das árvores, impedindo-o de decifrar exatamente onde estava. Seus pés estavam descalços, as roupas sobre o corpo eram simples, brancas e limpas. A brisa era morna e bagunçava seus cabelos com enorme gentileza.