Me bateu?

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🚫PS. Alerta gatilho... Esse capítulo contém senas fortes de violência física e psicólogica... Se for sensível, não leia!

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POV: Sarah

Exatamente duas semanas se passaram desde o beijo. E, bom... não é nenhuma surpresa que Juliette tenha me evitado desde então. Todas as formas possíveis, todas as rotas de fuga. Nada de olhares, nada de palavras. Só ausência.

A primeira vez que voltei pra aula e ela não estava lá, confesso... doeu. Tentei disfarçar, manter a postura, fingir que não estava esperando por ela. Mas estava. Meu corpo inteiro estava. Cada passo que eu dava naquela sala me fazia procurar por ela sem querer.

Mas também, o que eu esperava? Eu a beijei... assim, do nada. Invadi o espaço dela, o mundo dela. Ela tinha todo o direito de se afastar. Mas... fugir? Me ignorar como se eu fosse um erro? Isso cortou mais fundo do que eu imaginava.

Agora tenho aula com a Lara. E, olha, nada contra... ela é ótima. Atenciosa, dedicada, paciente. Mas não é a Juliette. E tem dias que tudo o que eu queria era aquele olhar sério, aquele silêncio cheio de presença... só mais uma vez.

Enfim. Mudando de assunto... ontem fiz umas fotos pra uma revista importante. E quando digo "fotos", quero dizer ousadas. De um tipo que exige mais do que só pose: exige coragem. Eu não sabia que teria que posar com outro modelo — corpo colado ao meu, sorrisos ensaiados, olhares intensos. Fui pega de surpresa, mas não tinha como voltar atrás.

A culpa? Foi minha. Não li os termos do contrato direito. E hoje elas serão lançadas. Já estão rodando por aí, provavelmente. Eu, ainda sem coragem de contar pro Lucas.

Ele não veio me buscar hoje. Disse que me esperaria no apartamento. E, no fundo... eu sabia. Sabia que ele já tinha visto. Sabia que a tempestade estava me esperando em casa.

Entrei no prédio e tudo parecia mais quieto do que o normal. O silêncio carregava uma tensão abafada, como se o ar soubesse o que viria antes de mim.

Subi. Cada degrau parecia pesar mais.

Quando entrei em casa... nada. Nenhum som. Nenhuma luz acesa.

Estranhei.

— Lucas? — chamei, mas minha voz soou pequena.

Subi as escadas com o coração acelerado.

E então, ao abrir a porta do quarto... fui puxada com força. A porta se fechou num estrondo atrás de mim.

Um braço me prendeu. Uma mão tapou minha boca.

Meu corpo travou. Mas meu coração, esse explodiu.

Eu conhecia aquele cheiro. Aquele perfume amadeirado forte demais. Era ele.

— Eu avisei pra você não brincar comigo, Sarah! — ele sussurrou entre os dentes, tão perto que senti o calor da sua raiva na minha pele.

E eu... eu estava com medo. Um medo real. Quente. Queimava dentro do peito.

— E-eu não estou brincando... — consegui dizer com a voz tremendo quando ele, enfim, tirou a mão da minha boca. Mas sua outra mão ainda apertava meu braço com força. Doía. E eu sabia que ficaria marcado.

— Você está me machucando... — falei, os olhos já se enchendo de lágrimas.

Mas ele não ouviu. Não quis ouvir.

Se afastou apenas o suficiente para dar um soco na porta, ao lado da minha cabeça.

O som me fez fechar os olhos num susto.

Eu era apenas euOnde histórias criam vida. Descubra agora