Sinopse: Agatha resolveu o caso do desaparecimento de Hannah Donfort. Com o desfecho da história ela se vê abandonada por Jake Donfort, que desapareceu repentinamente após salvar Richy Roger da mina. Mas sua vida da um salto quando ela é contratada...
A Agatha saiu daqui antes mesmo de eu acordar. Ela está passando por um momento doloroso, as vezes me sinto impotente, não sei o que eu faço para ajudar e não encontro palavras o suficiente para conforta-la. Isso me fez lembrar da época em que nossa avó morreu, a Jessy ficou muito mal. Até porque fomos criados por ela basicamente, foi um momento muito difícil que passamos e foi decisivo também para a separação definitiva da família. Eu gostava da minha avó, não tanto quanto a Angela e a Jessy, mas gostava. Por ser o irmão do meio e por ser o homem da casa, eu estava ocupado demais me preocupando com trabalho de garçom, que não tive tempo de criar uma relação sólida com a velha. Quando ela faleceu, no auge da sua velhice, eu senti um vazio inexplicável e ver as minhas irmãs sofrendo me fez pensar que eu poderia passar mais tempo com a nossa avó, mas eu não passei. Então, imagino exatamente o que a Agatha está sentindo nesse momento.
Era aniversário do Charlie, então eu ia fazer uma surpresa pra ele. No dia anterior eu tinha comprado um relógio de bolso pra ele, um bem antigo. Comprei num antiquário bem famoso aqui de Duskwood e paguei uma nota por ele, mas eu sabia que o Charlie ia gostar. Quando cheguei ao salão dele era por volta dás 9:30 da manhã, por sorte estava vazio. Encontrei o velho sentado em uma das cadeiras lendo jornal e fumando:
- Charlie, nem tomou o seu café e já está fumando?
- Ora, ora, ora. Phil Hawkins, que surpresa. - Ele apagou o cigarro no cinzeiro.
- Não é nenhuma surpresa, eu sempre venho aqui no seu aniversário.
- Garoto, eu até tinha me esquecido que era o meu aniversário hoje. - Ele riu com aquela voz de fumante.
- Você não está só ficando velho, está ficando demente também. - Ri.
- Veja bem, me respeite seu verme! - Ele me xingou como sempre fazia - Vai querer um cigarro?
- Não, já disse que eu parei com isso a muito tempo.
- Tá certo. - Ele sorriu de canto.
- Seguindo a tradição anual, te trouxe um presente. - Tirei a caixinha do bolso e entreguei em sua mão. Então ele abriu e revelou o objeto prateado.
