Porthos aproximou-se da janela, pegou uma das barras com as duas mãos, agarrou-a bem, puxou e dobrou-a como um arco, fazendo com que as duas pontas saíssem da pedra em que há trinta anos o cimento as mantinha fixadas.
— Veja só, meu amigo — cumprimentou-o d'Artagnan —, isso é obra que o cardeal, por mais gênio que seja, nunca conseguiria realizar.
— Arranco as outras?
— Não é preciso, essa já basta; um homem pode passar pelo espaço que se abriu.
Porthos tentou, passando o tronco inteiro para fora.
— Pode sim.
— Com certeza. É uma bela abertura. Agora passe o braço.
— Por onde?
— Pela abertura.
— Por quê?
— Logo vai saber. Passe.
Obediente como um soldado, Porthos passou o braço entre as barras.
— Perfeito! — aplaudiu d'Artagnan.
— Tudo funcionou bem?
— Às maravilhas, amigo.
— Bom. E agora, faço o quê?
— Nada.
— Acabou?
— Ainda não.
— Eu queria entender o que está acontecendo.
— Ouça, meu amigo, e com duas palavras vai saber de tudo. A porta do posto está se abrindo, como pode ver.
— Estou vendo.
— Vão enviar para o nosso pátio, que o sr. de Mazarino atravessa para ir à estufa, os dois guardas que o acompanham.
— Já estão saindo.
— Tomara que fechem a porta do posto. Ótimo, fecharam!
— E agora?
— Vamos ficar em silêncio, eles podem ouvir.
— Não vou saber de nada, então.
— Claro que vai, pois, à medida que agir, entenderá.
— Mas preferiria...
— Terá o prazer da surpresa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vinte Anos Depois (Alexandre Dumas) - Edição Comentada e Ilustrada
MaceraAtendendo a pedidos, a Zahar lança Vinte anos depois, a continuação das aventuras de d'Artagnan, Porthos, Athos e Aramis! Com sua inigualável habilidade narrativa, costurando magistralmente história e ficção, Alexandre Dumas delicia o leitor com nov...