Magnético - Tradução

Capítulo 33: Crimes de Guerra

"Estou esquecendo como me odiar , salvei minha própria vida."

-Crimes de Guerra, Parques Aquáticos

A brisa estava fria em suas bochechas. O sol era uma fera caindo sobre eles, derramando uma onda de calor brilhante sobre o asfalto, queimando-os até o núcleo, mas o vento era um alívio; um beijo suave de ar soprou nele.

Seu corpo inteiro parecia um elástico, esticado e pronto para quebrar - um nervo eletrificado em ambas as extremidades - e seus pulmões doíam. O tipo bom de dor, o tipo de dor que o lembrava de que ele estava vivo.

Do outro lado da quadra, Adam segurava uma raquete de tênis como um taco de beisebol.

Foi ideia do Adam, ou do Ronan. Uma combinação de ambos talvez. Eles estavam dirigindo sem rumo pelos arredores da cidade quando o assunto do tênis de alguma forma surgiu e por nenhuma culpa particular dele, eles conseguiram chegar aqui, como se tivesse sido seu destino o tempo todo.

As quadras ficavam nos extensos campos que abrigavam o campus da Aglionby - quadras de tênis, lacrosse e campos de futebol e hóquei, um campo de golfe, pistas de corrida, tudo aberto e convidativo se você soubesse onde procurar. A maioria dos alunos não. Os meninos da Aglionby só viam até o próprio ego e a maioria não se importava em ver os esportes que não praticavam. Não era surpresa que o pátio estivesse vazio, tão vazio quanto os campos que se estendiam ao redor deles. Ronan não tinha certeza se teria ficado de outra forma.

Anos atrás, ele não se importaria de ser visto aqui. Parte de sua alma viveu aqui nesta quadra, saltando de uma ponta a outra com as bolas de tênis. Agora, sua pele se arrepiou com o pensamento de ser visto. Apanhado. Parecia errado. Ele não pertencia mais aqui. Era como se ele estivesse tentando voltar para o uniforme que costumava usar, o Ronan que costumava ser, mas tinha superado a pele velha. Ele era uma fraude, uma falsificação que não podia passar como a coisa real.

Mas quando eles caíram em alguma semelhança com um padrão, batendo a bola para frente e para trás, Ronan se lembrou de como era estar em casa aqui. Ele se lembrava de passar horas com as pessoas que costumava considerar mais do que companheiros de equipe, mas amigos, rindo, brincando, praticando. As mesmas pessoas que o abandonaram; as pessoas que ele abandonou em troca. Isso não era o mesmo, mas era um tipo familiar de diferente.

A bola atingiu a borda da raquete de Adam, desviando para o lado, e ambos observaram enquanto ela quicava em direção à cerca. Um tinido metálico agudo soou quando ele atingiu. Nenhum deles se moveu para recuperá-lo.

"Acho que isso estava fora dos limites", disse Ronan.

Adam apertou os olhos contra o sol. "Sim." Então ele colocou a raquete suavemente no chão, depositando-se não tão gentilmente ao lado dela. "Eu não sabia que tênis era tanto exercício."

"É um esporte", disse Ronan. Ele atravessou a quadra, jogando sua raquete para baixo com a de Adam, pegou a garrafa de água de onde esperava por eles, agora quente do sol. Ele o entregou a Adam e caiu no asfalto ao lado dele. Ele podia sentir a tensão também, sabia que sentiria ainda mais amanhã em suas panturrilhas, seus braços. Isso também era familiar, aquela queimadura de músculos que ele quase esqueceu que existia.

"Por que tênis?" Adam perguntou de repente, afogando a pergunta com um gole de água.

"Nós não tivemos que vir", disse Ronan, uma defensiva crescendo nele. Uma gota de suor desceu pelo pescoço de Adam, abrindo um caminho que Ronan pensou brevemente em tocar. Ele limpou a garganta e desviou o olhar. - Achei que você quisesse.