4. the liquor on his lips I just can't resist

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Dentro do Hyundai Creta cinza do primo de Jungkook estava quente. Ele tinha ligado o carro para que o ar-condicionado funcionasse. O rádio também estava ligado, uma rádio que Jimin não conhecia, mas tocava músicas tranquilas, quase como um som ambiente. No entanto, não era diferença de temperatura que fazia Jimin tremer. Agora que os níveis de adrenalina tinham baixado, podia pensar com clareza no que acabara de acontecer e no que poderia ter acontecido consigo se Jungkook tivesse demorado um segundo a mais para aparecer. E só de imaginar, seu estômago revirara em puro desconforto.

Os dois rapazes estavam sentados no banco de trás do carro. Jimin tinha a cabeça baixa, recostada no banco do passageiro a sua frente, enquanto tentava manter a respiração compassada. Jungkook, por sua vez, apenas observava o outro, dando-lhe um tempo para se recompor. Porque só lhe restava imaginar o quão assustado ele poderia estar. Assim sendo, acabara por fazer a única coisa ao seu alcance: tal qual a noite da festa de Sooyeon, na beira da piscina, Jungkook usava de feromônios para tentar acalmar Jimin. Aparentemente, funcionara, porque ele levantou a cabeça um pouco depois. Havia um esboço de sorriso em seus lábios e aquilo já era mais que o suficiente para tranquilizá-lo. Pelo menos um pouco.

— Você está bem? — Jungkook perguntou baixinho, tomando a iniciativa de buscar pela mão do outro e segurá-la entre as suas. Jimin suspirou audivelmente e então assentiu em resposta antes de buscar pelo olhar do mais novo. — Quer ir para casa?

— Não! — Jimin apressou-se a responder, sustentando o olhar de Jungkook. Soara muito mais enérgico do que pretendera, por isso não fora surpresa alguma que aquela onda de calor tenha subido por seu corpo, diretamente para suas bochechas. Por sorte, a iluminação do estacionamento não era forte o bastante para denunciá-lo, mas o instinto fizera-lhe desviar o olhar.

Jungkook não era de abraços. Quem o conhecia, o mínimo que fosse, já podia dizer. Demonstrações de afetos eram sempre complicadas para ele. Ainda assim, deu o seu melhor para não parecer estranho e duro quando puxou o Ômega para junto de seu corpo. Jimin, por outro lado, era absolutamente confortável com contato físico e muito bom com demonstrações de afeto. Por isso, não custara nada para que estivesse virando o tronco afim de encaixar-se naquele abraço, logo circundando os braços curtos ao redor do maior, silenciosamente agradecido. E permaneceram daquela maneira por algum tempo, a melodia vinda do rádio sendo a única a quebrar o silêncio dentro do veículo. Até Jimin sentir Jungkook escondendo o rosto em seu pescoço. Porém, ele parecia ter um propósito em sua movimentação, como ficou claro quando a ponta de seu nariz começou a roçar delicadamente pelo pescoço de Jimin, fazendo-o arrepiar. Com a mesma delicadeza, uma de suas mãos subiu para os cabelos dele em um carinho velado, hesitante.

Com a reação positiva por parte do menor, Jungkook sentiu-se compelido a ir um pouco mais longe: seus lábios deram lugar a ponta do nariz. Completamente ciente do que fazia, Jimin inclinara a cabeça para o lado, dando ao outro mais espaço para trabalhar. E ele não demorou a aproveitar, iniciando uma trilha de beijos úmidos, demorados e pouco espaçados pela pele exposta.

Jimin deveria ter entrado em alerta ao sentir Jungkook roçando os dentes por sua pele, sabia disso. Mesmo que soubesse bem que o outro não faria aquilo. Entretanto, não conseguia impedir que sua mente divagasse sobre como seria se ele o mordesse, se o marcasse como seu para o resto da vida. Qual seria a sensação? Doeria? Como seria a vida depois disso? Traído por seus instintos lupinos, sentira uma ansiedade enorme tomando-lhe o peito, algo que beirava o desespero, mas era misto de excitação. Um desejo profundo e certeiro de que era aquilo que queria e aquilo que precisava buscar naquele mesmo instante.

Acabara por afastar o rosto, só o bastante para que pudesse fitar o rosto de Jungkook, que parecia ligeiramente confuso pela reação repentina. As mãos de dedos pequenos de Jimin subiram para o rosto do outro, segurando-o ali enquanto pressionava seus lábios contra os dele. Uma, duas, três vezes. Demorando-se mais a cada uma delas. Então, seus olhares se encontraram por um breve momento, o bastante para que Jungkook encontrasse a resposta de todas as suas dúvidas, sem precisar dizer uma palavra sequer. Logo estavam se beijando tão fervorosamente quanto no ginásio da escola. Todavia, para Jimin, daquela vez parecia infinitamente melhor simplesmente porque não estava surpreso e seus pulmões trabalhavam de maneira mais coordenada. Suas mãos também não tremiam. De maneira geral, conseguira aproveitar a dimensão da situação com maior riqueza de detalhes daquela vez. Ainda que estivesse igualmente entregue. Ter tempo para dedicar-se ao momento também fazia uma grande diferença. Mesmo que tivesse de voltar para casa logo, Jimin não estava minimamente preocupado com aquilo no momento.

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