60. Oliver Cromwell

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— Vêm até o general? — perguntou Mordaunt a d'Artagnan e Porthos. — Ele pediu para vê-los, terminada a batalha.

— Antes levaremos nossos prisioneiros a um lugar seguro.

Esses fidalgos valem, cada um, mil e quinhentas pistolas.

— Não se preocupem — disse Mordaunt, que não conseguia reprimir a ferocidade com que os olhava. — Meus homens os guardarão e farão isso muito bem. Posso garantir.

— Farei ainda melhor — insistiu d'Artagnan. — Aliás, de que preciso? Um bom quarto com duas sentinelas ou a simples palavra deles de que não tentarão fugir. Vou organizar tudo isso e depois teremos a honra de ir ver o general e receber suas ordens, que transmitiremos a Sua Eminência.

— Pretendem então partir em breve? — perguntou Mordaunt.

— Nossa missão se concluiu e nada nos prende mais à Inglaterra, à exceção da vontade do grande homem ao qual fomos enviados.

O jovem mordeu os lábios e disse ao ouvido do seu ajudante:

— Siga-os sem perdê-los de vista. Quando souber onde estão alojados, vá me esperar na porta da cidade.

O sargento fez sinal de obediência.

Assim, em vez de acompanhar a maior parte dos prisioneiros que era levada à cidade, Mordaunt se dirigiu para a colina de onde Cromwell havia observado a batalha e onde estava erguida sua tenda.

O general havia proibido que se deixasse qualquer pessoa se aproximar dele, mas a sentinela, sabendo se tratar de um dos seus mais íntimos confidentes, achou que a proibição não se aplicava ao rapaz.

Mordaunt então afastou a tela da barraca e viu Cromwell sentado à frente de uma mesa, com a cabeça apoiada nas duas mãos. Ou seja, estava de costas para a entrada.

O jovem manteve-se de pé onde estava.

No final de algum tempo, Cromwell enfim ergueu o rosto atormentado e, como se instintivamente tivesse percebido a presença de alguém, devagar foi virando a cabeça.

— Eu disse que quero estar só! — ele gritou.

— Acharam que a proibição não me incluía, general. Se não for o caso, posso sair.

— Ah! É o senhor, Mordaunt — disse Cromwell, desfazendo, como se fosse por pura força da vontade, o véu que cobria os seus olhos. — Já que está aqui, ótimo, fique.

— Vim trazer meus cumprimentos.

— E por quê?

— Pela prisão de Carlos Stuart. O senhor tem o domínio da Inglaterra.

Vinte Anos Depois  (Alexandre Dumas) - Edição Comentada e IlustradaOnde histórias criam vida. Descubra agora