Encontros

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Meu celular começou a tremer e eu quase o derrubei no chão. Richy se despediu de mim e ficou offline, Jake estava offline e ninguém conseguiu me dar uma só resposta. Já era noite, meus pais estavam terminando de fazer a janta. Eu desci as escadas rapidamente, minhas pernas estavam bambas e o meu coração batia em um ritmo desenfreado. Vi meu pai colocando a mesa e minha mãe do lado dele ajudando:

- Mãe, você pode me emprestar o seu carro?

- Agatha, o que ouve? - Minha mãe me olhou assustada.

- Lembra da menina que desapareceu? Hannah Donfort?

- Sim, querida. Mas, o que aconteceu?

- Encontraram ela, mãe. Eu preciso ir pra cidade. - Fui até ela, desesperada e morrendo de medo.

- Querida, você não acha que já se meteu demais nessa história? - Meu pai chegou perto de mim e tentou me acalmar.

- Um dos meus amigos está ferido, pai. Eu não posso cruzar os braços e ficar esperando. Eu tenho que fazer alguma coisa, entende? - Falei sem parar, tanto que fiquei sem ar.

- Calma, querida. Vamos jantar e depois a gente conversa sobre isso. - Minha mãe também tentou me acalmar.

- Vocês não entendem! - Eu gritei com os dois e me arrependi na hora, mas eu não consegui me controlar - Eu amo vocês, me deixem ir. Eles precisam de mim.

- Amanda, deixe ela ir - Meu pai pegou a chave do carro e me entregou - Quer que eu te leve?

- Não pai, eu consigo. - Por um momento eu me senti feliz por ter conseguido convencê-los.

- Filha, toma cuidado. É quase meia hora nessa estrada de chão. - Minha mãe me abraçou.

- Eu sei. Confiem em mim. - Me despedi deles e sai.


Peguei o carro da minha mãe e sai pela estrada de terra vermelha. Nós morávamos em uma fazenda perto de Duskwood. Ela se chama Golden Village, criamos cavalos e temos um vinhedo. Fabricamos nosso próprio vinho e vendemos para restaurantes chiques na região. Um dos clientes mais próximos do meu pai é o restaurante Cisne Negro, de Duskwood. Eu nasci e cresci nesse ambiente pacato, em meio a natureza e aos animais de porte grande. Eu sou uma ótima Amazona, modéstia parte.

No verão dos meus vinte e dois anos, a minha única preocupação era com a minha égua, a famosa Pandora. Ela é linda, tem uma cor amarela com manchas brancas, suas longas crinas loiras iam até o seu tórax e seus cascos eram perfeitamente cuidados. Super mansa e carinhosa, cresceu junto a mim e nos tornamos amigas. Ela já estava velhinha e eu estava muito preocupada com a saúde dela que estava debilitada. Até que um dia eu recebi uma mensagem muito estranha de um homem da cidade chamado Thomas. Desde então, começou-se um emaranhado de situações boas e ruins. Uma garota da cidade perdida, um hacker misterioso e uma história macabra.

No meio do caminho, fui me lembrando de tudo o que tinha acontecido nesses meses tentando encontrar a Hannah. Eu achava que o Jake fosse o cara que estava envolvido em toda essa história, mas foi revelado que era realmente o Richy. Meu mundo partiu-se em dois, minhas forças se foram na hora em que ele tirou a máscara e revelou sua identidade real. Aquele sentimento de ódio foi embora no minuto em que eu vi seus olhos marejados me pedindo perdão e seu adeus repentino. Enquanto eu dirigia, algumas lágrimas teimavam em cair sobre meu rosto e molhar as minhas bochechas. Eu fiquei com raiva, muita raiva desse final.

Assim que fui me aproximando da Mina, já comecei a ver uma enorme quantidade de viaturas da polícia, FBI, bombeiros e paramédicos. Alguns urubus ( repórteres) também já faziam a cobertura completa do local. Estacionei o carro no meio da estrada e fui correndo até a faixa de contenção. Um policial me barrou antes que eu pudesse passar por baixo dela:

Duskwood - AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora